Obrigada à LEYA por nos ter oferecido este livro, para podermos analisá-lo aqui no ptAnime.
Squid Game é uma das séries de maior êxito da história televisiva recente. Com 142 milhões de espectadores apenas no seu primeiro mês de estreia e com um orçamento de 1,8 milhões de euros por episódio, Squid Game é considerada a série coreana mais cara e bem-sucedida da história e um fenómeno que ultrapassou barreiras linguísticas, culturais e mediáticas, tornando-se no porta-estandarte da Netflix.
A editora LEYA, com a sua coleção de fantasia 1001 Mundos, lançou um livro a celebrar o sucesso desta série, intitulado Squid Game – Manual de Instruções Não Oficial, uma compilação que revela todos os segredos da série de televisão que causou furor um pouco por todo o mundo.
Este manual de instruções não oficial traz um conjunto de informações interessantes que, por exemplo, levantam ainda mais o véu sobre as principais personagens do franchise, introduzindo o seu passado em forma de carta de despedida dirigida ao leitor.
A parte propriamente dita de manual de instruções surge no capítulo “Os Jogos (e como ganhá-los)”, onde o autor enumera todos os jogos realizados, esclarece-os, elabora as suas regras e explica como ganhá-los.
Ele também expõe um pouco da biografia do autor da série Hwang Dong-hyuk e faz uma lista das suas inspirações que, curiosamente, são, na sua grande maioria autores americanos, como Sam Peckinpah, Martin Scorsese, Quentin Tarantino e David Fincher, entre outros.
É importante destacar outra grande obra do autor que, agora com o enorme sucesso de Squid Game, passará despercebida pelo público e que o autor deste livro muito bem a menciona: Em Silêncio (2011), baseado no caso verídico do colégio Gwangju Inhwa, uma escola especializada em ensino adaptado, onde se perpetravam casos chocantes de abusos sexuais e outras atrocidades cometidas por professores a crianças com deficiências auditivas. O filme foi chamariz para uma onda enorme de manifestações de direitos humanos e motivação para a criação da Lei “Dogani” (nome original do filme), que reviu o estatuto de limitações para crimes sexuais contra crianças com menos de 13 anos e mulheres com deficiência, e aumentar a pena máxima de tais infrações para prisão perpétua.
A obra é bastante clara no seu objetivo: serve como um manual onde o leitor encontra todo o tipo de dicas e curiosidades relativas a este universo. A única coisa que eu apontaria é a menção do nome de Wong Kar-wai no subcapítulo “Coreia, um país de cinema (e de televisão)”, quando escreve sobre a expansão da cultura mediática sul-coreana. Certo que foi figura importante no florescimento do cinema asiático, mas Wong Kar-wai é de Hong Kong e, apesar de ter tido um papel importante na verdadeira explosão do cinema feito na Ásia, há variados autores sul-coreanos como Park Chan-wook, Bong Joon-ho, Kim Jee-woon e Lee Chang-dong, que contribuíram imenso para o que hoje é concebido como uma potência que batalha em pé igual com Hollywood. Poderia ter havido, por parte do autor, uma exploração mais profunda sobre o que foi este fenómeno no final do século passado.
Falando de boom no cinema coreano, pode mencionar-se Shiri (1990) e Joint Security Area (2000), como filmes que ajudaram a indústria sul-coreana de cinema a florescer, depois de uma rápida democratização do país entre 1987 e 1997, o que beneficiou os jovens realizadores a criar peças com acesso a mais apoios e fundos monetários e de distribuição e sem o medo da censura. A indústria também se internacionalizou com o sucesso das comédias românticas como My Sassy Girl (2001) e do género de terror como A Tale of Two Sisters (2003).
O livro também aborda as polémicas envoltas na série depois da sua estreia, como as acusações de plágio que já foram exploradas na crítica escrita; e a má qualidade da tradução da legendagem, que foi altamente contestada nas redes sociais, como podemos ver neste tweet viral que também foi apresentado no livro.
Do autor do livro não se sabe muito: “Park Minjoon” nasceu em Ssangmun-dong, um bairro de classe operária em Seul, tendo jogado na sua infância jogos como os que aparecem em Squid Game, como por exemplo berlindes e o jogo da corda. Estudou cinema na Universidade Nacional de Seul e, antes de desaparecer misteriosamente, após ter recebido uma oferta invulgar, mas demasiado boa para deixar escapar de um estranho no metro, deixou-nos esta obra para em caso de nos acontecer algo parecido.
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