O ptAnime orgulha-se de apresentar aos nossos caros leitores, uma entrevista a uma pessoa que já esteve no Japão. Deixo já aqui os agradecimentos a Sérgio Santos que teve a amabilidade de partilhar um pouco da sua experiência aqui no site. Espero que gostem.
Apresente-se: Quem é Sérgio Santos?
Sou um jovem de 39 anos, vivo em união de facto com uma senhora romena e tenho dois filhos. Sou técnico de higiene e segurança há sete anos e trabalho neste momento para uma empresa de Lisboa. Sempre, desde a infância, tive o desejo e vontade de conhecer novos países e culturas diferentes e, felizmente para mim, neste momento trabalho numa empresa que me proporciona isso visto que todos os trabalhos que temos são no estrangeiro, por todo o mundo.
Apresente-nos o Japão. O que pensa da sua cultura e costumes?
Sinceramente, não fiquei muito impressionado em relação à cultura e aos costumes japoneses (talvez por causa da minha personalidade aberta e espontânea). Nas diversas situações que vivi (pessoais e profissionais) senti demasiado rigor e inflexibilidade. São extremamente organizados, rotineiros e intransigentes e não são muito recetivos a tudo o que seja improviso ou ação impulsiva. Tudo é sistematizado e programado para o dia-a-dia de acordo com as regras definidas. No contacto físico/pessoal, são frios, distantes e nada recetivos ao toque. Pelo que a tradutora que me acompanhava (de origem japonesa) me transmitia, eles sentiam a proximidade física como invasão do seu espaço e imediatamente rejeitavam qualquer contacto. Também nunca cheguei a entender o sentido de humor deles. O nosso (latino) leva sempre à mistura um pouco de malícia e de sarcasmo. Via-os a rir uns com os outros mas nunca achava piada ao que me era traduzido.
Pelo que me foi dito, a mulher dá o dinheiro para o dia do marido e é ela que gere as contas diárias. Até aí, tudo bem, mas como eu tinha a oportunidade de almoçar diariamente fora da fábrica em que trabalhava, podia acompanhar o movimento da cidade. Nas mesas dos restaurantes e lojas, só se via grupos de mulheres. Entendia que enquanto os homens iam para o trabalho, elas saíam para socializar.
Passeei sozinho e acompanhado e senti que quando andava sozinho era mais bem tratado. Aproximavam-se e começavam a tentar conversar mas eu não entendia nada e acabávamos sempre por sorrir. Só tentei falar inglês no primeiro dia, mas apercebi-me que ninguém falava inglês ou estaria disposto a falar outra língua que não a deles. Caricato é que eles falavam connosco em japonês, nós respondíamos em português e no final todos nos entendíamos. Vá-se lá saber porquê…
Por exemplo, nos restaurantes nunca passamos fome pois normalmente têm um prato de amostra e o que está na amostra corresponde exatamente ao que vão servir. Se tiver 4 batatas fritas na amostra, 4 batatas fritas aparecerão na mesa.
É impressionante o aproveitamento do espaço. Está tudo tão sobrelotado que dá para perceber porque aproveitam cada canto. Ruas estreitas, casas misturadas com armazéns, muito betão e aço (ferro). Cidade é cidade e dificilmente encontram espaços verdes. Talvez um campo de treino de golf (que ao principio pensei que fosse campo de basebol, mas a tradutora explicou que não), mas pouco mais. Surpreende também a independência que eles têm. Encontrei poucos produtos importados e de poucos lugares (França, Itália e alguns países da América do Sul – Chile, Venezuela).
Curioso foi verificar que em muitas lojas e até artigos aparecia o português escrito. Era japonês, inglês e português. Fiquei a saber que se devia ao facto da existência de uma grande comunidade brasileira no país. Alguns dos meus colegas conviveram bastante com brasileiros descendentes de japoneses que falavam (não liam) japonês. Foram, inclusive, contratados pela fábrica onde trabalhei para facilitar a comunicação entre todos.
Compare a sociedade japonesa com a portuguesa.
Definitivamente, penso que os japoneses são programados, enquanto que os portugueses recorrem aos improvisos. É o extremo da organização versus a anarquia e a lei do desenrasca. No final dos trabalhos perguntamos aos nossos clientes como avaliavam o nosso desempenho em comparação com empresas japonesas que trabalharam lá antes de nós. De forma explícita, disseram-nos que nós resolvíamos mais rapidamente os problemas e que eles para fazerem algo semelhante perante um obstáculo teriam que fazer várias reuniões, discussões, escrever documentos, analisar novamente e só se faria algo passado quase uma semana. Elevam a outro nível a ideia que tinha de organização. São cumpridores, educados por sistema e a norma é evidente e é igual para todos.
Na rua, em casa, nos restaurantes, tudo está definido. Os comportamentos, o que é permitido e o que é proibido. Achei estranho, por exemplo, que não se pudesse fumar em nenhum lado da rua ou que não se pudesse andar, falar ao telefone e fumar em movimento. Parece surreal mas era mesmo assim que se passava. Em contradição ao facto de não se poder fumar na rua, todos os restaurantes tinham zonas de fumadores que não tinham diferença ou qualquer separação física da zona de não fumadores.
Todos sabemos que o português é de bom sustento… gordinho e cheiinho. Não vi japoneses gordos! Comem pouco e muitas vezes ao dia e trabalham que se fartam (claro que têm que queimar todas as calorias que absorvem). Nós somos boémios e gostamos (ainda) da esplanada e do convívio. Onde estive não se verifica isso. O ritmo diário era casa-trabalho-casa. Existem muitos bares, mas não discotecas ou salões para dançar. Esses bares eram frequentados apenas por solteirões abandonado e deprimidos, nos quais existiam grupos de meninas (senhoras), que não se podiam tocar e que estariam ali apenas para ouvir os desabafos dos clientes. Cantavam-lhes uma música em karaoke, se pedissem e pagassem por isso. O tempo de permanência no bar era limitado a duas horas e no fim é obrigatório sair e ir para outro lado.
Quando chegamos lá, eu e o restante grupo de cinco pessoas no qual primeiramente me integrei, decidimos sair para conhecer e conviver. Depressa concluímos que não seria ambiente que nos agradaria e dificilmente repetiríamos a experiência de uma saída à noite. Sente-se segurança a andar na rua e nada desaparece do local onde se deixa as coisas. Não sei se será porque eles têm tudo sob vigilância, mas a segurança e tranquilidade era evidente e agradavelmente real.
Para dar uma ideia do rigor em relação ao estacionamento, era proibido pôr o carro noutro local que não fosse o previamente definido. Estacionar na via pública é absolutamente proibido e se porventura parássemos em frente a alguma porta de um estabelecimento, por pouco tempo que fosse, tínhamos logo que levar com os raspanetes e resmungos (num tom ameaçador) da dona. Aconteceu-me várias vezes pois eu conduzia um carro lá. Valia-me que, pelo menos na minha cabeça, ela ficava a pensar que eu era americano e nunca lhe passava pela cabeça que era português.
Tinham dia definido semanal de limpeza das ruas, e todos se envolviam nisso. Vestiam um colete fotoluminescente, pegavam num saco para o lixo, calçavam luvas e era vê-los durante uma hora a limpar a rua ao seu redor. Tinham dia definido para recolha de cada tipo de lixo (combustíveis e não combustíveis). Se por um lado não desperdiçavam nada (exprimiam toda a substância comestível de todos os alimentos), por outro lado eram muito esbanjadores. Verificou-se muito no momento da nossa saída final.
Estavam 80 portugueses em quarenta casas. Quando entramos nos apartamentos tínhamos uma cama individual de colocar no chão (colchão e edredão), um kit se sobrevivência com duas caçarolas, pasta de dentes, papel higiénico, talheres para uma pessoa, entre outros. Tivemos que comprar algumas coisas como grelhadores, caçarolas maiores, pratos e mais talheres. No final, todos esses artigos (novos) foram enviados diretamente para o lixo e nem pensaram na possibilidade de os dar para ajudar os mais carenciados. Era tudo para reciclar, mais nada! Assim estão sempre a produzir, criam empregos e geram receitas económicas.
O nível de vida é muito elevado e tudo é muito caro. Consumíveis alimentares (frutas e legumes) eram vendidos à unidade e não ao peso! Se chegassem cedo ao mercado e quisessem comprar peixe podiam pegar no maior e pagariam tanto como pelo mais pequeno. Tudo era rotulado com o mesmo valor. Reparei que aproveitavam e vendiam a gordura excessiva de frangos… Nunca soube o que faziam com aquilo. Além disso era mais cara que as asas dos frangos que nós tradicionalmente comemos.
Constatei que atribuem a verdadeira importância que as coisas merecem e que sabem distinguir o essencial do supérfluo. Note-se na questão alimentar: é tudo muito caro mas nada é desperdiçado. Tudo, em todos os alimentos, é aproveitado. Por outro lado, o que pode ser reutilizado e reciclado é descartado facilmente e transformado. Eles já se prepararam para comer pouco e comer cru, nós ainda estamos habituados ao prato cheio, comida cozinhada e quente.
Têm treino de sobrevivência para situações de emergência. Estão bem ensaiados em relação a isso e reagem de acordo com a situação em que estiverem envolvidos. É também interessante verificar o sistema de som e altifalantes das ruas. Todos os dias, à mesma hora de manhã e da tarde, ouve-se música por todo lado (a mesma música).
De manhã significa que o dia de trabalho vai começar e que todos devem fazer exercícios de aquecimento (como uma dança comum), “ritual” que todos cumprem. Ao final do dia é como uma voz de comando e de chamada para os mais pequenos entrarem em casa. É “castiço”, engraçado e diferente.
Não sei qual foi a luz que viram, mas tenho a certeza que estão muitos anos avançados em relação a toda a humanidade.
Quanto tempo esteve no Japão?
Fui para o Japão no dia 15 de abril de 2012 e regressei a Portugal no dia 1 de julho. Voltei ao Japão no dia 12 de julho e regressei definitivamente a Portugal no dia 18 de agosto de 2012. Passei cerca de quatro meses lá.
Para onde é que viajou? Achou essa cidade interessante? Quais são os passeios imperdíveis?
Estive em Ichihara-shi, província de Chiba-ken. Esta cidade fica na baía de Tóquio, exatamente no lado oposto à capital. Ao circundar a baía, de carro ou de comboio, passamos pela Disneylândia a aproximadamente 70 km da cidade onde estava. Chiba-ken tinha alguma vida noturna (discotecas) mas para festas a sério tinha de se ir a Tóquio. De viajem eram 80 km pelo círculo da baía ou 20 km se atravessássemos a baía pelo meio, entrando pelo aqueduto que está por baixo de água da baía. Fiz esse trajeto por duas vezes mas, economicamente, é preferível dar a volta à baía.
Vi muitos templos e mosteiros mas sinceramente, depois de se ver um, todos os outros em pouco se diferenciam. Fui e recomendo a ida ao parque zoológico de Monte Fuji, na mesma direcção passamos por cataratas bonitas e interessantes. Passamos pela praia que estava à distância de 80 km em sentido oposto a Tóquio. Não eram praias de areia fina o que não agradava muito.
Quero apenar frisar que devem ir bem preparados financeiramente. Repito que o nível de vida é muito elevado e tudo é muito caro.
Gostou de lá estar? Como avaliaria a sua estadia?
Nos primeiros tempos a estadia não foi muito agradável, não por não gostar do local em si, mas porque a minha ida foi no âmbito profissional, o que significava grandes responsabilidades como a preparação da chegada de 80 homens. Tive muito trabalho nos primeiros dois meses, quase virava japonês pois era muito casa-trabalho-casa. Com o passar do tempo era mais uma questão de manutenção e relembrar aos meus colegas dos costumes e das regras a cumprir.
No final do mês de junho comecei a dar umas voltas a pé pelas imediações do apartamento no qual fiquei e presenciei procissões das quais não entendi o significado. Achei bonito, mas não entendi nada. Infelizmente (porque eramos muitos) não dava para andar sempre com a tradutora em exclusivo e por isso muitas das saídas não terão sido bem aproveitadas. Na última quinzena da minha estadia, aí sim, tive muito tempo livre e a companhia da tradutora, que se movimentava bem e sabia o que nos agradava, encaminhando-nos pelos locais escolhidos e mais interessantes da zona.
No final, considerei uma experiência positiva, mas não creio que o Japão me cative e não sei se porventura regressaria lá em turismo. Penso que terei de volta em trabalho no próximo ano para a província de Quioto, mas se não me calhar a mim, não ficarei nada triste. Gostei muito da forma como tratam jardins e as construções típicas e tradicionais (principalmente as cores das pinturas externas e a forma dos telhados) mas parece-me que está a cair em desuso e que começam a construir mais da forma ocidental.
Gostou da alimentação? Quais os seus pratos tradicionais locais prediletos?
Felizmente para nós, que estávamos instalados em apartamentos equipados com cozinha, cozinhar à nossa maneira e pelos nossos hábitos era algo possibilitado. Eu almoçava todos os dias fora, mas sempre em dois restaurantes do tipo italiano, com muita massa e pizzas. Comia-se bom frango assado e bifes grelhados no ponto, muito apetitosos e com molho saboroso.
Enalteço a qualidade das frutas e legumes. Os sabores deles transportavam-me para a minha infância, em que a fruta tinha sabor e cheiros profundos e intensos. Não se sentiam transgénicos nem aditivos e não tinham pesticidas. Nesse aspeto ganham-nos de longe. Comi várias vezes sushi (ao principio algo reticente) mas porque seguia em comitiva e tínhamos que comer algas. Arroz enrolado em algas é algo que não repito. Também tive várias oportunidades de comer rodízio de carnes grelhadas. O centro da mesa era um grelhador no qual colocavam as travessas com diferentes tipos de carne à nossa frente e era até acabar com tudo. Claro que no final “cheirava a alho”… era muito caro esse serviço. Muita cerveja à refeição, dificilmente se encontra vinho na mesa dos restaurantes. Também enchiam jarros de água tingida, muito fresca. Chamo-lhe assim porque não era chá, não era água pura e não era café que tinha misturado, era água tingida. E estavam sempre a encher o jarro!
Não é fácil encontrar pão a não ser do de forma. Trigo, broa de milho: o que é isso?
Como era o clima na altura em que lá esteve?
Abafado, muito abafado. Bebia-se muita água desde manhã até à noite. E se a maior parte do tempo dava para andar em calção e manga curta, e mesmo assim transpirava, muitas vezes tive de fugir de chuvadas frias e de gotas pesadas. E de repente, como começava, também parava e voltava o clima abafado e de ar húmido.
Presenciei dois tufões que, naturalmente, impossibilitavam a saída à rua. Diariamente sentiam-se, com maior ou menor intensidade, sismos. As casas abanam mesmo!
Assusta ao início, mas depois até dá para brincar com as situações e reações de uns e de outros.
O que acha da música japonesa?
Ouvi dois tipos de música cantada por eles. Agradou-me mais a tradicional, aquela que ouvimos nos documentários sobre o Japão, que nos ajuda a fechar os olhos e nos transporta para o nosso interior, mais melódica e equilibrada.
Em relação à música moderna, dos bares, não achei muita graça e, pela fonética, não senti a rima e concordância a que estou habituado. Não entendia as letras, por isso não posso avaliar o conteúdo.
Quanto tempo de estadia é o ideal para conhecer a cidade onde esteve?
Ichihara-shi é muito industrial, tendo só praticamente fábricas. Tem dois ou três pequenos templos, mas nada de interessante. Se ficarem instalados em Chiba terão muito mais por onde escolher, para além das facilidades de ligação de comboio com Tóquio. As ligações ferroviárias são surpreendentes, pela frequência e pela pontualidade. Este é o meio de transporte de eleição e que eu, pessoalmente, recomendo. Se optarem por andar de carro sair-vos-á muito caro (portagens) e ser-vos-á muito difícil arranjar estacionamento. Creio que em dois dias vêm tudo de interessante em Chiba. Destinaria dois dias e duas noites a Tóquio e dois dias pelas redondezas do Monte Fuji. Basicamente, numa semana vê-se tudo o que se tem de ver… depois será só mais do mesmo.
Viajou em trabalho. O que tem a dizer sobre o nível de vida japonês?
Sinceramente, não é nem com o ordenado suíço, luxemburguês e muito menos com o português, que se poderá ter algum conforto e comodidade. Contrariamente ao que pensava antes de viajar, os eletrodomésticos são caríssimos, os equipamentos eletrónicos (computadores, telemóveis, televisores, etc) são ao preço europeu (comparo com preços como os de países como França e Alemanha).
Não vi ostentação de riqueza pela maioria do povo e é muito difícil vê-los a sair à rua sem ser para o trabalho.
A alimentação é muito cara (paguei 1,50€ por uma maçã) Batatas, cebolas, tomates… tudo se vende à unidade, e é caro! Os alojamentos também são dispendiosos.
Sei que teve ajuda de uma tradutora, mas apreendeu algumas palavras ou caracteres próprios da língua? Gosta da fonética ou era algo que nunca gostava de aprender?
Sim. Quando cheguei pedi imediatamente que me escrevessem a fonética de algumas palavras e expressões mais usadas diariamente. Quando fui, levei comigo a informação de que os japoneses ficavam contentes com quem fizesse o esforço em usar a língua deles. E eu fazia!
Agrada-me a fonética e a acentuação. Às vezes parecia que estavam a cantar, outras que estavam mesmo muito zangados, mas afinal era só mesmo da fonética… dava mesmo para rir (entre nós) essa pronunciação. Não creio que seria fácil para mim aprender, pois a minha cabeça já está na fase de saturação em relação a idiomas (já são seis). E quanto à escrita… bem, os caracteres não se parecem com nada e têm significados que nem passam pela cabeça. Tentei fixar o de saída e o de entrada, o do extintor… mas nada!
Levei comigo uma camisola que tem caracteres japoneses e pedi à tradutora que me dissesse o que lá estava: “Grande rei óleo”. Gostava tanto da camisola, que agora está posta de parte. O marido dela foi mais profundo na tradução e disse que lá estava: “Grande rei do petróleo”. (Venha quem os entenda, eu não!)
É claro que para a minha forma de ser, falar e fazer-me entender diretamente, é o que desejo e considero vital. Muita coisa se perde na tradução e interpretação, mas não se pode saber tudo e se não fosse assim não tinha conhecido tão boa gente como é a tradutora.
Mas se quando houver o tal cataclismo que eles apresentam em muita da animação, se só sobrarem eles e eu à face da Terra, eu aprenderei japonês… ou eles aprenderão português!
Certamente deu uns passeios e visitou algumas lojas. Achou algo de agradável? Viu lojas especializadas em artigos de animação e manga?
Peço desculpa, mas não vi mesmo nada disso. Talvez porque não ia com o espírito ou com a intenção de encontrar. Vi muitos restaurantes, muitos locais onde comer, muitas lojinhas de “bugigangas”… pareciam aquelas barraquinhas em Fátima, todas vendiam o mesmo.
Se possível, trocaria Portugal pelo Japão?
Não, definitivamente não. Nem por questões financeiras.
O que achou da televisão japonesa? Qual a importância da animação? Avanço-lhe desde já que a venda dos direitos de exibição só aos EUA representa cerca de 4.35 biliões ao ano.
Os japoneses são maestros em exportação. Exportam de tudo, e nós consumimos!
Creio que eles nem sequer as fazem à nossa medida (as animações). A interpretação que nós damos é que assume um cariz irónico e de humor, e por essa razão gostamos tanto. Mas para eles são mensagens sérias, muito sérias, de alertas, prevenção e sobreaviso. Eles estão muito à nossa frente e vão-nos avisando dos perigos que vivemos nos dias de hoje.
A manga é um importante símbolo do Japão. Alguma vez comprou uma lá? Adianto-lhe o facto de que só a edição de mangas representa mais de um terço da tiragem e mais de um quarto dos rendimentos do mercado editorial japonês.
Pois, pode até ser verdade o que diz acima, mas como eu não sei ler japonês, não me interessava comprar publicações.
O que falta dizer a quem pretende visitar o Japão pela primeira vez?
Que vão bem informados sobre os costumes, que se façam acompanhar de quem entenda e se mova bem por lá. Que vão com o espírito bem aberto e com a certeza que deixarão por lá muitos (mas muitos) ienes, caso contrário não aproveitarão nem verão nada de especial.
Honestamente, vale pela experiência e por poder dizer: fui ao outro lado e vim!