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Adorei o episódio! Indo diretamente ao assunto, este episódio abordou algo que sempre esteve nas traseiras da nossa consciência mas nunca tinha sido verbalizado: a perspectiva singular de Mob relativamente ao mundo.
>>>ESTE ARTIGO CONTÉM SPOILERS!<<<
Mob Psycho 100 II – Opinião Episódio 3
A princípio, o encadeamento das cenas parece confuso, mas penso que está inteiramente relacionado com que foi assente no início do episódio quando nos é dito que o site criado por Reigen (no final do segundo episódio) foi um sucesso e que os casos a resolver são vários. Daí parecer que somos confrontados com cenas por todo o lado e encontros com personagens que parecem saídas do nada, porque na verdade é assim que Mob está a vivenciar tudo o que está a acontecer.
Tendo isto em conta, vou destacar alguns detalhes e levantar questões em cada cena relevante, terminando com a resposta, unificando-a com o ponto central deste fantástico episódio!
#1 – Mob dá abertamente a sua opinião?
O próprio Reigen alerta para este facto como uma novidade, e não necessariamente uma das boas. O mestre preocupa-se com o seu pupilo fazer algo tão característico do ser humano comum, mas nada conducente com a sua atitude “normal”, pois tal pode significar um conflito na mente do nosso protagonista. Reigen, claro, está certo, como ficamos a saber com clareza no clímax do episódio.
É no debate sobre “amaldiçoar” alguém que essa opinião é dada e, tal como Reigen, ficamos sem perceber bem o porquê de Mob estar a pensar tanto sobre o facto de haver a vontade de “amaldiçoar” alguém, mesmo que não de verdade, e o que isso possa significar.
Em retrospetiva, temos aqui as primeiras pistas de que algo em Mob é claramente diferente, mas, habituados à sua estranheza e alienação, as “migalhas” passam-nos ao lado e é o alerta dado por Reigen que nos põe em sentido de que algo se pode passar.
O que adorei entre esta primeira cena e a seguinte, da qual vou também destacar algo, é que, se estiverem atentos, conseguem perceber que a banda sonora não muda na transição entre cenas, o que a mim me parece indicar uma ligação entre elas e que o nosso foco se deve manter no alerta de Reigen e nas indagações de Mob – loved it!
#2 – Do pânico, à repulsa – Mob indaga-se com o porquê.
Porquê? Porque se sente ela de forma tão diferente depois de descobrir que se tratava de um humano e não de um espírito maléfico? Eu não entendo…
Depois de ter visto o episódio, esta pergunta de Mob faz todo o sentido ter saído da boca dele. The plot thickens
Porquê de facto? Para nós humanos comuns a resposta é simples: Um ser humano é um elemento “conhecido”, o que nos aterroriza no mundo espiritual é toda a vertente do desconhecido e da inaplicabilidade do senso comum.
Que tem isto a ver com Mob? wait for it…
#3 – Bullies: Tantas resoluções possíveis… Porque hesitas Mob?
Esta é awesome quando analisada sob a lupa do conhecimento que adquirimos após terminar o episódio.
Um par de idiotas decide fazer bullying a Mob. Porque não, alvo fácil né? Nisto, Mob é salvo, sucessivamente, de três formas diferentes, por personagens diferentes, todas elas apresentando a Mob formas óbvias de resolver a situação, dado o seu poder ou “capacidade física”, mas que a ele parecem completamente foreign:
- Dimple usa poderes psíquicos para humilhar o merdinhas;
- Ritsu usa poderes psíquicos para magoar o merdinhas;
- O Body Improvement Club usa a sua imponência física para “baixar a bola” do merdinhas.
O que é que é tão óbvio para as personagens que não é para Mob? Tal como elas apontam, com o poder que tem, Mob resolvia aquilo em “três tempos”, mas então…
#4 – Se os Espíritos Maléficos não são Maléficos o que fazer?
Aqui prefiro juntar as questões todas que dizem respeito ao trio de “desperdícios de oxigénio” que aparecem antes do meio do episódio e que depois são os agentes que encaminham a narrativa para o clímax.
Primeiro, os três estúpidos decidem que deve ser giro ir tirar fotos a algum lado de aspecto assombrado e querem levar psíquicos como garantia. Não só os arrastam para o meio do nada, longe da cidade, como ainda se recusam a pagar e os abandonam lá.
O que dá azo a melhor transição entre partes A e B em Mob, de que tenho memória. Destacarei-a mais abaixo!
Na tarde do dia seguinte, ocorre a cena dos bullies, que dá lugar à noite na qual estes três inúteis voltam. Virão um espírito na foto e batem o pé que não ficam sossegados enquanto souberem que aquela “coisa” existe. Que belo exemplo da humanidade – sarcástica e não-sarcasticamente.
Toca de arrastar Reigen e Mob novamente para o fim do mundo à esquerda e nesta altura Dimple alerta para algo pertinente:
Parece que foste novamente arrastado. E ontem o teu domingo foi arruinado. Podes ficar irritado com isto sabes?
Dimple tem toda a razão, eu estaria a trepar paredes. Mas Mob é Mob. No entanto…
Eis que parece a real provação do episódio e que desbloqueia as nossas mentes para uma realidade que no fundo sabíamos mas não tinha ainda sido expressa nem falada.
Os fantasmas pertencem a uma família que quer passar o máximo de tempo possível juntos, antes de partirem pacificamente para “o outro mundo”. E eis que o conflito interno de Mob atinge o ponto máximo, perante os espíritos que só querem paz que contrasta com a intransigência desumana dos clientes.
Estas pessoas só querem viver em paz. Não posso… Não quero destruir isso.
Mob e a sua singular vivência – Tempo de Respostas:
Começando pelo fim, sendo este a chave para desbloquear tudo:
Tal como Reigen explana de forma incrível, acompanhada por animação na mouche, Mob vê mais do mundo do que qualquer outra pessoa, uma vez que o mundo dos espíritos sempre fez parte do seu dia a dia. Graças a este facto, o humano e o não-humano estão equidistantes em termos de valorização para Mob.
Daí que o seu confronto pela primeira vez com espíritos do bem, o tenha feito pensar sobre como agir perante um “ser” que ele valoriza tanto quanto um humano normal valoriza a vida. Para Reigen e os idiotas é um no brainer – Mob despacha lá isso, são apenas uns espíritos.
Para Mob é uma valorização 50/50 e se ele defende as pessoas de maus espíritos, não deve ele defender bons espíritos de más pessoas?
É um pensamento perigoso no contexto da obra, tendo em conta os poderes de Mob e, felizmente, Reigen apercebe-se a tempo da guerra interna do nosso protagonista e age em concordância para “desarmar” a situação (Resposta a #4) – Todo este clímax é lindo, lindo, lindo, quer do ponto de vista narrativo, quer do posto de vista visual e a forma como a animação retrata toda esta cena.
Mas é precisamente pela sua visão singular do mundo, que algo tão “trivial” para nós como desejar mal a alguém que realmente não gostamos, mexe com o “tico e o teco” do Mob. Porque ele tem de facto o poder para fazer isso e portanto, a preocupação dele em viver com esse “peso” de desejar real mal a alguém, tem outros contornos para ele (Resposta a #1).
Na mesma medida, algo como, magoar alguém só porque pode, mesmo para se defender, nunca ocorreu a Mob, ou melhor, não ocorreu da forma como lhe foi apresentado pelos seus amigos e irmão:
- Onigawara diz que ele deve “arrumá-los” com os seus poderes;
- Ritsu, que eleva os poderes do seu irmão a divindade, diz que este não os deve desperdiçar com a ralé e para depender dele;
- Dimple diz que “cuidar” de gente assim só faz bem à sociedade e a eles mesmos.
Aqui conjecturo, mas penso que pode ter a ver com o facto dele saber o estrago que os seus poderes podem causar noutra pessoa. Mob sempre quis ajudar e não magoar. Make peace, not war? Não. Bring joy, not pain!
Para além disso, Mob nunca viu os seus poderes psíquicos como algo necessário ou valorizador de pessoas (ser psíquico não te coloca acima de ninguém), motivo pelo qual, talvez, o seu foco seja a integração com mundo de toda a gente. (Resposta a #3)
Falta responder ao #2, mas esse é até bastante simples depois de tudo o que foi dito: o que causa estranheza na passagem o pânico ao repúdio por parte da cliente, é que uma vez que Mob vê humanos e espíritos no mesmo patamar, não é compreensível para ele que um cause medo e o outro não.
Fanboy Zone:
- A forma como a BONES animou o momento no Mob enquadrou o terror que deve ser viver com a consciência de viveres o resto da tua vida pensando que amaldiçoaste alguém… O.O’
- A deliciosa dinâmica entre Reigen e Dimple, sobretudo na cena do “chalupinha obcecado”:
- A “gloriosa” sequência de transição entre as duas partes do episódio e que eu já referi acima:
- Todo o clímax do episódio!! Mas quero destacar o momento em que Reigen sublinha a diferença chave entre o nosso mundo e o mundo que Mob vê:
Nota Final:
Este episódio, tal como outros na série, é sem dúvida merecedor de visitas posteriores. Adoro como mantém o tema do primeiro episódio, expandindo-o para algo tão real na vida do ser humano: conflitos internos.
No que toca a Mob, como vimos, algo assim é mais paralisante do que seria para a pessoa comum. Ele está a dar os primeiros passos numa jornada de auto-descoberta e de começar a fazer questões a si mesmo e a lidar com o caminho muitas vezes tortuoso da resposta.
Ao mesmo tempo, os seus dilemas podem, e vão, prender-se com questões que as pessoas gerais nunca teriam que lidar ou sequer compreender, como vimos aqui.
Mob sempre teve uma bússola moral de pessoa gentil que quer fazer o bem e não magoar ninguém, mas sempre teve fatores externos que o guiavam nesse sentido (Reigen, por exemplo, e ainda bem), muito por causa dele se desligar o mais possível das suas emoções, em grande parte por estas estarem umbilicalmente ligadas ao seu poder.
No caminho que Mob agora trilha, de ouvir mais o que sente, de se expor mais às suas emoções, ele navega águas turbulentas e desconhecidas e foi incrível ver um pouco da sua luta aqui e ter Reigen enquanto guia para a audiência e enquanto “salvador” para Mob.
É OK ouvires os teus próprios sentimentos.
Este episódio tem tanto para ser destacado e falado que podia fazer um artigo com o dobro das palavras, mas sinto que toquei aqui no essencial, ou pelo menos, assim espero!
Estou a torcer por ti Mob!
E tu, que achaste deste terceiro episódio? O que disse faz sentido ou armei-me em Reigen e disse um monte de balelas?
Deixa nos comentários a tua opinião!
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