Além do escritor Reki Kawahara, Yosuke Futami é dos elementos que mais envolvido está na franquia de Sword Art Online. Foi produtor das duas temporadas, bem como do filme Ordinal Scale, e é um dos visionários mais importantes dentro da série de jogos. Mas antes de mergulharmos no tema principal, vamos perceber um pouco como começou toda esta jornada pelo mundo de Sword Art Online.
[Nota: Esta entrevista contém spoilers sobre a primeira e segunda temporadas do anime, bem como da série de jogos e dos light novels.]
Há coisa de 5 ou 6 anos atrás, comecei a questionar-me sobre o que deveria abraçar após o término de Oreimo. Bem, Oreimo e Sword Art Online partilham o mesmo editor, então conclui que, desta forma, seria impossível Sword Art Online ser um fracasso. E acabou por ser bastante interessante. Depois de devorar os light novels, pedi que fosse o produtor para adaptação anime de 2012 e rapidamente fui agregado à equipa.
Pouco tempo depois o comité de produção decidiu criar um jogo complementar ao anime. Futami acabou por ser a escolha óbvia para ocupar a cadeira de produtor, uma vez que era a pessoa com mais conhecimento sobre aquele universo. O primeiro jogo, Sword Art Online: Infinity Moment, foi lançado para a PlayStation Portable (PSP) em 2013. Contudo, ao contrário dos jogos comuns complementares de anime, Infinity Moment decidiu ir um pouco mais longe. Em vez de simplesmente voltar a contar a história, Infinity Moment inicia no clímax narrativo do primeiro arc da primeira temporada e levanta a questão: e se Sword Art Online não tivesse terminado no 75º andar do castelo de Aincrad? E se Kirito, Asuna e o restante grupo prosseguisse ali a aventura e passasse mais uns meses dentro daquele jogo mortífero?
Os jogos são uma continuação alternativa da linha temporal original, a partir deste ponto narrativo específico. Devido a esta grande mudança, a história desenvolve-se de um modo bem diferente na narrativa dos jogos, relativamente à narrativa dos livros ou do anime.
O arc de ALfheim Online não acontece na linha temporal dos jogos. Em vez disso acontece Infinity Moment, bem como a sua versão remasterizada/expansão da PlayStation Vita: Sword Art Online: Hollow Fragment. Da mesma forma, os eventos do jogo Gun Gale Online, são substituídos por Sword Art Online: Lost Song que, curiosamente, é desenvolvido sobre a versão alternativa do jogo ALfheim Online.
O célebre Mother’s Rosario arc do universo original também não acontece. Ao mesmo tempo que este arc é desenvolvido, é também a narrativa de Sword Art Online: Hollow Realization, o jogo mais recente da franquia. A história desenvolve-se quando Kirito e o grupo ingressam num novo VRMMORPG intitulado por Sword Art Origins, que é um jogo baseado em Sword Art Online.
Claro que isto significa que irão ocorrer muitas alterações fundamentais ao nível das experiências das personagens, como na Leafa e na Sinon. As mais diferentes são sem dúvida a Sinon e a Yuuki. Até porque a Yuuki ainda está viva nos jogos. No entanto, por muito distintas que as linhas temporais sejam, as personalidades das personagens mantêm-se semelhantes.
Ainda que tenham ocorrido diferentes acidentes e incidentes, os sentimentos que os envolvem não mudam. A forma de pensar de Kirito e das heroínas não muda assim tanto, então as realidades acabam por ser bastante paralelas no seu desenvolvimento.
Claro que nem toda gente está satisfeita com o rumo travado pelas personagens dos jogos, nem pela forma como foram desenvolvidas.
Alguns pensam: eles não deviam ter exatamente as mesmas vivências que no anime? Eu acho que é possível aproveitar o que esta série de jogos nos fornece sem que esse pensamento nos atrapalhe a experiência. De qualquer dos modos gosto de ver que os fãs pensam sobre estes detalhes.
Pessoalmente gosto das duas versões. Nos jogos o Kirito cresce, inevitavelmente, de um modo diferente. Porque existe o Kirito da linha temporal original, e depois existe o Kirito que os jogadores vão criar para eles mesmos. O novel, o anime, e os jogos têm as suas diferentes formas de nos transmitir o universo de Sword Art Online, mas independente disso partilham todos os mesmos valores, portanto seja qual for a iteração sei que tenho um bom momento de entretenimento.
Claro que com as diferentes linhas temporais vai fazer com que a linha dos jogos possua personagens exclusivas. Futami adoraria ver estas personagens a ganhar vida na série de anime, ou até nos novels.
Se chegar o momento em que os verdadeiros fãs de Sword Art Online – fãs do Kawahara, dos novels, dos jogos – tomem conhecimento e desenvolvam uma grande ligação com uma determinada personagem serei o primeiro a dizer ao Kawahara para as utilizar.
Até porque se são personagens que deveriam existir de qualquer das formas, e não me refiro às personagens de Inteligência Artificial, então é natural que sejam introduzidas. É possível que venhamos a introduzir a Philia, a Rain ou até a Seven na história principal.
Relativamente ao envolvimento de Kawahara no processo de produção dos jogos, Futami designa-o como consultor e supervisor. Ainda que isso não signifique que o Kawahara se impôs contra algum dos planos realizados nos jogos. A equipa criativa, por outro lado, tem algumas regras que tem que seguir para a produção de qualquer um dos jogos. Sendo elas:
- A personagem principal tem que ser sempre o Kirito, ainda que seja possível alterar a aparência dele;
- Tem que ser possível o envolvimento numa relação amorosa com uma boa diversidade de personagens;
Por razões de continuidade abandonamos a possibilidade do jogador poder ser a personagem principal. Até porque se considerássemos isso, provavelmente vocês não iam conhecer as pessoas que o Kirito conheceu nem namorar com a Asuna. E se assim fosse que diferença existiria relativamente a outro MMO qualquer?
Com o lançamento de Hollow Realization no ocidente levanta-se a questão: o que se segue na linha temporal dos jogos de Sword Art Online? Futami já tem algumas ideias daquilo que gostaria de ver e como fazer.
Um dos que mais quero fazer é o Alicization arc. Se bem que este iria ser bem complicado de fazer em jogo, mas se for possível acho que ficaria espetacular. Esta é a história que se segue ao Mother’s Rosario e é a minha favorita. Prossegue com o desenvolvimento da temática de Inteligência Artificial.
Na minha mente, as personagens de Inteligência Artificial que existem em Hollow Realization é como se fossem já uma versão do Alicization. Estas duas histórias possuem pontos bem similares no que diz respeito às personagens principais que possuem inteligência artificial.
Na linha temporal original é a Alice e na dos jogos é a Premiere. A Alice era uma rapariga preenchida de emoção, mas estas são lhe arrancadas. Já a Premiere é um pouco ao contrário, não tinha qualquer tipo de emoção e vai ganhando aos poucos. Claro que existe a possibilidade de, tal como aconteceu à Alice, as emoções lhe sejam retiradas.
É tudo sobre a compreensão dos sentimentos e emoções humanas. A Yui possui um pensamento baseado em lógica. A Alice é pensamento baseado em emoção, e a Premiere situa-se algures no meio na duas. Esta é a temática que conduz a narrativa de Hollow Realization.
Outra temática muito presente é a forma como é abordada a situação de educar uma Inteligência Artificial desde criança. E se for criada por pessoas más? O quão diferente se tornará esta entidade digital?
Hollow Realization aborda ainda um pouco de como o mundo digital era antes de ser invadido pelos jogadores:
Se não existirem jogadores, se for exclusivamente habitado por NPCs, então num mundo permeado por Inteligência Artificial não iriam existir conflitos. Nada iria acontecer. Seria um mundo pacífico. Mas para o Kirito não é bem assim, na perspectiva dele é possível humanos e inteligência artificial coexistirem pacificamente.
Pessoalmente eu consigo ver o lado positivo e negativo disto, e quero levar os conceitos um pouco mais longe.
Ainda que Alicization seja o arc favorito do produtor, este não é o único que ele quer colocar em versão jogo:
Também gostaria de adaptar Gun Gale Online. Já para Ordinal Scale fico mais pensativo. Suponho que seria uma espécie de Pokémon Go mas em vez de capturar Pokémons seria inteligências artificiais.
De qualquer das formas, do que depender de mim adapto todos. Embora a minha preferência recaia sobre Gun Gale Online ou Alicization em vez de Ordinal Scale.
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Fonte: Anime Now!