One Piece Capítulo 841 – “To The East Blue”
Mesmo que seja apenas uma capa cómica e sugerida por um fã, é sempre bom rever Shirohige. É também interessante notar que num capítulo que aborda um pai biológico horrível, temos na capa a representação da melhor figura paterna de One Piece!
Chega até nós, por fim, a última peça do puzzle da narrativa de Sanji: a forma como escapou da prisão e chegou ao Baratie. Com este último pedacinho de passado, ficamos a perceber uma lista interessante de elementos responsáveis por moldar o carácter de Sanji em aspetos que até agora nos passavam como “banais”, ou até como elementos com pouco sentido. Um deles, e começando talvez pelo mais incompreendido, a forma como ele trata as mulheres. Não falo apenas daquele interesse “pervertido” que ele demonstra perante qualquer rabo de saia. Vejamos por exemplo a forma como ele trata as mulheres pertencentes à tripulação: Robin e Nami. Sempre que Oda tem oportunidade, demonstra-o a mimá-las com doces, chá, refeições, vemos uma quase obsessão saudável, em certificar-se que nada lhes falta. Este comportamento é um reflexo, maioritariamente inconsciente, que move Sanji a agradecer e compensar as mulheres importantes da vida dele, algo que não teve oportunidade de fazer no passado.
Ainda nesta componente da personalidade dele temos a variante do “cavalheirismo”, mais especificamente na forma como ele protege uma mulher e, claro, na forma como evita lutar contra uma. Em toda a sua infância, todas as figuras masculinas foram significado de tortura física, pressão psicológica, desilusão, isolamento, etc. Porém, pelo meio de tanto dissabor, existiram curtos maravilhosos momentos na vida do pequeno Sanji, que lhe foram sempre proporcionados por intermédio de duas figuras femininas: pela Reiju e pela Mãe.
Está mais que provado que Reiju encontra-se, e sempre se encontrou, do lado de Sanji. Foi sempre ela que o ajudou quando estava ferido, foi ela que o ajudou a escapar da prisão, foi ela, que de certa forma, o levou a querer proteger as Mulheres em geral. Já a Mãe foi a figura responsável por criar as sementes mais importantes em Sanji: ser Cheff e eventualmente encontrar o All Blue. Até a este ponto narrativo sempre achamos que este sonho surgiu apenas dentro do Baratie, no entanto Zeff e o seu restaurante foram “apenas” nutrientes catalisadores para uma semente que já tinha sido plantada.
O capítulo não termina sem antes nos dar uma espreitadela na batalha de Luffy contra Cracker que, por alguma razão, decorreu em background durante onze horas. Neste momento o detalhe que mais salta à vista é o facto de Luffy não se encontrar em Gear 4th mas ainda estar em pé. Se bem se recordam, o uso de Gear 4th tem a consequência de usar o Haki todo de Luffy, levando-o a um esgotamento temporário ficando sem se mexer. Ora, se isto tivesse acontecido, creio que Cracker já o teria capturado sem grandes problemas. Tal como vos tinha dito, Luffy teria que pensar para conseguir derrotar este oponente, pois não o iria conseguir só com força e/ou técnica. E assim o fez, à maneira dele claro. Afinal se o oponente está a produzir snacks energéticos, porque não aproveitá-los para reabastecer a energia. E, à partida foi o que aconteceu, pois Cracker mencionou algo como: “Luta, corre, come e repete”. Ou seja:
Luta = Gear 4th;
Corre = danos colaterais do Gear 4th, tem que fazer tempo até se recuperar minimamente;
Come = absorve exército de Crackers e recupera a energia;
Dito isto, penso que é assim que Luffy está a evitar as consequências do uso do Gear 4th. Em contrapartida isto conduz a batalha a uma anulação mútua, só falta saber quem vai ceder primeiro.
“To The East Blue” retrata uma personagem cujos sonhos, motivações e comportamentos não tinham muita explicação, contudo acabou por se revelar numa das personagens que mais explicação tem. Resumindo e concluindo foi um capítulo extremamente bem construído, que nos entrega uma belíssima e pesada conclusão para a história de Sanji, preenchendo por fim todos os espaços em branco da personalidade dele.
Comentários sobre post