Baseado numa Light Novel com o mesmo nome, a adaptação animada de Rokka no Yuusha prometia-nos um anime de ação acompanhado com uma boa dose de fantasia.
Rokka no Yuusha | Opening:
“Cry for the Truth” – Mich
Rokka no Yuusha | Enredo e Ambiente
A história original de Ishio Yamagata dá-nos a conhecer um antigo mito. Diz a lenda que quando o Deus Maligno despertar das trevas, a Deusa do Destino escolherá seis guerreiros a quem será dada a tarefa de salvar o mundo. O nosso protagonista Adlet Mayer – que se auto-intitula de “homem mais forte do mundo” – é um dos seis especiais e parte numa jornada para encontrar os seus companheiros e seguir rumo à assombrosa batalha com o Deus do mal. Aparentemente, o plano tinha todos os ingredientes para dar certo até os guerreiros se reunirem no ponto de encontro e perceberem que em vez de seis, são sete. Alguém está a fazer-se passar por um dos escolhidos, e as suspeitas caem imediatamente em cima de Adlet.
A vantagem de eu não ler premissas antes de ver um anime é que sou poupada a sinopses entediantes como esta. Talvez eu seja esquisita demais (é bem provável) e cenários deste tipo dão-me sono. Cada um que avalie o ponto de partida do anime face aos seus critérios pessoais. Para mim não se trata de uma ideia clichê, porém também não é nada de surpreendente.
O anime deu a entender nos seus primórdios, que privilegiaria a ação e que o cenário medieval seria palco de épicos confrontos. Julgo que os episódios iniciais conquistaram a atenção dos espectadores. Lembro-me perfeitamente de tecer intermináveis elogios à obra quando esta estreou.
Rokka no Yuusha | As possíveis lacunas
Os problemas principiaram aqui. O anime disse-se uma coisa, evidenciou firmemente enquadrar-se num contexto ao qual nunca pertenceu. Posteriormente a esta jogada, ou a obra se mantinha nas linhas a que se comprometeu ou condenava-se a perder a aprovação dos fãs. Foi um tiro no escuro.
Na minha sincera opinião, o anime nunca perdeu a qualidade. Porém, para muitos a oscilação evidente na trama foi sinónimo disso. E quem os pode julgar? Particularmente, eu sou apreciadora de diferentes géneros, mas compreende-se a posição dos entusiastas de ação perante as ditas circunstâncias.
A ação tornou-se inexistente? Da mesma maneira que esta marcou presença nos primeiros episódios, só voltou a ser evidenciada no final da série.
Então o que acontece nos outros oito ou nove episódios? O desenvolvimento.
Eu também julgava que a partir do momento em que a equipa se reunisse, a derradeira aventura iria começar. Quando o problema do sétimo foi apresentado, achei que em poucos capítulos o assunto estaria arrumado. Não sei se me faço entender, contudo, para mim, esta situação seria o ponto de partida do anime e não a sua trama inteira.
Confesso que o meu nível de bipolaridade foi elevada ao extremo com Rokka. Haviam episódios onde parecia que a coisa ia evoluir e finalmente avançar, quando na verdade ao final dos vinte minutos voltava à estaca zero. Isto aconteceu inúmeras vezes e a minha paciência começava a esgotar-se. Até que flashbacks começaram a ser apresentados e que a postura de determinadas personagens passou a ter sentido.
Não sou autora da história, não sei até que ponto esta treta dos “avanços e recuos” desta parte específica do argumento é indispensável para o desenrolar da aventura. Por isso é que não julgo o anime por não ter passado da premissa inicial, acreditando que no futuro isto terá algum propósito.
O anime vai agradar apenas os fãs de mistérios e de incerteza constante. Pessoalmente, adorei as reviravoltas da trama, sendo sempre surpreendida a cada episódio.
A arte do anime foi uma das melhores da sua temporada, sendo que o design das personagens é extremamente original. Apesar de não serem esteticamente bonitas, são inovadoras. Embora eu continue a considerar o visual de algumas personagens assustador, parabenizo a Passione, que mesmo tendo estreado no mercado recentemente e não ter trabalhado em muitos animes, fez uma boa produção.
Na banda sonora, só descarto as aberturas. A primeira foi razoável, a segunda foi um remix mal elaborado da sua progenitora. A música encaixou-se plenamente no cenário medieval do anime, sem esquecer a fantasia/magia que o ambiente possuía.
Rokka no Yuusha | Personagens
Provavelmente o ponto forte do anime são os protagonistas. Diversificados e interessantes, o que a história poupou no seu desenvolvimento aplicou nos seus personagens. Contudo, novamente a minha bipolaridade foi colocada à tona.
Podemos usar o Adlet como exemplo. No início achava-o carismático, com o desenrolar do anime passei a considerá-lo simplesmente um exibicionista. No final voltei a apaixonar-me por ele. De certo modo, ele é um pouco genérico, mas a sua inteligência fá-lo destacar-se.
A Nachetania era para mim uma personagem apaixonante. As suas filosofias fizeram-na ganhar a minha admiração. Depois acabei por entender que ela simplesmente uma psicopata.
A Fremmie é, de longe, o triunfo do anime. É completamente diferente do que estamos habituados. Ela é a personagem mais amargurada que eu alguma vez vi, quando achamos que ela já está disposta a deixar o passado para trás, a mulher vai lá e dá mais uma facada em algum personagem. Simplesmente a Santa da Pólvora, como é conhecida no universo da obra, é muito bem construída e apesar da sua postura fria e desconfiada, sabe lutar de uma primorosa maneira e possui uma história elaborada.
Humpty Hans , além do nome fantástico, é também um dos destaques quando falamos do elenco. Ele é um assassino de aluguer, ou seja, conhece demasiado bem o ser humano e sabe interpretar os comportamentos daqueles que o rodeiam. Apesar de ser um personagem que não inspira grande confiança no início, torna-se uma grande surpresa com o avançar do anime.
Sinceramente, nunca cheguei a adorar a Chamo. Admito a brilhante construção da mesma, mas não consegui desenvolver um afeto por ela. É evidenciado que ela teve um passado duro e que não tem a mínima noção do que é o amor. Pensa única e exclusivamente em matar e torturar. Tem um visual bem diferente e poderes ainda mais originais e nojentos na mesma proporção.
A Mora é simplesmente uma mulher que se considera sábia e vivida, sendo na verdade ridícula e manipuladora. O Goldov só sabe submeter-se às ordens da Nachetania. É um pãozinho sem sal que mais tarde ocupa o lugar da Fremmie no grupo dos traumatizados.
Rokka no Yuusha | Juízo Final
Até então, tentei avaliar Rokka no Yusha de maneira crítica, e é óbvio que existe uma controvérsia enorme presente no anime. Porém, essa questão só será mal vista por quem não gostar de mistério.
Adorei acompanhá-lo semanalmente, muitas vezes desesperei por um novo episódio, o que significa que algo positivo a obra tem.
A meu ver, o maior problema que aqui marca presença é o facto do anime ter sido lançado sem um público-alvo definido, ter-se proclamado erradamente como um género onde não se encaixava, para no fim o seu conteúdo agradar a um grupo tão restrito da comunidade.
Outra falha notória é que o anime não devia ter sido iniciado com apenas doze episódios programados. Já que com doze a única coisa que se desenvolveu foi as personagens e não a história, sendo assim com 24 talvez pudéssemos conhecer um pouco melhor o conteúdo da obra.
Chateia-me que o problema apresentado inicial na premissa, no final das contas, não foi resolvido, ou seja: personagens bem construídas, mas não houve evolução do argumento.
A produtora não divulgou publicamente planos para uma segunda temporada, e face às precárias vendas da light novel, recomendo a quem, como eu, quiser privar com o seguimento da história, que se agarre ao novel.
A mim resta-me dizer-vos que independentemente das lacunas da série, foi dos melhores animes da sua temporada. E que este é um must have para fãs de suspense.
Análises
Rokka no Yuusha
A mim resta-me dizer-vos que independentemente das lacunas da série, foi dos melhores animes da sua temporada. E que este é um must have para fãs de suspense.
Os Pros
- Personagens desenvolvidas e reviravoltas inesperadas.
Os Contras
- Não cumpriu o que prometeu inicialmente.