One Piece Capítulo 827 – “Totland”
Totland além de ser um novo reino que possui o objetivo de atingir a totalidade de raças de todo o mundo no mesmo espaço, é também um claro reflexo da soma enorme de inspirações que conjugadas criaram um incrível e misterioso local/civilização. Neste mundo repleto de fantasia podemos ver homenagens às atmosferas Tim Burtonianas, mas ao mesmo tempo temos personagens e cenários que bebem das essências da Disneys e dos contos de Lewis Carroll.
Este capítulo não teve uma enorme progressão narrativa. Porém, e como capítulo introdutório, temos imensa informação para ruminar enquanto o nível de imersão neste novo e maravilhoso local vai aumentando. Começamos por conhecer a disposição e organização da ilha, bem como o seu grande objetivo. Tal como Nami estranhou, também o leitor deverá ter estranhado o facto da terrível Big Mom ter um objetivo tão bondoso. Contudo, quem é que disse que os vilões têm que ser racistas?
Claro que este pormenor pode ser apenas uma forma de Oda dar mais dimensão a esta antagonista, ao colocar-lhe uma visão e objetivo benéficos. Todavia, poderá ser pelos meios errados ou menos adequados. A verdade é que, seja por bondade ou não, a ilha principal beneficia em riqueza através da proliferação da diversidade das 34 ilhas que a rodeiam. Portanto isto pode ser uma criação estratégica para benefício próprio que como consequência tem vantagens diretas nas periferias.
Na segunda metade do capítulo é introduzida a noiva de Sanji – Pudding. Toda a personalidade e características desta personagem parecem algo desenhado e idealizado pelo próprio Sanji, o que levará com certeza a dinâmicas interessantes de ver quando se conhecerem. Por outro lado, ao ver Pudding fez-me lembrar um certo receio que tenho em torno desta personagem-tipo. Ou seja, pelo que vimos até agora, a colocação desta personagem neste momento narrativo é um espelho das suas antecessoras: Vivi, Lola, Keimi, Rebecca, etc. No entanto esta é, supostamente, uma personagem com enorme relevo narrativo, mais aproximado da Vivi, e portanto espero que esta manobra de escrita não afete o valor de Pudding.
E claro, apesar de isto ser algo difícil de evitar numa obra tão longa, é algo que desfavorece a qualidade de escrita, pelo que considero um pormenor a ter em atenção. Se Oda tem ou não consciência desta fórmula não sei, mas acredito que sim. De maneiras que será interessante vê-lo desviar-se de forma engenhosa desta muleta narrativa.
Antes de abordarmos o final, temos os enigmáticos e escassos painéis de Pedro. Penso que estes estão diretamente ligados à conversa de Pedro com Nekomamushi e que, mais tarde ou mais cedo, irão explicar a razão por detrás desta personagem ser uma peça chave nesta saga. Será que ele já pertenceu a algum esquadrão da Big Mom?
Por fim, vamos ao musical sinistro da Big Mom que é onde a atmosfera Tim Burtoniana se faz sentir com mais força. Começando pelo detalhe das coisas que supostamente deveriam ser inanimadas: seja comida, seja vegetação, seja mobília. Tudo e mais alguma coisa tem vida. Já tínhamos visto algo semelhante com o barco da Big Mom, mas isto mostra que vai muito além do barco. Além de terem vida, têm consciência e conhecimento. Fará isto tudo parte de um dos efeitos da possível Akuma no Mi da Big Mom?
Claramente a Tea Party foi agendada com um objetivo muito forte – aliança com os Vinsmokes. Não obstante, acho que a sequência final deste capítulo deixa bem claro que, muito provavelmente, o objetivo da Big Mom vai muito além desta simples questão política.
Resumindo e concluindo é um capítulo essencialmente introdutório, com dimensão e uma imensa carga de exposição narrativa, mas penso que foi toda ela muito bem diluída por entre a comédia sempre bem-vinda e característica de One Piece.