Sejam bem-vindos a mais um artigo sobre K-dramas! Desta vez vamos falar de uma história que mistura romance e ficção científica.
No começo do mês de Fevereiro, a Netflix lançou um K-drama original chamado My Holo Love. A plataforma tem investido cada vez mais em séries coreanas, esta em particular chamou-me a atenção pela sua premissa.
My Holo Love – Uma Inteligência Artificial pode apaixonar-se?
My Holo Love | Enredo
Devido a um trauma na infância, Han Soyeon desenvolveu prosopagnosia. Esta doença faz com que ela veja os rostos das pessoas desfocados. Soyeon cresceu com medo de se expor a outras pessoas, acabando por se isolar de todos à sua volta.
Um dia Soyeon acaba por conhecer Holo – uma inteligência artificial extremamente avançada desenvolvida por Go Nando. Com o tempo, Soyeon apaixona-se pela IA. No entanto, existe uma história muito mais profunda por detrás do encontro dos dois.
Certamente que já viram ou leram alguma história sobre inteligência artificial. Com o constante avanço tecnológico, este assunto tem sido muito debatido. Contudo, julgo que My Holo Love aborda esta questão de uma perspetiva diferente.
É óbvio que em vários momentos é mencionado os danos que uma IA tão avançada poderia causar no mundo, mas esse não é foco. A narrativa apresenta-nos a seguinte questão: o quão reais são as experiências que a IA vive para ela mesma? Holo tem um rosto e um nome. É regido por regras básicas como não mentir ao seu utilizador e seguir as leis do próprio país, mas o algoritmo que lhe deu origem não é tão linear e dá origem a situações inesperadas.
Nunca parei para pensar neste ponto. O Holo é um programa criado por uma pessoa. Para os humanos, ele é um programa. Porém, para ele o convívio dele é real. Ele tem consciência, ele interage, ele cria momentos com as pessoas. Podemos então considerar que, de certa maneira, ele pode sofrer ou apaixonar-se? O amor já é um sentimento tão complexo para o ser humano, que tendem a ser seres emocionais. Conseguirá uma IA experimentar esta sensação?
São questões como estas que são levantadas e de certa maneira respondidas pela série. Vale lembrar que é uma ficção cientifica, então existem várias “regras” que nos parecem estranhas, mas que vão de encontro ao mundo onde a narrativa se desenrola.
My Holo Love | A construção das personagens
Para além do claro foco na questão tecnológica, My Holo Love dá um grande espaço para o desenvolvimento das suas personagens. A jornada de Holo desencadeia também o crescimento de Soyeon e Nando, a vários níveis.
Ao mesmo tempo que as personagens são o ponto forte da narrativa, estas também acabam por ser o “calcanhar de Aquiles” inicialmente. Gostei muito da série como um todo, mas no começo esta mostra-se como algo muito mais leve do que realmente é. Atrás de uma aparente comédia romântica, esconde-se uma história violenta e muito mais pesada.
Tive alguns problemas com a Soyeon no início da série. Ela parecia-me demasiado ingénua e inconsequente. Depois de 12 episódios, encaro-a como uma boa protagonista, mas o seu desenvolvimento fica aquém de outras personagens.
De um modo geral, My Holo Love foi muito bem recebido pela comunidade de K-dramas. Antes de o assistir, deparei-me com várias publicações nas redes sociais. A série tem uma proposta bem diferenciada, marcada pela tecnologia e por traumas. A narrativa fala-nos da solidão, da dificuldade de começar de novo e da complexidade do amor.
Apesar de ter embirrado com a personagem principal no começo, a história completa é muito boa. O final não é o mais feliz, mas o mais realista tendo em conta o rumo que a trama foi tomando.
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