Título: Orange
Adaptação: Manga
Produtora: TMS Entertainment
Géneros/Demografia: Romance, Drama, Vida Escolar, Sci-Fi, Shoujo
Ficha Técnica: Disponível
Primeiras Impressões: Disponível
A adaptação em anime da obra de Ichigo Takano, Orange, foi recebida com bastante euforia, tendo sido desde logo considerado uma das obras mais aguardadas da Temporada de Verão 2016.
Orange | Opening
“Hikari no Hahen” – Takahashi
Orange | Sinopse
Toda a gente possui arrependimentos na vida. Quem não aceitaria a oportunidade de mudar o passado se o pudesse fazer? Quando a jovem de 16 anos Takamiya Naoh recebe uma misteriosa carta, alegando ser da sua versão com 27 anos, a sua vida dá uma reviravolta. A carta diz-lhe para manter sobre vigia o novo estudante, chamado Naruse Kakeru, que irá juntar-se à turma.
Mas porquê?
Naho terá que decidir o que fazer com a carta, com o seu alerta secreto e, sobretudo, o que isso significará quer para o seu futuro, quer para o de Kakeru.
Orange de Ichigo Takano é uma das obras mais consagradas da atualidade. A inegável popularidade deste título elevou a fasquia da adaptação anime para um patamar difícil de ser suportado, mesmo sendo construído por uma narrativa tão rica. E vamos começar exatamente por esse ponto.
Orange | Enredo
A premissa é sem dúvida alguma o ex-líbris da série. O conceito é brilhante e aborda temas como depressão, viagem do tempo e mundos paralelos, isso tudo aliado a um romance escolar… WOUO, certo?
… vamos antes para um “muito bom” comedido.
Orange começa com a apresentação dos intervenientes: primeiro o triângulo amoroso, e depois o restante grupo de amigos. A fórmula não é nova, afinal trata-se de uma obra de demografia shoujo, e Orange faz questão de manter a essência do início ao fim. E com isto temos a grande fonte de crítica a Orange:
As personagens-tipo Shoujo
Em grande parte da série, a protagonista assemelha-se a um pão sem sal com um deficit mental exacerbado. Claramente que a sua ansiedade e timidez profunda foram levadas ao extremo, uma referência clara das personagens-tipo de shoujo escolar. Todavia, é esse um dos grandes objetivos deste tipo de narrativas – ver uma personagem quase nula a crescer, aprender com os erros e a desenvolver uma personalidade – mesmo que forçada pelo ambiente e pessoas que a rodeiam.
Podemos considerar isso mau? Eu não acho, acredito inclusive que houve uma grande evolução da protagonista. Ela passou de uma personagem vazia para alguém com substância e sobretudo sob a qual vemos evolução.
Drama vs Romance vs Sci-fi
Se de forma isolada a depressão já é dos temas mais ingratos e complicados de desenvolver em apenas 13 episódios de anime, que fará quando este é envolvido por uma maré cheia de conceitos, personagens e ainda… romance! Como é óbvio, algo terá que ser passado para segundo plano.
Olhando para Orange de um ponto de vista puramente analítico, a série aborda assim um tema real de forma surreal, que se for levado à letra, pode causar algum desconforto para quem aprecia uma narrativa coerente com os temas abordados.
Outro ponto, que com muita tristeza abordei na minha análise ao manga original, trata-se da componente de ficção científica. Tal como disse no manga, apesar de a base do enredo ser as viagens temporais e universos paralelos, esqueçam se pensam que irão obter explicações profundas, ou quiçá alguma explicação coerente.
A ficção científica é apenas um adereço, pelo que não deve servir nunca como motivo para assistir à série.
Orange | Ambiente
Agora… vamos para a parte mais controversa de todo o anime: a animação! É verdade… o único quesito que nunca pensei que iria ter que abordar de forma tão triste. Dizer que foi um descalabro é eufemismo face à tortura visual sofrida no episódio 9! O fatídico 9! O que era aquilo minha gente???
A queda abrupta de qualidade apenas poderá significar uma coisa: o orçamento não foi suficiente, e tiveram que cortar severamente na revisão dos frames.
Infelizmente, este tipo de situações não foi caso único. Sem os exageros do episódio 9, a verdade é que a animação não foi consistente no seu todo. Por possuir um design forte, repleto de expressões e de uma animação orgânica “crua”, era incrivelmente notório quando algo falhava. O ambiente assumiu-se assim como uma derradeira espada de dois gumes. Por ser tão boa em determinados momentos – com cores vibrantes e uma qualidade absurda de expressões e cenários – o menos bom é entoado, tornando-o muito pior do que realmente é.
No entanto, nem tudo foi desgraça! Notou-se o zelo da equipa técnica em se esmerar nos momentos clímax, tanto em animação como em banda sonora. Orange foi assim repleta de grandes momentos cénicos que deveremos guardar na nossa memória como a representação da série, obliterando as situações menos felizes em termos técnicos.
Orange | Juízo Final
Como fã de shoujo escolar, Orange assentou em mim como uma luva! Adorei a adaptação (sim mesmo com aquela protagonista de sh*t), porque seguiu os contornos de como um anime shoujo-escolar clássico é feito: de construção, evolução lenta, sustentada e potenciada pelas restantes personagens, e que conquista os espetadores pelos pequenos grandes momentos. Se és fã de shoujo escolar típico, vais sem dúvida gostar desta obra. Contudo, realço: expetativas comedidas! A obra é boa, mas não é nenhum ex-líbris do género.
Acredito que grande parte das desilusões se deveram às elevadas expetativas que depositaram sob a excelente premissa, sem, contudo, terem em atenção ao género e demografia da obra. Claro que em manga tudo soa muito melhor, além de que, como a leitura propícia uma ordem de acontecimentos mais frenética, os defeitos relativos às personagens são atenuados. Tudo é mais natural e sobretudo mais agradável.
Ainda assim, é uma obra a constar no reportório dos fãs de romance e shoujo, sobretudo na dos seguidores da franquia. Quanto aos restantes que se quiserem aventurar pelos mares entorpecidos do shoujo escolar através de Orange, atenção, este poderá não ser o melhor começo, e/ou quiçá a melhor obra!
Análises
Orange Anime
Os Pros
- Premissa
Os Contras
- Ambiente