Em 2003, a Kyoto Animation produziu mais um OVA para preencher o seu reportório de produções. Longe dos seus habituais romances e slice of lifes caraterísticos, Munto surge para espalhar ação e fantasia.
Longe da ribalta, a franquia Munto cresceu com o passar dos anos através de novas sequelas e inclusive de um remake em formato série. A verdade é que tudo começou por uma simples produção em formato OVA, que aguçou a curiosidade de muitos fãs do famoso visual do estúdio em questão.
Munto | História
Faça sol ou faça chuva, Yumemi não sai de casa sem o seu guarda-chuva. A razão é conhecida por todos os familiares e amigos próximos da doce menina de 13 anos: proclama ver ilhas no céu. Considerada mentirosa pela comunidade, decidiu esquecer o assunto, cobrindo literalmente todos os seus pensamentos sobre o seu guarda-chuva.
Em simultâneo, num mundo distante, Deuses guerreiros lutam contra soldados decididos em destruir gigantes pilares de sustentação de uma ilha flutuante. Dois mundos paralelos, proibidos de se contactar, são postos à prova pelo príncipe dos céus: Munto decide descer à terra.
Munto | Enredo
O filme inicia-se com uma breve apresentação das personagens e dos dois mundos que farão parte da premissa fulcral da franquia Munto. Apesar da falta de Akuto (energia que faz levitar o Reino dos Céus sobre a Terra) ser o motivo essencial, quer pela descida de Munto à Terra quer pela própria guerra no Reino dos Céus, a verdade é que é Yumemi Hidaka o verdadeiro gatilho narrativo. A protagonista é claramente o centro das atenções de toda a saga, servindo de ponte entre os dois mundos, que apesar de descritos em duas linhas narrativas distintas acabam ligados à medida que a história evolui.
O Reino dos Céus está em perigo. Sem nos ser transmitida muita informação quanto ao mesmo, somos confrontados com uma série de eventos catastróficos e conselheiros dispostos a tudo para destruir o seu próprio país, em busca de respostas. Toda a história perde-se um pouco neste ponto, as dúvidas permanecem no ar, e várias são as carismáticas personagens celestiais que se erguem nesta teia narrativa.
Sem nunca serem desenvolvidas, as personagens celestiais são retratadas como suportes de uma causa superior, sem entendermos bem o como, o porquê, e de que forma estão ligadas ao protagonista masculino, Munto. O fato de ser apenas um OVA, não permite o desenvolvimento de nenhuma das personagens envolvidas na guerra, sendo claramente necessário um segundo filme ou quiçá série, para desenvolver o vasto número de personagens e histórias paralelas.
O destaque da animação recai sobre um subplot onde é explorada uma das melhores amigas de Yumemi, Suzume. A história da ingénua e pequena Suzume é um dos pontos altos do OVA. Sem pertencer a nenhuma das linhas narrativas, ela é usada para enriquecer o peso das decisões de Yumemi, levando a protagonista a agir e tomar decisões sobre si mesma. Uma história forte a envolver temáticas que fogem à premissa principal, criando um cenário onde problemáticas como decisões futuras, o medo de enfrentar os problemas e o que realmente significa ser-se adulto são parcialmente desenvolvidas.
Munto | Ambiente
A luminosidade e tons claros preenchem o cenário terrestre, transmitindo a calma e a serenidade que servem de contraste com a guerra no Reino dos Céus, rico em tons garridos e ambientes deslumbrantes. A animação apesar de fluída e agradável fica-se pelo mediano, nada comparado com as grandes obras da produtora responsável. Ainda assim, os clímax narrativos conseguem parcialmente suprimir o desleixo técnico com a produção dos efeitos inter-dimensionais, bem como nos poderes bélicos usados por Munto e Gass.
O visual leve e deslumbrante assemelha-se às restantes produções da Kyoto Animation. A personagem feminina é indiscutivelmente associada a obras como Haruhi Suzumiyaou Air ,sendo as semelhanças evidentes. Todavia, esta produção original consegue ainda conquistar com o conjunto de cenários de qualidade superior, que apesar de não nos enriquecerem em termos de originalidade, primam por um jogo perfeito entre cores, efeito e narrativa, culminando numa agradável experiência visual.
O character design assume papel de destaque nesta obra, onde os traços fortes e consistentes criam verdadeiras obras primas de design, com especial ênfase sobre o protagonista da obra e todos os seres celestiais. Infelizmente, tal não consegue colmatar a simplicidade e falta de pormenores das personagens, em algumas cenas, possível consequência do baixo orçamento dado à animação.
A banda sonora não foi explorada, não fugindo dos sons e instrumentais comummente utilizados em situações ora de guerrilha ora de elevado teor dramático.
Munto | Juízo Final
Sendo um OVA, o tempo para desenvolvimento da premissa é extremamente reduzido, algo não tido em conta pelos produtores. Uma história repleta de potencial, com várias linhas narrativas e com um número de personagens de relevo consideravelmente elevado face ao tipo de projeto. Assim sendo, as lacunas narrativas são imensas. É impossível ficar-se satisfeito com a visualização desta introdução, perdida entre o querer contar tudo e o não expor nada.
Em suma, quem pretender conhecer a obra Munto terá que a conhecer na integra, sendo imperativo ver o segundo OVA e quiçá complementar com as restantes produções da franquia. O aspeto fragmentado e pobre da narrativa afasta muitos apaixonados pelo visual e forte character design da obra. É uma produção a constar nos vossos reportórios. Contudo, devem ter sempre em mente que este OVA só não chega para entender a premissa, bem como as personagens envolvidas.
Deixo-vos com o trailer da franquia Munto, OVA 1 e 2.
Análises
Munto
Análise ao primeiro episódio de Munto, OVA lançada a público no ano 2003 à responsabilidade da Kyoto Animation.
Os Pros
- Premissa;
- Personagens.
Os Contras
- Demasiado enredo para um OVA.