Record of Ragnarok (ou Shuumatsu no Walküre) estreou na Temporada de Primavera, na Netflix. Uma aposta certeira da gigante de streaming, num manga da Comic Zenon em ascensão, com uma fanbase forte e um conceito que facilmente agrada ao mais comum dos mortais.
Porque gostei do anime Record of Ragnarok?
Vamos começar pelo ponto que mais me atraiu: a história.
Shuumatsu no Walküre narra os acontecimentos do Rangnarok. Nesta série, consiste numa batalha entre deuses e humanos para determinar a aniquilação ou não da raça humana. Várias são as atrocidades que os humanos cometem contra eles mesmos e contra a natureza. Deuses de todo o mundo e de todas as mitologias reuniram-se e decidiram que os humanos não são merecedores de habitar a Terra e, por isso, iriam deixar de existir. Durante esta reunião, fenómenos metereológicos extremos acontecem na vida da Terra. A preparação para o fim do mundo estava criada. Seria este o fim do mundo como nós conhecemos?

Poderia ser não fossem as semi-deusas protetoras dos humanos: as Valquírias. Brunhilde surge na hora H e desafia os deuses a testar os humanos através de um confronto entre humanos e deuses. As regras são simples:
- Quem perder, a sua existência desaparece para sempre (os mortos deixam de poder ser reencarnados ou ir para o “céu”);
- O primeiro lado a ganhar 7 batalhas é o vencedor;
- Se os humanos ganharem poderão existir por mais 1000 anos.
Segundo a mitologia nórdica, meias humanas meias deusas, as Valquirías têm o papel de escolher os mais heróicos guerreiros mortos em batalha para ajudarem Odin no confronto do final do mundo, Ragnarok. No anime, a função acaba por ser semelhante – com a exceção de não terem o apoio de Odin.
É uma linha muito ténue entre invenção do autor e história mitológica. Takumi Fukui e Shinya Umemura, escritores do manga, não criaram a história à toa. Aproveitaram todos os pontinhos da história mitológica em torno da “Batalha do Fim do Mundo” e transportaram-na para a ficção. Mais, pegaram ainda em personagens marcantes da história da Humanidade e usam-nas como gladiadores! Tudo isto com mitologias de todo o mundo à mistura. O resultado desta miscelânea de conceitos humano-mitológicos não poderia ser mais satisfatório! Mas será que isso significa que a adaptação anime o foi?
Record of Ragnarok deixa-me dividida…
Honestamente, queria dizer que não gostei do anime, seria justo face a muitas outras obras que não vi/vejo e que são mil vezes melhores. Mas gostei. Entreteu-me e, por isso, considero que cumpriu o propósito.
Na minha opinião achei que foi um anime péssimo em animação sem o ter que ser, que prometeu mais do deu tendo em conta o material fonte.
Confusos? Vamos lá tentar explicar!
Foi através do meu “fofinho” INFOtaku que passei a conhecer Record of ragnarok. Ele vendeu-me como uma adaptação de um manga muito bom, que ele era fã, e cuja a adaptação teria imenso potencial.
O facto de ser adaptado pela Netflix agradou-me. Primeiramente porque teria acesso de forma legal à obra e, segundo, porque poderia vir dali algo de bom, diferente e, quem sabe, arriscado. Pensava eu.
Quando vi os designs dei check mental ao arriscado. O traço era forte, grotesco. Misturava o típico kawaii japonês com um “quê” de comic americano. Gostei.
E lá decidi arriscar e ver.
Vi os 3 primeiros episódios de rajada e adorei! Simplesmente fiquei embriagada em hype. Amei aqueles 45 minutos de puro êxtase numa batalha com uma personagem que tanto adoro da mitologia nórdica: Thor!
Mas se estava louca com Thor, nada me preparou para a batalha de Zeus (se quiseres saber mais sobre este deus, podes encontrar mais informações aqui: http://www.gpa.pt) contra uma das personagens mais badass e inesperadas de toda a primeira temporada! Ou seja, mitologia atrás de mitologia vs personalidades mundiais e sempre a melhorar!
Vamos ser sinceros, toda e qualquer obra (anime ou sem ser) que envolva mitologia, i’m in! Sou louca por mitologia… E adoro história… Pois bem, estão a ver o combo, right?
Fiquei embebida com o conceito sem mesmo olhar com olhos de ver para mais nada…
Isto para dizer que o meu hype é mesmo “só” isso: hype!
O melhor da série: o conceito!
O conceito por detrás desta obra é genial e envolve vários termos conhecidos: as valquírias, deuses de diversas mitologias, todos agrupados para… Destruir a humanidade! Que contrastam com humanos marcantes e com personalidades e passados únicas cujo objetivo é lutarem até à morte para destruirem sem dó nem piedade aqueles deuses.
Record of Ragnarok não tem medo de matar personagens, de ser sanguinário, do horrendo, do nojento. Usa e abusa de personagens controversas de ambos os lados da barricada. Mais, não temos deuses complacentes, empáticos ou que manifestem qualquer tipo de carinho pelos humanos. São seres superiores que encaram a raça humana como algo descartável.
Em cada confronto os personagens são explorados. Conhecemos o passado de cada um, a sua personalidade e vemos a reação da plateia a responder ao que veem. Quase como se nós acompanhassemos a jornada enquanto espectadores.
Parece incrível não é? Não tinha por onde falhar, excepto pela animação… Lá está! Daí parte da frustração da maioria dos espectadores.
Record of Ragnarok levou hate por duas razões principais:
- A animação ter sido péssima nível slide de imagens em plena batalha;
- Expectativas defraudadas por quem esperava um anime de “porradão”.
A primeira têm razão para estarem chateados. Não há razão para uma animação tão má. Se os designs eram complicados para um anime 2D fluído, diminuiam na quantidade de traço e pormenor. Acredito que a maioria prefere algo consistente e bom que um slide wallpappers lindíssimos.
Era escusado esta fraca produção em algo que exigia ser grandioso, megalómano, e que acabou por ser “meh” na animação, sobretudo quando esta era mais necessária: nas batalhas.
E isto leva-nos ao outro ponto: Record of Ragnarok ser ou não um anime de batalha.
Record of Ragnarok é um anime de luta?
Segundo amigos meus que leram o manga (obrigada Tiago e João) a série foca-se muito mais na história das personagens que na batalha em si. Tal como na adaptação, o confronto entre os gladiadores é mais uma espécie de motivo para explorar cada personagem e não o foco do episódio. Claro que tudo gira em torno de quem luta com quem, mas pelo que vi e pelo que me contaram penso que é um erro acharem que vão ver alto porradão entre os personagens.
Valerá a pena ver Record of Ragnarok?
Record of ragnarok poderia ser uma experiência única em que seriamos envolvidos por toda a narrativa e tornar-nos-iamos também nós num dos humanos que assistem na arena. Mas não o é. Apesar de todo o hype que senti a assistir não é um anime perfeito e longe disso.
À medida que avançava nos episódios, e já mais contida face ao hype inicial apercebi-me do quão má a animação ao ponto em que estragavam um pouco a experiência. Apercebi-me também que as batalhas per se não eram nada de especial (se esperam algo nível One Punch Man, Demon Slayer, Jujutsu Kaisen ou até, torneio nível DragonBall, esqueçam!).
É uma série que vive assente num conceito que resulta muito bem por ser reconhecível por todos. Um anime que todo ele é um tournment ARC. E no fundo é genial, right? Aquele ARC que a maioria de nós adora nas séries anime todo ele a ser… um anime!
Por isso – e porque acho que todo o conceito da obra é bom – acredito que vale a pena assistir. Não vão com expectativas elevadas e tenham em mente que vão encontrar algo diferente e longe de ser perfeito mas que, mesmo assim, é bom o suficiente para entreter e passarem um bom bocado.
Análises
Porque gostei do anime Record of Ragnarok?
Shuumatsu no Walküre narra os acontecimentos do Rangnarok. Nesta série, consiste numa batalha entre deuses e humanos para determinar a aniquilação ou não da raça humana.
Os Pros
- O conceito
- Algumas personagens
Os Contras
- A animação
- As batalhas per se