Título: Overlord
Adaptação: Light Novel
Produtora: Madhouse
Géneros: Ação, Fantasia e Jogo
Ficha Técnica: Disponível
Overlord | Opening
“Clattanoia” – OxT
https://www.youtube.com/watch?v=jMoVmSV4yA8
Overlord | História
A obra inicia com o fim dos servidores do jogo. Momonga, um dos mais fortes jogadores aproveita os seus últimos momentos dentro da realidade que tantas alegrias lhe deu, até esta ser por fim encerrada. Por um erro qualquer, Momonga fica preso nesta realidade que deixa de ser virtual. Depois do sucedido ele começa a analisar tudo o que pode de modo a tentar entender o que aconteceu. Isto faz ponte para a característica mais positiva do primeiro episódio. A caracterização da personagem principal é fidedigna com aquilo que estipulam, na medida em que se ele é o mais forte do jogo, isso tem que ser mostrado através da sua personalidade, o que acontece através de diálogos, pensamentos e ações.
Overlord introduz um conceito narrativo invertido, e com ele surge mais uma premissa original e talvez promissora. Por norma, a personagem principal começa do zero, do nível básico. Através dela vamos conhecendo o jogo ou mundo virtual, e esta vai progredindo e avançando de nível. Porém, Overlord propõe-nos uma coisa diferente: e se a personagem principal já se encontrar no nível máximo?
E se este não for o início do jogo, mas sim o fim dele?
Overlord | Conseguiu a premissa inovadora criar uma obra original?
Não, infelizmente não conseguiu. Esta é sem dúvida uma premissa que se coloca fora da caixa dentro de um género tão recente e já tão gasto. Porém, e embora o conceito que nos fora fornecido no primeiro episódio tenha sido, até certo ponto, original, isso por si só não era, nem nunca seria suficiente para tornar esta obra num produto original.
Assim sendo:
Onde falhou Overlord?
– A Dimensão –
A introdução da obra foi indubitavelmente o extrato narrativo que recebeu mais atenção, mais detalhes, e foi através desta que começamos a ganhar uma pequena noção dos metros quadrados deste mundo. Com o descortinar do ambiente e dos acontecimentos do mundo de Yggdrasil, vamos percebendo o quão vasto é este universo. Diversidade e quantidade de personagens, locais, magias, ataques, classes, organizações, enfim, toda uma estrutura que tem potencial para criar uma série com mais 100 episódios. Todavia, Overlord é uma série de apenas 12 episódios. Uma longevidade pequena para um universo tão volumoso.
Como é que se aloca algo tão grande num receptáculo tão pequeno? Através de um afunilamento forçado. Que por consequência vai criar um esbordamento narrativo inevitável. O conteúdo que conseguiu ficar dentro do copo é, na sua grande parte, baralhado, contido e difícil de acompanhar. Isto dá origem a uma grande dificuldade em adaptar o material fonte, desregulando por completo o ritmo narrativo da obra.
– O Ritmo –
Apesar das opiniões divergentes que surgiram após o término de Overlord, e mesmo ao longo da sua transmissão, existiu sempre algo em que todos concordaram: o ritmo de Overlord é terrível. Porém, ter um mau ritmo narrativo não chega para explicar o problema de Overlord, até porque ritmo pode ser mau derivado a uma velocidade lenta ou a uma velocidade rápida. É exatamente aqui que se dividem as pessoas que anteriormente concordavam. Umas afirmam que falhou por o desenvolvimento ser muito lento, e a oposição afirma que foi tudo muito apressado.
Assim sendo, qual destes lados se encontra correto? Bem, depois de muito tempo a pensar sobre este assunto e de rever muitos dos momentos de Overlord, cheguei à conclusão que nenhum dos dois está certo e que, ao mesmo tempo, estão os dois certos. Ou seja, o ritmo narrativo desta obra tanto é aborrecidamente lento, como é surpreendentemente fugaz.
Os arcs são de desenvolvimento lento, existindo episódios de pura exposição narrativa e de diálogo completamente desnecessário. Porém, quando os pequenos arcs terminam, a passagem de um para o outro é realizado de forma muito brusca, por vezes através de timeskips pouco delineados em eventos passados, ou nem abordados nos eventos presentes. Esta dualidade no ritmo narrativo cria então a divisão do público quando uns afirmam que foi lento demais e outros afirmam que o problema se encontra no rápido desenvolvimento.
Overlord | Ambiente
Para quem conhecer a Madhouse e se encontrar habituado às suas produções, irá facilmente notar uma falha de coesão entre episódios, e até em cenas, que é invulgar nestes estúdios. Costumam entregar um produto consistente de início ao fim, mesmo que a narrativa seja um desastre. Em contrapartida, e tendo em conta que esta terá sido considerada uma produção de risco, o orçamento não deve ter sido o suficiente para elevar a qualidade ambiental ao padrão dos estúdios em questão. Além disto, e uma vez que foi produzida em paralelo com obras com mais potencial, esta obra acabou por ficar (provavelmente) com os recursos humanos mais limitados.
Mas, fossem todas as obras “más” a nível qualitativo como Overlord. Foi inferior ao que fomos habituados, tem claramente manobras de poupança, frames estáticos, aproveitamento de sequências, mas nenhum deles se encontra em mau estado. A animação foi o departamento que mais sofreu com estes elementos, mas o resto comportou-se muito bem. A iluminação e coloração foram sem dúvida muito bem tratadas, sendo as responsáveis maioritárias pelo tom adequado da obra. Se era para ser negro, Overlord era negro. Se era para ser cómico, Overlord era cómico.
A modelação e animação 3D foram outros dois elementos que jogaram a favor da obra. Ainda que tenham sido poucas as sequências de batalha, uma grande percentagem delas é gerada por computação gráfica. Os modelos eram simplistas, mas foram muito bem pintados, conseguindo-os diluir no mundo 2D sem grande esforço – o que é algo bem raro de se ver.
A banda sonora tem uma ou outra faixa que se destaca, e mesmo que no geral se comporte sempre de forma adequada, falhou um pouco em sair do genérico.
Overlord | Um objectivo concluído com Sucesso
Overlord nasceu apenas com um objectivo: criação de um catálogo promocional. Neste teria que constar a substância, a essência, o seu potencial, e claro, no fim, algo que nos deixasse a desejar por mais. Um a um estes requisitos foram cumpridos. Tal foi o sucesso da execução destes objectivos que as vendas do Light Novel bateram records, conduzindo também a uma venda absurda de DVD’s da obra.
Este demo deixou ainda muita água na boca, principalmente nos jogadores vorazes de MMORPG’s que viram nesta obra uma escrita de quem entende sobre o assunto e que conseguiu alocar isso de forma muito cativante. Overlord nasceu para tudo isto, e em todos estes aspetos conseguiu vingar com grande sucesso.
Overlord | Juízo Final
Muitas foram as portas que nos foram mostradas. Muitas são aquelas que ficaram por abrir. Um mundo maravilhoso limitado a uma amostra que tem como intuito produzir vendas. Se têm intenções de ver Overlord, estes pontos deverão ser tidos em conta. Portanto, se ficaram interessados no conceito e querem comprar já o light novel, nesse caso aconselho que vejam estes 12 episódios, porque eles irão sem dúvida esclarecer-vos se devem ou não aplicar o vosso dinheiro nesta franquia.
Não tenham medo se nunca jogaram um MMORPG e estão interessados no conceito, a obra (apesar de uma forma um pouco forçada) consegue explicar várias noções básicas para que consigam entender os elementos que fazem parte de um jogo deste género. Por isso, se ficaram interessados mas nunca jogaram, podem ver a obra. Por outro lado, se estão cansados deste género em anime, e esperam encontrar aqui uma execução original para alegrar as vossas mentes, tirem o cavalinho da chuva, nem vale a pena ver o primeiro episódio.
Resumindo e concluindo, uma obra com muito potencial que se resume a uma técnica de marketing. Overlord podia ser muito mais que um catálogo, podia ser uma obra exemplar no género, no entanto, fica-se pelo podia…
Quem viu Overlord? Deixem a vossa opinião!
Overlord | Trailer
Análises
Overlord
Resumindo e concluindo, uma obra com muito potencial que se resume a uma técnica de marketing. Overlord podia ser muito mais que um catálogo, podia ser uma obra exemplar no género, no entanto, fica-se pelo podia…
Os Pros
- Personagens
- Conceitos
Os Contras
- Exposição
- Ritmo narrativo