Normalmente vocês encontram-me por aqui a falar sobre anime e sobre K-pop. Se isto correr bem, pode ser que a partir de agora os K-dramas tenham um cantinho no ptAnime.
Sou muito fã de K-pop e atualmente é o género musical que mais ouço. Grande parte dos “K-popers” que conheço assistem dramas. Na verdade, até me relaciono com pessoas que primeiro se apaixonaram por dramas e depois começaram a ouvir música coreana, devido às OST das séries.
Nunca tive muito interesse em K-dramas. Primeiramente porque já tenho hobbies a mais para tempo de menos. Em segundo, sempre li que os romances coreanos têm tendência a romantizar relacionamentos abusivos – o que para mim fazia sentido tendo em conta que conheço minimamente a cultura coreana e sei que o machismo é algo presente.
Pois bem, o meu momento chegou. Para quem não sabe um dos meus girl groups favoritos é AOA. 2019 foi um ano muito importante para a consolidação do grupo: perderam mais uma integrante, cinco integrantes decidiram renovar contrato, participaram no Queendom com alguns grupos muito conhecidos e relevantes na música coreana e fizeram um comeback depois de mais de um ano sem lançamentos.
Resumindo, AOA está num momento decisivo da carreira delas e eu como fã vou tentar ao máximo apoia-las nos seus projetos, sejam em grupo ou a solo. É aqui que chegamos à Seolhyun. A Seolhyun é um rosto muito conhecido na Coreia do Sul devido à sua inconfundível beleza. Apesar de já ter participado em alguns K-dramas, nada pode ser comparado à repercussão que a sua atuação em My Country: The New Age gerou. Li tantos comentários positivos ao seu respeito que, depois de descobrir que o K-Drama estava disponível na Netflix, decidi que ia assistir.
E aqui apanhamos o primeiro susto: descobri que os K-dramas normalmente têm 16 episódios com mais de uma hora cada um. Neste ponto percebi que iria abdicar totalmente da minha vida social e resignar-me ao facto que sou uma weeb kpoper que só consome entretenimento produzido no outro lado do mundo.
Eu não sabia NADA sobre My Country. Mas também, sendo o meu primeiro contacto com séries coreanas não é que eu tivesse algum padrão ou exigência. My Country: The New Age foi lançado a 4 de outubro de 2019 e foi um K-drama bem recebido pelo público e pela critica.
Quando comecei a assistir descobri que era uma história medieval e baseada em factos reais – eu não sabia praticamente nada sobre a história coreana, principalmente sobre as dinastias do século XIV. Considerem os próximos parágrafos como um relato de uma iniciante a desbravar um novo território, e caso sejam fãs de K-dramas podem sempre rir-se de mim. My Country: The New Age relata acontecimentos que aconteceram no fim da dinastia Goryeo e nos primeiros anos da dinastia Joseon, apresentando-nos figuras históricas e outras personagens fictícias.
Existem vários aspetos que vou mencionar aqui que não são diretamente relacionados com o drama. Pessoalmente, sempre me entristeceu o quanto Portugal e os portugueses desvalorizam a própria arte e a própria cultura – sempre dando muito mais relevância ao que vem de fora. Isto advém de um conjunto de fatores políticos e sociais que não me cabe a mim discutir, mas fiquei impressionada com toda a produção de My Country: cenários lindos e com uma fotografia surreal, figurinos de época super-realistas e bem feitos, cenas de ação estupidamente bem coreografadas e realistas.
Nunca me passou pela cabeça que os coreanos investissem tanto nas suas séries, depois de alguma pesquisa descobri que existem vários K-dramas históricos e todos com uma produção elaborada.
Em segundo lugar eu não tinha noção do quão bons atores a Coreia tem. Não acredito sinceramente que eu tenha selecionado o K-drama que é o pináculo de talento para ser o meu primeiro. Provavelmente o nível de atuação na Coreia é muito alto e levado muito a sério. Lembrando que eu não sou perita em cinema, aquilo que sinto é unicamente derivado ao que me é transmitido.
My Country faz uma coisa de maneira soberba: trabalhar as personagens. Ninguém é cem por cento bom ou cem por cento mau: todas as pessoas têm defeitos e todas as pessoas têm os seus objetivos individuais – umas lutam com mais afinco por eles do que outras. Eu cheguei ao fim do drama sem saber quem era o grande vilão da história e com a sensação de que, de alguma forma, todas as personagens cometeram erros que se desdobraram em tragédias mais tarde.
Vale a pena mencionar também que não esperava por algo tão gráfico. Existem cenas com violência muito explicita. Sempre achei que a Coreia fosse um pouco mais recatada em relação a este tipo de cenas, mas afinal não há problemas com sangue.
My Country: The New Age surpreendeu-me por vários motivos. Pela construção da trama em si, pelas personagens e por saber em que momentos aliviar a tensão. A história é pesada, envolve muitas mortes e um sofrimento constante, ainda assim houve espaço para alívios cómicos.
Acho que dá para perceber que me rendi completamente a este drama, embora o final me tenha partido o coração aos bocadinhos. Não sei se é por isto que são chamados de “dramas”, mas chorei imensas vezes ao longo dos 16 episódios.
Acredito que por ser o meu primeiro drama, eu tenha criado uma relação especial com ele. Da mesma maneira que Elfen Lied – o meu primeiro anime – vai sempre ser um dos melhores animes, não importa quantos outros eu assista.
Ainda assim, diria que o meu amor por My Country não é sustentado neste facto e sim na história. Okey, eu nunca tinha visto dramas coreanos, no entanto já vi séries “tradicionais”. Perceber quando estamos perante uma boa história e um bom enredo não é uma tarefa tão complexa assim.
Agora lanço-vos o desafio: qual foi o vosso primeiro K-drama? Hoje em dia ainda o adoram? Contem-me tudo!