Título: ReLife
Adaptação: Manga
Produtora: TMS Entertainment (Zetman)
Géneros: Escolar, Slice of Life, Romance
Ficha Técnica: Disponível
ReLIFE | Enredo e Personagens
A história acompanha Kaizaki, um homem de 27 anos desempregado que falha em todas as entrevistas de emprego. A sua vida muda quando lhe é oferecida a oportunidade de testar uma nova droga – que pode mudar a sua aparência para um jovem de 17 anos. Como teste e experiência ele é enviado de volta para uma escola secundária por um ano.
Para aqueles que, assim como eu, adoram Slice of Life, ReLIFE tem das premissas mais cativantes dos últimos tempos. Quando entendi que já tinha os treze episódios ao meu dispor, entrei na aventura. No entanto vale a pena relembrar que uma sinopse cativante não é suficiente para manter os espectadores envolvidos na trama. É necessário conseguir desenvolver o ponto inicial de maneira coerente.
Isto é uma característica imediata de ReLIFE. O facto do protagonista saber quase tanto como nós faz com que a narrativa seja construída gradualmente. Existe uma preocupação inegável em criar um enredo com bases sólidas antes de o preparar para cliffhangers ou plot twists. Tal parâmetro fez-me aplaudir esta obra desde do seu começo. E a verdade é que essa “homogeneidade” manteve-se firme até aos últimos episódios.
Um dos grandes segredos deste anime é provavelmente o desenvolvimento do personagem principal. Tratando-se de um homem mais velho, é muito curioso o comportamento deste num ambiente escolar. Seria de esperar que ele fosse o mais “maduro” da turma e talvez o mais consciente. Contudo, em apenas alguns meses como um simples estudante do ensino secundário, Kaizaki aprendeu mais do que em qualquer outro momento da sua vida.
Quando o anime inicia, ele é aquele típico rapaz que se preocupa muito com os amigos e que tenta ajudar toda a gente da maneira que pode – até perceber que ele mesmo também precisa de auxílio. De certa maneira, o anime levanta uma questão muito importante: todos temos algo a acrescentar na vida de alguém e vice-versa.
Podemos usar como exemplo disso também a Chizuru. Apesar desta ser extremamente inteligente e focada, era isenta de sentimentos. Durante grande parte da sua vida acreditou que esse deveria ser o padrão a seguir. Porém quando conheceu Kaizaki, começou a sentir necessidade de ter amigos, de poder falar com alguém e criar relações.
Apesar de haver vertente de drama intrínseca no enredo inerente a esse desenvolvimento das personagens, ReLIFE não é um anime propriamente “pesado” emocionalmente. É uma obra quotidiana focada em problemas corriqueiros de um grupo de adolescentes. Existem momentos mais delicados como é óbvio, mas também existe uma comédia bem light a acompanhar a narrativa. As piadas não são forçadas, são sim naturais. Baseiam-se em pormenores toscos que nos fazem sorrir.
Por esta altura já devem pensar que ReLIFE é uma obra de arte, não é mesmo? Realmente, o anime é uma obra muito coerente e com uma direção de excelência no que diz respeito ao roteiro. Contudo, existem alguns detalhes que poderiam ter sido melhor limados. Como já referi, o desenvolvimento de personagens é, no geral, um dos pontos fortes da obra. Porém, no meu ponto de vista, apenas a Chizuru e o Kaizaki são realmente interessantes. Os restantes protagonistas são diversificados, mas também vazios. Alguns são até exagerados e com demasiados complexos, tornando-os assim pouco realistas.
ReLIFE | Ambiente
A nível visual ReLIFE já não é tão merecedor de elogios. O estúdio, apesar de já ter trabalhado em diversos animes, ainda é considerado mediano. No geral, a animação é pouco fluída e digna de uma obra de 2008. Os rostos dos personagens são bem simples, mas as expressões exageradas nos momentos certos compensam bastante isso. É óbvio que um Slice of Life não precisa necessariamente de possuir uma produção técnica incrível, mas convínhamos: é sempre um ponto a favor.
Se por um lado, “perdoa-se” a arte mediana, a banda sonora medíocre não passa tão despercebida. Animes com drama deveriam sempre ter músicas que apelassem ao lado mais emocional, que intensificassem os momentos cruciais e que demonstrassem algum sofrimento.
Em ReLIFE consideraram que jazz seria a opção mais viável. Sou obrigada a discordar. A qualidade da banda sonora não é propriamente má, mas está longe de ser adequada. Para começar o número de faixas disponíveis devia ser bem escasso, fiquei com a sensação de ouvir praticamente o mesmo em todos os episódios. Ou seja, para criar ambiente e tensão, a banda sonora deste anime não serve.
ReLIFE | Juízo final
Penso que ficou bem evidente o quanto eu adorei ReLIFE – sendo que acho bem difícil algum anime desta temporada ser tão bom. Estamos perante uma obra coerente e uma narrativa bem construída onde todos os elementos são muito bem combinados. Claro que não é uma história perfeita e possui alguns pormenores que deixam a desejar. No entanto, na sua generalidade, é um anime muito bom.
Sem dúvida que o recomendo a toda a gente. Apesar de ser um Slice of Life, não é uma narrativa restringida a um público-alvo específico, e sim uma obra que consegue abranger vários gostos. Um dos motivos para tal é a fácil identificação com os personagens principais, por isso é simples apegarmos-nos ao enredo. Concluindo, posso dizer que deve ser, até agora, o melhor anime do ano em termos de narrativa.
Análises
ReLIFE
Um enredo forte, com um protagonista peculiar, que só peca nos aspetos técnicos.