Pupa foi uma das apostas da Studio Deen para a temporada de inverno do ano transato. Uma aposta bastante económica tendo em conta o tempo de transmissão reduzidíssimo de cada episódio da série. Ainda assim, terá valido a pena o investimento nesta história? Ou estará este projeto destinado a cair no esquecimento de todos com o passar dos dias?
Pupa | A História
Pupa acompanha de forma muito fugaz a vida dos irmãos Hasegawa. Yume, a irmã mais nova, um dia sofre uma estranha transformação associada à infeção de um vírus (Pupa) que a torna dependente de carne humana para sobreviver. Mais tarde, o mesmo acontece ao seu irmão, Utsutsu, que começa a oferecer o seu corpo como alimento à irmã para ela sobreviver.
Pupa | Ambiente e Enredo
Esta análise é feita sem qualquer conhecimento da manga na qual a série é baseada. Independentemente daquilo que Sayaka Mogi possa ter criado por lá, o que é facto é que esta produção conseguiu ser das piores que já vi nos últimos tempos.
Penso, penso e volto a pensar sem nunca me lembrar de um ponto positivo que seja. A história é horrível e cheia de lacunas. Horrível tanto no sentido do horror enquanto estilo de obra como em termos construtivos, de diálogo, de bom senso. Quando Utsutsu diz que “ser comida viva (para a irmã) não é assim tão mau” ao mesmo tempo que é devorado por ela acho que não é preciso dizer muito mais, particularmente se olharmos para o seu sofrimento enquanto profere estas palavras. Caso para dizer que a linguagem gestual não engana ninguém.
Depois há o vírus (Pupa) que pouco ou nada se sabe sobre ele. Exceção feita à transformação que causou em Yume e que não se manifestou no irmão (nonsense), a par da alta capacidade de regeneração do corpo e da necessidade de alguns dos seus portadores se alimentarem de carne humana. Sim, porque nem todos precisam! Os seus meios de propagação: como foi criado, como combatê-lo, o seu passado, tudo isto são coisas que ficaram por explicar. Com quatro minutos por episódio, sendo que um é dedicado ao opening e ending, pensa-se que em parte é possível justificarem-se algumas destas falhas com a falta do tempo. No entanto, a certa altura a linha de pensamento muda e chega-se à conclusão de que foi melhor assim, isto é, o anime ter acabado rápido, para própria satisfação do espectador ou, em outras palavras, para suavizar a agonia que é ver Pupa.
O último episódio é outra incongruência berrante. Não sei se para explicar a parte final do que se passa na manga (falta-me conhecimento!). Certo é que nada teve a ver com os anteriores e desligou-se por completo do que já tinha sido transmitido. No fundo, foi mais uma surpresa desagradável para a qual a série já nos tinha preparado aquando do desaparecimento do nada de uma rapariga com ar de bruxa e de vilã (Ai Imari), e de um médico: uma dupla cujas intenções nunca foram totalmente reveladas e que também se evaporaram da história num abrir e piscar de olhos. Com lacunas destas é difícil interligar o que quer que seja, algo que agrava ainda mais uma história facilmente dispensada pelo espectador devido à agressividade estúpida e francamente insensível. Uma irmã que tem de comer, no sentido literal da palavra, a carne do corpo do seu irmão? Francamente …
Se é difícil bater-se mais no fundo em termos de enredo, engane-se quem pensa que a nível ambiental a obra conseguiu ganhar pontos. Quando alguma coisa está mal, tudo parece estar mal, e aqui o verbo “parecer” acaba por ser francamente amigável.
O desenho utilizado para a animação é altamente rabiscado. A existência de quaisquer pormenores e traços de detalhe é nula.
A banda sonora nem se faz ouvir, talvez pelo impacto negativo que a obra consegue causar. Com exceção da parte final do opening onde o nome do anime é repetido várias vezes, não há qualquer outro tipo musical vocal ou badalada que consiga emitir do meu cérebro para os meus ouvidos na tentativa de desfrutar de algo.
A animação é francamente pobre e, para agravar isto tudo, a censura parece uma luz intermitente, pois tanto marca presença numas cenas como deixa de o fazer noutras mais horrendas e chocantes.
Pupa | Juízo Final
Para um anime que queria ser pobre, Pupa foi realmente capaz de reunir todas as caraterísticas negativas que uma produção é capaz de colecionar. Esqueçam este trabalho de Tomomi Mochizuki, não vale definitivamente a pena, são 48 minutos de transmissão prejudiciais à nossa vida e um atentado àqueles que tentam fazer do anime um tipo de entretenimento belo, historicamente interessante e claro, como o nome indica, capaz de nos entreter.
Análises
Pupa
Um anime capaz de reunir todas as caraterísticas negativas que uma produção é capaz de colecionar.
Os Pros
- Nada
Os Contras
- Tudo