“One Piece Filme 5: Norowareta Seiken”, quinto filme desta franquia interminável, não fugiu à regra dos seus antecessores.
Também conhecido pelo nome “One Piece: The Curse of the Sacred Sword“, este filme não enriqueceu em nada a obra de Eiichiro Oda. Pelo contrário, algo que, infelizmente, já é típico neste tipo de produções sazonais.
A História
O enredo gira em torno de uma espada lendária que, logo de início, se revela também amaldiçoada.
Apesar de Nami estar na rota deste poderoso objeto (este personagem não perde uma oportunidade para enriquecer …), o grupo de piratas acaba por dar com a ilha do artefacto, por outro motivo. Em causa está o desaparecimento de Zoro. Sem deixar recado, o espadachim partiu ao encontro de um amigo de infância, com o qual sempre teve uma forte ligação.
Será durante a procura por Zoro, que os restantes Straw Hats vão ficar a par de um acontecimento chamado “Red Moon”, em paralelo com toda a história que envolve a espada amaldiçoada.
O “Red Moon” dá-se a cada 100 anos. Caso não seja combatido, pode trazer o caos, a tragédia, o sofrimento e a destruição para a região local (Asuka), por intermédio da famosa espada.
Se o povo de Asuka quer evitar isso a todo o custo, existem outros indivíduos com interesses opostos. É o caso do referenciado Saga, que parece também contar com a ajuda de Zoro.
Adaptação das personagens ao enredo do filme
Por maus motivos, este processo de adaptação despertou a minha atenção, logo na primeira parte de “One Piece: The Curse of the Sacred Sword”. Um ponto que qualquer adepto de One Piece, minimamente conhecedor da história, terá identificado.
Não faz sentido algum mudar-se a personalidade e o caráter de personagens tão mediáticas por causa de um filme. Uma longa metragem, com cerca de 95 minutos de duração, que nem tem grande valor e existe apenas para a Toei Animation angariar mais uns trocos.
Entre os vários envolvidos, o destaque mais negativo vai para Roronoa Zoro. A maneira como o espadachim abandona os Straw Hats, ou melhor, o seu comportamento aquando do reencontro e da luta com Sanji, está longe de fazer jus ao verdadeiro Zoro de One Piece.
Se fosse uma Robin, ainda se aceitava, agora Zoro? Não, não faz sentido nenhum!
O falso protagonismo de Roronoa Zoro
Com ligação ao tópico anterior desta análise, Zoro foi claramente o personagem mais adulterada em relação ao seu caráter original. Tudo por necessidade de um enredo que tentou fazer dele um dos maiores protagonistas desta mini-trama.
Todavia, até essa decisão foi mal trabalhada. Quem sofre e fica revoltado? Os grandes fãs deste personagem. E eu sou um deles! [Spoilers do filme nos dois parágrafos seguintes]
Ao ser uma das personagens principais, o seu envolvimento no desfecho exigia outro nível. Trocando por miúdos, o que aconteceu foi Luffy “fazer-lhe a papinha toda” e, no final, chamar Zoro para vir dar o golpe final no vilão. Não foi exatamente isto, mas quase.
O mais correto era terem ocupado Luffy com outro inimigo ou uma peripécia qualquer e deixar Zoro assumir o controlo da situação. Ele que é um personagem perfeitamente capaz ao nível do combate. Pior fica o cenário, se for tido em conta que o adversário também era um espadachim. Enfim!
Ambiente e banda sonora assegurados
A sorte, se assim lhe podemos chamar, dos filmes de One Piece é mesmo os ambientes que os constituem e a banda sonora que transita do anime.
Ainda que a parte musical não tenha sido tão bem explorada desta vez. Em alguns momentos deste quinto filme de One Piece, grandes temas musicais da série podiam ter sido, justificadamente, solicitados. Aqueles que nos deixam em sobressalto. Não aconteceu.
Os diversos ambientes também se apresentaram a um nível satisfatório. Especialmente as cenas diurnas, nas quais foi feito um jogo de cores bastante interessante entre os seus diversos elementos. Já as cenas noturnas, por seu lado, não tiveram esta capacidade, acabando por desiludir o espectador pelo contraste criado entre umas e outras.
Uma má gestão do tempo de transmissão?!
A par do ambiente e da banda sonora, a vertente da animação também foi positiva neste projeto. A dita cuja apresentou-se bastante fluída e sem grandes falhas. Um aspeto que não se verificou em todos os filmes até à data.
Especialmente nas lutas que envolveram Luffy, esta não teve o melhor aproveitamento. Sempre que mediu forças com alguém, o maior herói da trama usou todo o seu arsenal, num espaço de poucos segundos. Parecia mesmo que o objetivo era usar todas as suas técnicas o mais rapidamente possível.
Posto isto, não há como não interligar este aspeto com a gestão do tempo de filme, que podia ter sido feita de outra maneira. Desta forma, nem deu para apreciar o que Luffy tinha na “manga”.
Em substituição, o espectador teve que levar com cenas que podiam perfeitamente ter desaparecido, e outras que se prolongaram por demasiado tempo. Até nisto, a produção esteve mal.
Um filme sempre previsível
Do início ao fim. Cliché? Altamente cliché! [Spoilers do filme nos dois parágrafos seguintes]
Tudo muito previsível em “One Piece Filme 5: Norowareta Seiken”, culminando com a sobrevivência de Saga à maldição da espada. Mesmo depois de consumido por esta e da morte ser o desfecho óbvio para o personagem, tal não aconteceu. Parece antitético? Descabido? Calma, que ainda há mais!
Quando a história da espada é contada, existe alguém que se sacrifica nessa época para evitar a maldição. No entanto, no caso de Saga, que foi consumido na totalidade pela espada e levou a porrada que levou, acaba por sobreviver e ficar bem. Faz algum sentido? Não! É caso único neste tipo de situações? Infelizmente, também não!
Para quando um filme decente de One Piece?
Analisados os 5 primeiros filmes desta franquia, ainda continuo à espera do filme de One Piece que me vai deixar minimamente agradado. Por este andar, corro o risco de dar melhor pontuação aos que são recaps de acontecimentos da obra original. Pelo sentimento de nostalgia que despertam em nós, esses ganham logo pontos suficientes para superarem produções como esta. A ver vamos.
Ainda no que toca a “One Piece Filme 5: Norowareta Seiken”, à semelhança das longas-metragens anteriores, o que há de novo é mesmo o enredo. A partir do momento em que este falha, tudo o que diz respeito ao filme se desmorona, pois os restantes parâmetros transitam da franquia.
Em suma, este é mais um projeto apenas obrigatório para quem quer dizer que viu tudo o que havia para ver de One Piece. Porque a nível de recomendação, é mais um que pode perfeitamente ser esquecido e que qualquer adepto passa bem sem ele.
Que o próximo seja melhor. Para isso, basta não adulterarem os traços caraterísticos das personagens principais, de forma a estas ficarem ajustadas ao enredo que têm para “vender” ao espectador.
https://www.youtube.com/watch?v=kyRVehcjrlM
Análises
Melhor em alguns aspetos, pior noutros, certo é que ainda não foi esta a longa-metragem de One Piece capaz de surpreender pela positiva os fãs da obra prima de Eiichiro Oda.
Os Pros
- Manutenção da banda sonora da série anime
- Os panos de fundo das várias cenas e respetivos jogos de cores aplicados
Os Contras
- O enredo de uma forma geral
- Alteração significativa dos traços caraterísticos de várias personagens em relação à obra original
- Tempo de transmissão mal distribuído, tendo em conta a importância de cada uma das cenas