Com a estreia nesta temporada do anime Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu, podem ter ficado interessados no rakugo, a arte japonesa de contar histórias. Neste artigo, vamos ficar a conhecer um pouco mais sobre este tema!
Em português, rakugo (落語) significa “palavra caída” no sentido do termo inglês “punchline”, e surgiu há cerca de 400 anos. Por aqui já se percebe que o objetivo principal do rakugo é entreter a audiência contando uma história cómica. A singularidade do rakugo em comparação a outro tipo de performance é a de ser extremamente minimalista – no palco apenas há uma pessoa, o rakugoka ( 落語家,“contador de rakugo”), que leva consigo apenas dois acessórios: um leque (扇子, sensu) e um pano de mãos (手拭, tenugui). Sentado na posição formal de seiza, o rakugoka conta apenas com estes dois objetos e o seu talento para contar uma história, que pode ter múltiplas personagens, adaptando a sua posição, tom de voz e maneira de expressão a cada uma delas e assim distingui-las. Por exemplo, se a personagem for um velho, o leque pode servir de bengala, ou, se for um barqueiro, pode servir de remo.
Ao entrar em palco, o rakugoka é acompanhado de música tocada por instrumentos tradicionais. Antes de começar a história, ele faz um pequeno monólogo, que pode servir para explicar à audiência o que vai representar e também para o artista “testar” o público que tem e assim adaptar a sua representação. Existe um cânone de histórias tradicionais já bem conhecidas na cultura japonesa, que envolvem geralmente personagens-estereótipo do Período Edo (1603-1868, durante o qual o rakugo se desenvolveu), e as atuações variam entre 10 a 40 minutos. Alguns rakugoka também escrevem as suas próprias histórias.
Para alguém se tornar rakugoka, é preciso aprender com um mestre. O treino, que dura alguns anos, consiste não só em praticar a arte, como também fazer tarefas domésticas e obedecer às imposições do mestre, pois o aprendiz fica a viver na sua casa durante este período. É o mestre que confere ao seu aprendiz o seu nome artístico e este só pode começar a atuar quando o primeiro achar que está devidamente preparado. Hoje em dia, os rakugoka não se limitam a homens japoneses: também há rakugoka do sexo feminino e até estrangeiros, e não se limitam apenas à língua japonesa!
O rakugo é assim um exercício de imaginação, tanto do contador, como do público. Graças à vividez do discurso do rakugoka, o público consegue ser levado para dentro da história contada e apreciá-la no seu pleno.
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