Norn9 | Análise

Título: Norn9 : Norn+Nonet
Adaptação: Visual Novel
Produtora: Kinema Citrus x Orange (Black Bullet, Barakamon, Code:Breaker, Tokyo Magnitude 8.0)
Géneros: Romance, Aventura, Shoujo, Fantasia
Ficha Técnica: Disponível

Norn9 : Norn+Nonet | Enredo

A história tem início numa jovem cujo o único conhecimento que detém de si mesma, é a necessidade de encontrar uma nave naquele dia, e dos super-poderes que possui. Nesse mesmo dia, a nave encontra-a.

Kakero é o anfitrião num novo mundo repleto de aventuras em nome de uma entidade desconhecida que uniu uma série de jovens com um propósito. Todos os presentes na magnífica e auto-suficiente nave Norn possuem um poder sobre-humano que os permite executar missões. Mas qual será o objetivo final? Quem é o novo elemento da tribulação e qual o seu poder?

 

 

Uma obra que não sabe o que quer ser

Norn9 é baseado num visual novel otome, até aí tudo bem, não é o primeiro nem será o último. No entanto, neste tipo de adaptações, a narrativa tende a girar em torno do mesmo objetivo que o jogo, ou seja, na busca da protagonista pelo seu par romântico. Há excepções à regra, como por exemplo, em Prince of Stride, em que utilizaram o tema ambiente como linha narrativa principal. No entanto, este não foi claramente o caso, Norn9 ludibriou os espetadores com a desenvoltura de um universo repleto de mistério e drama, para simultâneamente tecer uma teia visual novel shoujo típica.

 

 

Em suma, a partir de determinado momento não sabemos se é ação, se é romance. Não existe uma linha narrativa concreta e coerente, só um mar de possibilidades e conceitos expostos sem nada ser explicado e desenvolvido com clareza.

As conjunturas formadas são demasiado incoerentes para sequer fazerem sentido umas com as outras. Numa só obra vemos serem inseridos diálogos militares, teorias da conspiração, fantasia, sobrenatural, ficção científica, mecha,… Em suma, pegaram numa quantidade substancial de conceitos, misturaram-los todos sem grandes justificações e… BOOM, nasceu Norn9!

 

 

Norn9 | Personagens

As personagens além de serem o mais estereotipadas possível, chegam a roçar o irritante de tão pobres. Não há suco a retirar delas, não são reais, não são orgânicas, não passam de seres programados para responder aquilo que queremos ouvir sem nunca nos surpreender.

O único mistério que Norn9 tenta implementar é tão pobre e obtuso que após alguns minutos estamos estarrecidos pelo óbvio e sem compreender a prepotência de toda a situação.

 

 

A complexidade que tentam impingir ao longo da série é superior àquela que a esta consegue suportar. Em 12 episódios e com uma enormidade de participantes, a probabilidade de não desenvolver nem as personagens nem a narrativa é próxima a 100 %. O que se veio a confirmar pouco depois de a iniciarmos.

 

 

Norn9 | Ambiente

A nível de visual o apogeu é atingido no ambiente recriado pela linha ténue entre o ambiente futurista concebido pela nave Norn, e os cenários ambientalistas do ecossistema da nave. Os cenários são polidos, consistentes seja em iluminação, seja no jogo de cores utilizado, em que a primazia recai sobre os tons dourados, azuis escuro e pastel dos protagonistas, a colidir com as cores vibrantes do relvado. A nível de produção 3D, Norn9 apresenta-se com uma qualidade dentro da média pelo que inclusive neste quesito apresenta uma nota positiva.

 

 

Ambiente versus animação

Como descrito anteriormente, o ambiente é um ponto de destaque e… desequilíbrio. Se por um lado, temos um design harmonioso entre personagens e o universo Norn9, por outro, constatamos um triste flagelo na animação.

As personagens são meticulosamente esculpidas como se de um visual novel se tratasse, e mantém-se assim ao longo de toda a série. Quanto à animação, esta é básica, consistente, é certo, no entanto a fluidez roça os mínimos indispensáveis para uma série de animação, ao ponto de presenciarmos com deboche, cenas de sucessivos frames estáticos de expressões faciais que se assemelham aos de um jogo do tipo visual novel. Não existem movimentos orgânicos, todas as conversas e situações parecem mecânicas, onde nem o embuste do agradável ambiente podem afogar as tentativas de criação de uma ligação humana em seres robóticos.

 

 

Quanto à banda sonora, apenas a sonoridade obtida pelo canto de Aion é digna de especial referência. As restantes faixas restringiram a sons eletrónicos ou melodias ambiente básicas. No entanto, a colocação de cada melodia foi excepcional, estando presentes no momento certo, sob a forma certa.

 

 

Norn9 | Juízo Final

O dissabor produzido pela série é difícil de suportar. Os conceitos são muito bons, a premissa é realmente original e repleta de possíveis linhas narrativas banhadas em potencial. Norn9 é a prova que qualidade de premissa em nada valida uma boa série de animação. Norn9 não possui nada que vos incite à sua visualização, não passa de uma sopa crua: ingredientes não faltam, esqueceram-se foi de cozinhá-los.

Mas não se enganem a pensar que esta adaptação se trata de um deslize, quem o fez, sabe o que fez, e para quem o fez.  Uma fórmula que deverá conquistar os espetadores que procuram isso mesmo: uma quantidade exacerbada de história, muitas personagens bonitas, e sem qualquer tipo de exigência do ponto de vista de interpretação.

Para quem é fã do jogo, acredito que seja interessante rever as personagens e a história, no entanto, mesmo essas, deverão ter em atenção que Norn9 não segue uma linha narrativa completa e muito menos de forma coerente.