Com o lançamento da Nintendo Switch em 2017, os fãs aguardavam ansiosamente pelo retorno da franquia Pokémon às consolas “domésticas”. O primeiro lançamento na plataforma surgiu com o Pokémon Let’s Go! Pikachu & Let’s Go! Eevee.
Apoiando-se no fenómeno global do Pokémon GO, a Game Freak criou um jogo inovador, cheio de novas ideias e com o objetivo de atrair a nova vaga de treinadores.
Porém, para fãs de longa data, que esperavam um jogo mais convencional, o sentimento foi agridoce.
Esta situação foi ouvida e em 2019 surge um novo jogo da série principal: o Pokémon Sword e Pokémon Shield. As expetativas dos fãs eram altas e o entusiasmo também.
Liderado por exemplos como o Pokémon Colosseum e XD: Gale of Darkness da GameCube, um dos pontos mais pedidos era a integração do 3D no universo Pokémon, além da possibilidade de explorar novas áreas, em formato de jogo com mundo aberto.
Algumas exigências foram cumpridas, outras foram deixadas no ar. A execução ficou longe da perfeição, mas não deixa de ser um jogo muito interessante.
Sigam-me nesta análise para descobrir a razão pela qual o Pokémon continua a ser uma das melhores franquias e também os pontos que nós fãs merecemos maior atenção!
Pokémon Sword & Shield – Análise ao Jogo
Bem-vindos à região Galar
Sejam bem-vindos à região de Galar, onde mitos e lendas, lutas e novos desafios irão aguardar os treinadores Pokémon. Esta nova região do jogo, apresenta novas cidades e cenários baseados na cultura britânica.
Desde Motostoke, Ballonlea e Hammerlocke podemos ver paisagens rurais, cidades contemporâneas passando por florestas e montanhas cobertas de neve. Desde caras conhecidas até um grupo de novos Pokémon, a oitava geração prometia um novo mundo envolvente na série Pokémon.
Desde o primeiro trailer, um dos aspetos mais notórios deste jogo passou pelos esforços da Game Freak em tentar apresentar cidades detalhadas e revigorantes.
Apesar do seu fator estético apelativo, as cidades eram um pouco “ocas” e com falta de objetivos. A adição de histórias e missões secundárias poderia ter contribuído para melhorar esta experiência.
A franquia Pokémon nunca foi conhecida pela a abundância de missões secundárias, no entanto sinto que tiveram uma oportunidade de ouro para diversificar alguns dos objetivos desta jornada.
Este problema não ficou exclusivamente pelas cidades. Um dos lugares que todos os jogadores de Pokémon reconhecem instantaneamente são as suas caves. Conhecidas pela sua dimensão e repletas de desafios, as caves eram muitas das vezes pequenos pesadelos para jogadores com pouca experiência. Infelizmente, em Sword & Shield, estas são pequenas e não apresentam um grande desafio.
Um fator visivelmente destacável, passou pelas cutscenes da história principal e pela narrativa pobre que envolvia a mitologia desta nova região de Galar. Com personagens bem cliché e uma história medíocre, a experiência na região de Galar pareceu desinspirada e pouco memorável quando comparadas com outras regiões da série como Johto, Sinnoh ou Hoenn.
Wild Area
O ponto de maior destaque deste novo jogo foi a introdução da Wild Area. Nestas áreas, podemos encontrar inúmeras espécies de Pokémon espalhadas por diversas zonas, que vão variando através de fatores como o clima ou o fuso horário.
Pela primeira vez na história da série, podemos assumir o controlo total da câmara, criando uma maior sensação de liberdade ao jogador.
Na Wild Area também é possível realizar max raids, isto é, batalhas competitivas que podem levar até quatro jogadores, com o objetivo de derrotar um Pokémon “gigante” em conjunto.
As batalhas são muito acessíveis para qualquer jogador. No entanto, o desafio acresce quando se luta contra Pokémons de quatro a cinco estrelas, onde a cooperação e a estratégia são essenciais para derrotar estes poderosos Pokémons.
Esta funcionalidade não será estranha aos jogadores de Pokémon Go, servindo como um bom exemplo da tentativa de trazer algumas das mecânicas deste fenómeno para os jogos da linha principal.
Outro aspeto positivo da Wild Area encontra-se na sua dificuldade. O primeiro encontro com um Steelix ou um Tyranitar é algo que deve ser evitado devido ao seu nível elevado. Desta forma, há a sensação de desafio (algo raro na franquia) e na possibilidade de voltar lá mais tarde para enfrentar ou capturar estes Pokémons. Esta quebra da fórmula Pokémon onde formas finais aparecem bem antes do primeiro ginásio, foi algo que pareceu novo e entusiasmante.
Ainda que seja uma das melhores partes do jogo, as Wild Areas ainda carecem de detalhe e são limitadas. Muitas pessoas esperavam zonas ricas em detalhes e com possibilidade de exploração ao nível do que foi apresentado em Breath of the Wild, contudo o resultado final foi completamente diferente. Comparando com a série The Legend of Zelda, as Wild Areas seriam o equivalente a Hyrule Field em Twilight Princess/Ocarina of Time, isto é, uma zona extensa que conecta localizações e não um mundo aberto.
Como fã de longa data da franquia, é praticamente impossível não ter um sorriso na cara quando entramos e exploramos pela primeira vez a Wild Area. Apesar de ter alocado a maioria do meu tempo nestas áreas, senti que podíamos ter uma experiência bem mais rica. Desde as animações estáticas até às texturas de baixa resolução, sentia sempre que estes pequenos detalhes tiravam a minha imersão do jogo.
Apesar de todos os problemas referidos, sinto que esta nova adição ao jogo é um fator muito positivo e que irá contribuir para a evolução da série. No entanto, para muitas pessoas esta novidade pode parecer um pouco banal, mas para os fãs é um sentimento de que a Game Freak está realmente atenta aos seus pedidos.
Um dos aspetos menos positivos do jogo reside na sua performance, principalmente quando andamos pela Wild Area e temos vários Pokémon à nossa volta. A nível portátil esses problemas são um pouco mais evidentes, podendo incomodar a experiência de jogadores mais sensíveis.
Jogabilidade
Ao longo de 25 anos da franquia, a experiência de um jogo Pokémon continua praticamente a mesma. Um treinador escolhe um Pokémon inicial, apanha novos Pokémons, derrota os líderes dos oito ginásios e no fim desafia a Elite 4. Em paralelo, há uma história envolvendo os Pokémons lendários de cada região e uma equipa maligna que pretende fazer algo imoral.
Sendo um RPG japonês, o jogo apresenta um sistema de batalha por turnos permitindo aos treinadores subir o nível dos seus Pokémons. Cada treinador pode construir a sua equipa de diferentes formas, possibilitando uma experiência única para cada jogador.
Apesar da sua base manter-se intacta, a grande diferença neste jogo reside essencialmente na forma Dynamax. Esta nova forma, presente apenas na região de Galar, permite o crescimento de um Pokémon em situações de batalha. Apresentando vantagens como o aumento da saúde e a força dos ataques, podendo ser utilizada, apenas, em raids ou ginásios.
Ao contrário da Mega Evolution e dos Z-moves, todos os Pokémons podem utilizar a forma Dynamax. No entanto, alguns Pokémons apresentam designs distintos quando entram na formaDynamax. Essas mudanças são conhecidas como formas Gigantamax.
Pokémon Sword & Shield é um jogo muito pensado no competitivo. O jogo apresenta um sistema de experiência partilhada em grupo, semelhante ao de Let’s Go!, e outras funcionalidades que permitem a mudança da natureza do Pokémon e o treino da Ev’s. Estas quality of life improvements melhoram a experiência dos menos experientes reduzindo o grind à volta do desenvolvimento das equipas competitivas.
Expansion Pass
Pela primeira vez na história da franquia, a Game Freak decidiu seguir uma das tendências da indústria ao trazer conteúdo DLC para um jogo da linha principal Pokémon.
Segundo Shigeru Ohmori, diretor do jogo, esta nova aventura adicional veio substituir o terceiro jogo que tinha sido criado nas gerações anteriores (Crystal, Emerald, Platinum).
Com um custo adicional de 30 euros, os fãs poderão obter novos Pokémons, novas histórias e regiões para poderem visitar. A reação, no entanto, foi bem divisiva. A falta de conteúdo no post game e o preço pouco convidativo levou muitas pessoas a reagir negativamente a este anúncio.
O novo conteúdo adicional trouxe duas novas áreas: a Isle of Armor e a Crowd Tundra. Estas duas novas áreas tiraram total partido da maior inovação presente neste jogo, as Wild Areas. Apresentando novas áreas para explorar e com os Pokémons lendários como foco de atenção, estas novas experiências foram totalmente desenhadas para tentar quebrar a linearidade do jogo principal.
Uma das melhores funcionalidades implementadas neste Expansion Pass foram as Dynamax Adventures presentes na região da Crowd Tundra. Aqui os jogadores podem fazer uma série de raids, com o objetivo de tentar chegar ao fim da gruta e encontrar Pokémons lendários dos jogos anteriores.
Apesar dos aspetos positivos do DLC, fiquei desiludido pela falta de uma Battle Frontier com um maior desafio para os jogadores mais experientes. Se por um lado o jogo só apresenta a convencional Battle Tower, o DLC poderia ter sido utilizado como uma justificação para adicionar novos desafios ao jogo base.
Veredito | Pokémon Sword & Shield – Análise ao Jogo
Apesar de faltar algum polimento, Pokémon Sword & Shield ainda é uma aventura muito divertida e que aconselho a todos os jogadores. Com experiências novas, como as Wild Areas e as Dynamax Adventures, senti que a franquia está no caminho certo, apresentado uma jogabilidade bem refinada e acessível para todos os jogadores.
Apesar de ter sofrido muito com as expectativas, o novo jogo da série principal apresenta muitos aspetos positivos. Tal como Pokemón Let’s Go!, este título é uma excelente porta de entrada na série Pokémon para os novos jogadores.
Tendo em conta o tempo de produção de jogo, é importante atribuir o mérito à equipa da Game Freak por ter conseguido criar um mundo coeso, com algumas paisagens muito bonitas, apesar dos seus limites a nível de exploração.
Tem sido uma longa caminhada para a evolução da série, contudo senti que este jogo realmente se esforçou por tentar trazer algo novo. A adição do DLC foi importante para o contributo do resultado final do jogo, sendo possível duplicar as nossas horas de entretenimento em Galar.
Sucintamente, Pokémon Sword & Shield é um bom retorno às consolas “domésticas” com gráficos em HD. Pode não ser uma evolução do tamanho Gigantamax, mas não deixa de ser um passo em frente na serie.
Análises
Pokémon Sword & Shield
Os Pros
- A adição da Wild Area
- Sistema de Max Raids/Dynamax Adventures
- Boa porta de entrada para novos jogadores
- Bom design das cidades
- Conteúdo extra melhorou a experiência final do jogo
Os Contras
- Alguns problemas de performance
- Jogo que pode não apresentar grandes desafios para jogadores experientes
- Narrativa medíocre
- Post Game muito pobre
- O facto de não termos todos os Pokémon disponíveis, pode ser algo que incomode muitos fãs