Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta? | Análise

Título: Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta?
Adaptação: Light Novel
Produtora: Project No.9
Géneros: Comédia, Ecchi, Romance, Vida Escolar
Ficha Técnica: Indisponível

 

Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta? | Opening

https://www.youtube.com/watch?v=vTwrgeQmLIQ

 

Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta? | Enredo e personagens

A história de Netoge é sobre Lucian. O protagonista pede em casamento uma personagem feminina de um jogo online, mas descobre que esta era afinal um homem. Traumatizado, ele decide nunca mais confiar numa rapariga online. Dois anos depois, uma jogadora chamada Ako, quer casar-se e encontrar-se com ele no mundo real. Ao conhecê-la, o rapaz entende que esta é totalmente doida e que confunde o mundo online com o mundo real. A partir daí ele e os seus companheiros de guild decidem ajudá-la a superar os seus problemas psicológicos.

Para começo de conversa, vale a pena salientar uma coisa: animes que se passam dentro de jogos online não são novidades, mas obras que alternem entre o universo RPG e o mundo real não são assim tantos. Netoge tem um enredo que vai buscar o melhor dois mundos.

 

 

Contudo, o principal foco da obra é sim o Slice of Life. Temos um grupo de quatro amigos apaixonados por videojogos que decidem formar um clube escolar juntos. Quando começam a passar os dias fora do jogo, acabam por viver as típicas “aventuras” que todos os protagonistas de uma comédia quotidiana vivem. Porém, o parâmetro central de tudo é o romance de Ako com Lucian – um amor bem diferente daquilo a que estamos habituados.

Ako é uma rapariga muito pouco consciente da realidade e que prefere ficar em casa a jogar do que enfrentar a sociedade. A maneira de demonstrar os seus sentimentos é bem peculiar. Ao não ter noção das suas atitudes, acaba por fazer porcaria a maior parte do tempo e está sempre dependente dos seus amigos. Lucian é um rapaz comum que tem amigos, vai à escola e que conhece um mundo fora do jogo.

 

 

No início do anime todos pensavam que ele não estava de facto apaixonado pela Ako. Sejamos sinceros a Ako é super adorável, mas deve ser bem chato ter uma miúda retardada a correr atrás de ti enquanto grita “esposo, meu amado” à frente de todos os teus amigos. No entanto, conforme a trama avança os espectadores percebem o que Lucian sabe desde do começo. Apesar da sua maneira exagerada de agir, Ako tem uma maneira peculiar de demonstrar o que sente e uma visão muito pura do mundo. Ela não vê maldade em nada. E é isso que a torna especial. Tudo o que ela faz – por mais idiota que seja – é sempre com as melhores intenções.

No que diz respeito ao género romance propriamente dito, Netoge é um anime muito interessante. Simplesmente porque o amor destes dois passou do mundo virtual para o mundo real, começaram a interagir fisicamente e a perceber que uma relação amorosa é bem mais complexa do que pensavam.

 

 

Ao mesmo tempo que o romance de ambos avança, também existe um desenvolvimento dos mesmos enquanto personagens. E engane-se quem pensar que só os protagonistas são carismáticos. Apesar de os restantes serem mais um “suporte” para a evolução do casal, todos eles têm personalidades apelativas. Temos uma tsundere (não muito exagerada) que acaba por ser o bom senso do anime, uma “pay-to-win” – jogadores que só têm status nos jogos porque pagam para ter equipamento, melhorias, etc., não o conseguindo por mérito próprio – que não tem os parafusos todos, e uma professora gamer igualmente avariada.

No que diz respeito à vertente de jogo, Netoge conseguiu distorcer conceitos que são tidos como “normais” nesta área. Primeiro, “todas as raparigas em jogos online são na verdade rapazes”. Estás realmente certo disso? Aqui, é mais ao contrário. As mulheres optam por se fazer passar por homens para não serem discriminadas. E adivinha, elas jogam tão bem (ou melhor) do que qualquer indivíduo do sexo masculino.

 

 

Vale a pena também frisar que o anime trás realmente muito conteúdo de jogos online para a sua trama. Por este motivo aqueles que não são gamers ávidos podem achar que algumas piadas não são muito engraçadas ou provavelmente não vão entender alguns contextos.

Expondo assim dois mundos diferentes, podemos afirmar que no seu todo, Netoge é uma obra diferente do que estamos habituados. Porém a própria narrativa tem alguns problemas. Primeiramente o facto de a comédia ser episódica. Em animes onde não há uma história muito densa, eu não me importaria. Contudo, esta aqui tem um enredo contínuo e o raramente relacionar os episódios uns com os outros “corta” um pouco o desenvolvimento das personagens secundárias.

Outro ponto que me chateou ligeiramente foi o final. O último episódio podia bem ter sido o oitavo por exemplo. Não foi impactante e não “fechou” a história em nenhum sentido. É mais um daqueles finais abertos que, para o caso de o anime vender, haja margem de manobra para uma segunda temporada.

 

 

Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta? | Ambiente

A nível visual, a gestão do estúdio foi muito inteligente. Digo isto porque é notório que não havia um orçamento muito exuberante. Por esse motivo, nas batalhas, decidiram criar ângulos de visão mais aproximados dos personagens, de modo a que não fossem necessárias “coreografias” muito elaboradas. Estas não são tecnicamente deslumbrantes, mas pelas jogadas estratégicas do estúdio não se tornam aborrecidas.

 

 

Outro pormenor interessante é que um método muito utilizado foi o exagero nas expressões dos protagonistas nos momentos mais aflitivos. Foi uma maneira engraçada de caracterizar as emoções de modo cómico. No geral, o design de personagens é extremamente bonito e apelativo. Principalmente a Ako, que esteticamente é fofa demais.

A banda sonora é de qualidade acima da média em animes deste género. Não foge muito dos temas alegres e dançantes que costumam ser encontrados, mas consegue criar ambientes propícios às mais diversas situações e tem um tema de abertura muito divertido.

 

 

Netoge no Yome wa Onnanoko ja Nai to Omotta? | Juízo final

Netoge é uma obra que pega em dois conceitos tão familiares dos fãs de anime e junta-os num enredo bem diferente, concedendo uma grande originalidade à sua história. Para aqueles que gostam de Slice of Life e RPG’s (mesmo que em contextos separados), vão encontrar aqui uma narrativa bem divertida e de fácil apego.

Não considero que Netoge seja uma comédia romântica revolucionária ou até mesmo das melhores que já vi, apenas trás consigo um casal peculiar e engraçado. Mesmo não sendo o anime do ano, é uma obra leve e que cumpre muito bem o papel a que se propõe.