My Dress-Up Darling – Opinião

Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru, ou simplesmente “My Dress-Up Darling“, trata-se de um anime que estreou em janeiro deste ano e terminou recentemente, em março. Produzido pela CloverWorks e realizado por Keisuke Shinohara, a obra adapta o manga de mesmo título da autoria de Shinichi Fukuda. Como foi uma obra comentada por bastante gente, achei que seria uma boa oportunidade para dar a minha opinião sobre a mesma.

My Dress-Up Darling – Opinião

O clichê de Sono Bisque

My Dress-Up Darling enquadra-se no famoso clichê de protagonista tímido e pouco social a quem calha a sorte grande de ter uma rapariga linda e popular a apaixonar-se por ele. Eu considero isto um problema, pois apesar de clichês terem sempre a possibilidade de serem bem executados, este em particular constitui uma tendência baseada numa expectativa irrealista. Posto isto, dentro desse cenário, faz um trabalho acima da média.

Em primeiro lugar, há uma razão para Marin Kitagawa, a heroína, apaixonar-se pelo protagonista Wakana Gojou. Afinal, ela sonha desde sempre em fazer cosplay e ele trata-se de um artesão de bonecas hina e grande entusiasta das mesmas. Ao descobrir isto, Kitagawa pergunta-lhe se consegue criar roupas para os seus cosplays. Assim, de forma natural, tornam-se amigos.

My Dress-Up Darling – As personagens

Além do seu curioso interesse por bonecas hina, Wakana Gojou é uma personagem aceitável. Não tem muito carisma, nuances ou desenvolvimento, porém, cumpre bem o seu propósito: o mais importante seria gerar boas interações com Kitagawa. Desse ponto de vista, ele funciona. Porém, e por falar na Kitagawa, ela é que é a responsável por trazer o brilho à série.

Ela não tem dramas complexos nem nada que se pareça, no entanto, é sempre divertido ver o seu modo de pensar e de abordar diferentes situações. Trata-se de uma heroína com presença e carisma, uma personagem curiosamente única, ainda mais dentro do clichê de que falei há pouco.

Mais para a frente, a série traz outras duas personagens. Os episódios em que se encontram são interessantes e tal como Gojou, executam bem a sua função. Uma delas revela-nos mais sobre Marin e a outra reforça a caraterização de Wakana. Individualmente, estas duas personagens não são fantásticas, mas foram bem aplicadas no contexto da série.

Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru – Narrativa

No geral, a narrativa deste anime é mediana. Como já referi, os dramas de personagem são bastante básicos. O modo como foram trabalhados não é diferente. É algo que já estamos habituados a ver nas romcoms que saem todas as seasons. Apesar disso, há momentos em que a qualidade da narrativa oscila, tanto para cima como para baixo.

Por vezes, o anime surpreende no modo como constrói um clima ideal, para depois entregar alguma punch line genuinamente engraçada. Afinal de contas, é um anime de comédia. Penso que dentro desse aspeto, tem uma boa execução.

Infelizmente, nem tudo são flores, e assim como a obra tem estes momentos divertidos, também tem momentos onde a narrativa serve apenas de veículo para criar uma situação de ecchi forçada, dentro da qual a progressão dessa mesma narrativa é quase inexistente. Inclusive, há um episódio no qual toda a sua duração tem este problema.

Eu sei, ainda não falei do “rom” em “romcom“. Quanto ao romance, penso que até agora está a ter o desenvolvimento esperado. Não é mau, mas também não é propriamente profundo. Eu diria que é agradável.

Tirando as situações de ecchi, não parece forçado e tal como já referi, as interações entre as duas personagens principais são muito boas. Acompanhamos o processo de construção da confiança que têm um pelo outro, bem como o quão próximos vão ficando. Muitas vezes, estas informações são transmitidas de um modo mais expositivo do que seria o ideal. Ainda assim, considero que têm o seu valor.

Aspetos técnicos

Quanto à realização, não tenho muito a apontar. Dentro das romcom em anime, também é acima da média. Ainda assim, não costuma ser lá muito criativa e na maioria das vezes as palavras das personagens fazem um trabalho melhor em transmitir informações, passar ideias, etc. Porém, devo dizer que há episódios notoriamente superiores aos demais neste aspeto, como é o caso do último.
Felizmente, o mesmo não se pode dizer da produção. O destaque está na animação, que é consistentemente fluída. Mesmo não existindo tal necessidade, uma vez que estamos perante um anime sem ação ou algo do tipo, houve um grande cuidado em deixar a parte visual bastante polida. A equipa está de parabéns.

Conclusão

Em suma, My Dress Up Darling não é um mau anime porém, não seria propriamente a minha primeira recomendação. Tem momentos e interações divertidas, mas sofre das limitações de um certo clichê ultrapassado e de ecchi mal colocado.