Shisha no Teikoku, também conhecido como The Empire of Corpses, trata-se de um de três filmes de animação que compõem o Project Itoh, a adaptação de uma coletânea de novels do autor Satoshi Itō. O filme foi produzido em 2015 pelo Wit Studio.
Shisha no Teikoku – Análise
Tentada pelo tema e, sobretudo, pela alusão do nome do protagonista (John Watson) a uma das minhas obras preferidas (Sherlock Holmes) resolvi apostar neste filme. O facto de não saber nada sobre ele – já nem me recordava da sinopse – levou-me a um agradável choque com o universo apresentado.
Shisha no Teikoku – Enredo
A história desenrola-se num universo “zombie“, onde as experiências para ressuscitar mortos, de Victor Frankenstein, deram frutos e desencadearam uma alteração no percurso da História. A ciência foi abraçada, e uma produção exacerbada de mortos-vivos funcionais teve início. O objetivo era claro: transformar esses seres nos novos escravos e na base da cadeia económica. Sem emoções, incapazes de falar e pensar, os mortos-vivos realizam todas as tarefas que os humanos não querem fazer, inclusive as guerras.
Em plena Inglaterra, surge o nosso protagonista: Watson, um estudante de medicina e génio de necro-engenharia que foi capaz de ressuscitar o melhor amigo através da tecnologia Necroware (tecnologia por detrás do reviver dos mortos).
Este conto mistura ciência avançada com mortos-vivos comandados, em finais do século XIX, com Inglaterra maioritariamente como cenário principal.
Arriscado não acham?
Depois de assistirmos aos momentos iniciais do filme, o bichinho da expetativa começa a emergir. A obra começa mesmo muito bem, fez-me, inclusive, lembrar os momentos iniciais de um outro filme desse mesmo estúdio, Hal, cujo protagonista é bastante semelhante fisicamente a este!
Contudo, ao contrário do que aconteceu com Hal, o desenrolar do filme não se equiparou ao início.
A história possui demasiados elementos a serem desenvolvidos. Num momento estamos a caminho da Rússia, no outro estamos no Japão, e as reviravoltas e inserção de personagens são tantas e tão fugazes que o sabor não consegue passar do ameno.
Há muito potencial dentro da história original, teve bons momentos que o provaram. Mesmo dentro daquela confusão conseguimos usufruir de cenas que nos marcaram de tão bem construídas e caracterizadas que foram. No entanto, quando o universo é tão vasto e complexo quanto este, a necessidade de criação de uma base sólida deveria ter sido prioritária antes de alargar ainda mais o espectro de conflitos apocalípticos.
Ou seja, o principal “problema” do filme foi o ambiente ter sido tão bom, tão forte, tão original e bem criado que a nossa busca por perceber mais sobre o mecanismo de criação de mortos-vivos suprime a linha condutora em relação à história principal. Como se o mais importante para nós fosse compreender tudo aquilo, e saber mais sobre a produção de almas. Deixando para o canto os personagens e seus dramas.
Ambiente e animação – O problema foi por serem demasiado bons!
E quando digo ambiente não me refiro apenas ao universo mas também (e sobretudo!) à MARAVILHOSA adaptação do Wit Studio. A caracterização, como já devem ter apercebido pelas imagens e gifs, é fiel à época. Tendo em conta a miscelânea narrativa entre evolução tecnológica “Frankensteiniana” e a sociedade do séc XIX, todos os elementos fantasiosos criados fazem “sentido”, possuem uma lógica que não nos estranha – o que acaba por ser irónico!
A animação, como não poderia deixar de ser, é excelente! Não há momentos menos bons, tudo é extremamente fluido, até mesmo as componentes mais mecânicas dão um toque especial ao filme.
A conjugação entre animação 2D e 3D é harmoniosa, pessoalmente gostei muito do resultado – o que tendo em conta a minha aversão a 3D em anime, é algo!
Em conjugação com a animação de excelência, a iluminação e toda a gestão de cor brilhou pelo seu enquadramento no universo/época em questão. Em suma, não é presunção afirmar que o ambiente seja o ex-libris deste filme.
Quanto à banda sonora, no que diz respeito ao soundtrack não se destacou em termos de criações originais, indo de encontro às sonoridades e melodias orquestradas, sem grande relevância. No entanto, o voice acting e o sound design estiveram acima da média nos momentos de maior clímax. Com um universo fortemente “metálico” e industrializado, Shisha no Teikoku conseguiu transpor-lo não só pelo visual como pelo sonoro. Sendo, sem dúvida alguma, um ponto de destaque na adaptação.
Shisha no Teikoku – Juízo Final
Apesar de todos os problemas da gestão narrativa, o feedback geral do filme é positivo. O conceito é original e bastante interessante. Depois de rever algumas das cenas continuo a achar todo o conceito fabuloso, e a vontade de ler os novels originais apenas cresceu.
No entanto, as expetativas devem ser bastante comedidas, isto se querem usufruir dos grandes momentos do filme. Há cenas que ficamos: “Wouo é isto”, e acho que esse é o grande problema de Shisha no Teikoku, ou The Empire of Corpses, o contraste entre o muito bom e o “mais ou menos”. O último acaba por ser acentuado, o que nos causa um sabor amargo na boca.
Ainda assim, se forem fãs de animação de excelência, vejam! Vale a pena assistir a filmes assim que mais não seja pela elevada qualidade de todos os componentes técnicos de criação desta obra.
Análises
Shisha no Teikoku
Shisha no Teikoku trata-se de um dos três filmes do Project Itoh e narra as aventuras de Watson num universo de... Mortos-vivos?
Os Pros
- Animação
Os Contras
- Personagens