O nome pode não ser familiar, mas esta ilha ao largo de Hiroshima é a “casa” de uma das fotografias mais famosas do Japão: o torii flutuante. Para além deste marco arquitetónico, esta ilha tem muitas mais coisas fascinantes para descobrir!
O nome oficial desta ilha é Itsukushima 厳島, como o seu santuário mais importante, mas acabou por ser conhecida mais vulgarmente como Miyajima 宮島, ou “ilha dos templos/santuários”. Acredita-se que esta ilha é sagrada, onde habitam as divindades, daí haver uma importância e reverência especiais dadas a este local.
Para se chegar cá, é preciso apanhar um comboio e viajar de ferry desde a estação de comboios de Hiroshima (cerca de 40 minutos de viagem). Na viagem de barco, somos quase de imediato brindados com a imagem do famoso torii 鳥居, que parece estar assente na água durante a maré cheia. Quando esta vaza, pela tarde, podemos descer à praia e tocar neste grande portão, que na crença xintoísta representa a ligação entre o mundo terreno e o divino.
À chegada à ilha somos de imediato recebidos por habitantes especiais: veados. Tal como acontece no parque de Nara, em Miyajima também vemos à solta por toda a ilha veados semi-selvagens, que coabitam com as pessoas em perfeita harmonia. Apenas há que ter cuidado com a comida que transportamos, pois há o risco de se ser “assaltado” por um veado mais comilão, e não os importunar (afinal, estamos na casa deles).
O principal ponto turístico é o santuário de Itsukushima 厳島神社, como já mencionado. Mandado construir em 1168 por Taira no Kiyomori, está literalmente assente em pilares sobre a água, dando a ilusão de que flutua. É um complexo bastante extenso, que inclui até um palco de teatro noh, tendo sido considerado Património da UNESCO em 1996. O preço da entrada é de 300 ienes (€2,35), ou pode adquirir-se um bilhete combinado de 500 ienes (aprox. €3,90), que dá acesso a este santuário e ao edifício do Tesouro.
Aqui perto encontramos o Senjō-kaku 戦場核, um espaçoso edifício que, como o nome em japonês indica, tem o tamanho de cerca de 1000 tapetes tatami. Foi Toyotomi Hideyoshi que o “encomendou”, em 1587, para que nele se lessem sutras em memória de soldados mortos. No entanto, nunca ficou concluído, e ainda hoje apresenta um aspeto inacabado. A entrada custa 100 ienes (cerca de €0.80). Logo ao lado temos um pagode de 5 andares, que se destaca com a sua cor vermelho vivo.
Outro local impressionante é o templo Daishō-in大聖院, o mais importante da seita budista Shingon, no sopé do Monte Misen (mais para o interior da ilha). Para chegar a este templo há que subir uma escadaria, no centro da qual vemos rolos metálicos que, apesar de pesados, podemos fazer rodar. Segundo o Japan Guide, rodar as inscrições ao subir as escadas tem o mesmo efeito que ler os sutras inscritos, logo até quem não os souber ler pode receber as suas benesses. Apesar deste complexo ter bastante que ver, nomeadamente a grande variedade de estátuas budistas, o mais marcante é a “cave” Henjokutsu, onde se encontram várias representações de ícones budistas. A sua fraca iluminação, aliada ao ar carregado de incenso, fazem da visita a este local uma experiência algo aterradora, não deixando ninguém indiferente. A entrada é gratuita.
Em Miyajima fica outro templo da seita Shingon, o Daigan-ji 大巌寺, que data desde inícios do séc. XIII e é dedicado a Benzaiten, a deusa da eloquência, música, riqueza e sabedoria. A estátua desta deusa aqui presente é uma das três maiores do Japão, e só é aberta ao público uma vez por ano, a 17 de julho, altura em que se faz um festival em sua honra.
O Monte Misen 弥山 é o ponto mais elevado da ilha. Existem vários trilhos para quem aprecie fazer caminhadas ao ar livre. Para além de veados, também, com alguma sorte, se podem ver macacos em estado selvagem no caminho para o pico da montanha. Se não vos apetecer andar, é possível ir até ao topo de teleférico, viagem que custa 1000 ienes (cerca de €7,85).
Para fazer compras de souvenirs ou comer alguma coisa, a “shopping street” de Miyajima, Omotesandō, é o sítio ideal (não confundir com a rua de mesmo nome em Harajuku, Tóquio). Aqui não faltam restaurantes de comida típica da zona e lojas onde podemos comprar recordações. Aqui encontramos também algo bem curioso: a maior colher de servir arroz do mundo, que se designa como Ōshakushi 大杓子e é um símbolo da ilha!
Miyajima é um sítio que não pode faltar a qualquer um que visite o Japão, quer seja pela sua importância de tradições, ou pela natureza fascinante que aqui se preserva.
Para mais informações turísticas, consultar o site oficial do turismo de Miyajima e a página desta área no Japan Guide.