Na temporada de outono de 2014, foi adaptado para o pequeno ecrã a obra shounen de Nakaba Suzuki. Considerada uma das obras mais aguardadas da temporada, Nanatsu no Taizai prometia fazer parte do pódio shounen da atualidade. Terão sido os esforços da Dentsu e A-1 Pictures suficientes para conquistar o público?
História
Uma lenda assombrava o Reino de Britannia, sete cruéis guerreiros que outrora foram aniquilados pelos guardiões de Britannia, os Holy Knights, parecem ter-se reerguido das cinzas. Simultaneamente a todo o alarido na busca pelos malvados “Sete Pecados Mortais”, o reino sofria uma mudança de governação. Aparentemente doente, o rei cedeu o cargo aos protetores do reino. Serão assim tão genuínos os acontecimentos sucedidos?
A premissa é apresentada na forma de prólogo no início de cada episódio.
Um narrador introduz o que será o cerne da narrativa: um conto antigo entre humanos e seres do outro mundo. Num cenário medieval mágico, o Reino de Liones é-nos apresentado completamente em ruínas. Os culpados são óbvios, Os Sete Pecados Mortais, a elite do exército traiu o reino e foi derrotada pelos grandes Cavaleiros Sagrados.
Mas será que foi realmente isso que aconteceu?
Enredo simples?
Os acontecimentos ocorrem dez anos depois do trágico acontecimento. O clima de conspiração e de guerra atiça a curiosidade e aumenta progressivamente o suspense, continuamente amenizado pela leveza e simplicidades das personagens.
A procura pelos sete demoníacos guerreiros pela filha fugitiva do rei, surge como premissa óbvia. Sem nenhum acontecimento que nos surpreenda genuinamente, somos conquistados pelo desenvolvimento progressivo de uma premissa que, apesar de básica começa desde logo a fomentar a dúvida numa teia cada vez mais complexa quer de integrantes, quer de mistérios em torno do próprio universo da obra.
Embarcamos então numa aventura medieval! Circundada por um ambiente descontraído e de exímios momentos de pura diversão e gargalhadas suprimidas, a produção conquista desde logo pelos pequenos grandes momentos de puro deleite e relaxamento notórios. A evolução do enredo prometia surpresas e mistérios, no entanto a desenvoltura progrediu sem nunca transpor a linha do demasiado complicado, ou a exigência de uma atenção superior àquela que o espetador estava disposto a oferecer.
Contudo, a reunião dos guerreiros mágicos veio acompanhada por sucessivos momentos de maior tensão e injustiça, alimentados com mais mistérios e assassinatos. A premissa simples e linear é assim ofuscada pelos novos caminhos narrativos que a inclusão de novas personagens proporcionou.
A construção do enredo assume um desenvolvimento lento e gradativo, que por sua vez é algo algo que define o género. A cada 3/4 episódios, novas personagens entravam na história alongando sucessivamente a teia mais ou menos complexa de acontecimentos. Temos assim uma primeira parte concentrada no desenvolvimento e exposição das personagens, individualmente e em grupo. Bombardeados com informações de extrema relevância sem aviso prévio, é-nos exigida uma atenção crescente pela qual não estamos habituados.
A necessidade de mudança do autor é assim sentida nos pequenos pormenores, continuamente acrescentados e valorizados no decorrer da animação. Visualmente mais carregado de batalhas sanguinárias, é-nos facultada uma construção carregada de elementos longe dos imaginados. Originalidade ou aleatoriedade? As respostas assumem mais uma vez uma forte divergência, no entanto a certeza que no final o caminho sinuoso do autor nos levou a um final de suster a respiração, enaltece e apazigua as dúvidas e censuras mais furtivas.
Um anime de extremos
A pequena dose de ação, aventura e divertimento delegada em cada capítulo serve de isco numa obra ainda em construção. Sem nenhuma ação ou linha original, vemos o autor a saltar entre a alegria de promessas afetuosas dignas de obras como Fairy Tail, e uma profundidade e design fortes, a roçar o gore.
A verdade é que as semelhanças com a obra de Hiro Mashima, sobretudo nos primeiros episódios é inegável e facilmente justificada, o autor de Nanatsu no Taizai trabalhou com o autor de Fairy Tail! Com este conhecimento, cabe-nos a nós tentar compreender a originalidade do autor e a sua crescente emancipação.
Terá sido o aspeto gracioso e todas as promessas de amizade eterna entre os elementos do estranho grupo, o grande objetivo do autor? Ou serão os traços gore e as mortes (que contrariam as façanhas imortais do seu mestre) a verdadeira essência e consequente divergência do jovem mangaka?
Ambiente
O design irreverente das personagens aliado a um jogo de cores e padrões fortes, cativam desde logo a nossa atenção. O ditado “primeiro estranha-se e depois entranha-se” ajusta-se de forma exata nesta produção. Para quem acompanha ou alguma vez acompanhou Fairy Tail, as semelhanças visuais são inegáveis. As curvas exageradas das personagens femininas, o fan-servise associado às mesmas, o design refrescante mas simultaneamente forte das personagens, com traços demarcados e peculiares, não deixa dúvidas quanto à classificação e público alvo de Nanatsu no Taizai. No entanto, nada é exagerado nem desadequado, tanto nas personagens como no ambiente em si, em que divertidas cenas ecchi adequam-se perfeitamente e as cenas de humor estão relativamente bem colocadas.
Não estávamos errados, portanto, quando caraterizamos Nanatsu no Taizai como um típico shounen. Os cenários progressivos e interligados, o ambiente simples mas simultaneamente bem ornamentado, e todos os pormenores e coreografias bélicas progressivamente bem desenvolvidas, remonta-nos, sem margem para dúvidas, a obras como Naruto e Bleach.
A excelência da animação, aliada aos efeitos produzidos aquando as grandes demonstrações de poder elevaram desde início, as expetativas de uma forma global.
Felizmente a evolução e fluidez da animação não só se perpetuaram como ainda progrediram, um possível aumento de orçamento face à crescente popularidade da produção, poderá ser apontada como principal causa.
A violência das batalhas francamente mais sanguinárias não foram poupadas pela produção. Apostando no rigor e transparência das cenas, somos surpreendidos por um ambiente polido e sem a típica censura associada a cenas acusadas de ferir susceptibilidades.
Quanto à banda sonora de Nanatsu no Taizai, nada foge aos típicos shounen, com uma equipa de Seiyuu de luxo, sons extremamente bem colocados e uma banda sonora que só aumenta o frenesim com composições a variar entre o medieval e melodias eletrónicas, a receita para o sucesso parece estar completa. Afinal, existe melhor pronuncio para o êxito que a grande Ikimono-gakari a interpretar o primeiro opening?
Juízo Final
A familiar sensação de surpresa narrativa, seguida de uma espetacular batalha ou clímax emocional, culminando numa pequena revelação, que aguça ainda mais a nossa curiosidade em relação ao enredo, transportam-nos para o proclamado puro Shounen. Nada de novo neste ponto, contudo, terá originalidade de Nanatsu no Taizai sido suficiente para colocá-la no pódio?
A descrença incrementada na leveza dos primeiros episódios, manteve-se estanque até aos episódios finais. A classificação não mudou muito, tendo o parecer final determinado se tratar apenas de uma obra francamente a cima da média, sem contudo, ser considerada um ex-líbris do género.
Se procuram um bom shounen, sem grandes expetativas ou complexidade exacerbada, com um enredo e personagens envolvidos numa promessa silenciosa de um bom momento de relaxamento e diversão; então esta é sem dúvida uma obra a constar nos vossos reportórios com a certeza que vão adorar! Se por ventura apreciam enredos complexos, de carga dramática e detentoras da capacidade de arrebatar e fazer a diferença na imensidão de grandes obras, talvez não seja a melhor decisão, sendo uma produção a ser adiada para dias mais cansativos… ou não.
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Análises
Nanatsu no Taizai
Um shonen surpreendente que nos conquista gradualmente. Possuiu um elevado potencial narrativo e visual.
Os Pros
- História original.
Os Contras
- Fanservice;
- Podia ser mais coerente em algumas linhas narrativas.