O ptAnime está de volta às análises a longa-metragens de Anime, desta vez com a obra “Sword of the Stranger”. Este título, que teve como principal responsável Masahiro Ando, conseguiu impressionar os críticos particularmente pela sua qualidade gráfica, como comprovam as várias nomeações que recebeu em inúmeros festivais. Para mais detalhes é favor ler a análise que se segue.
Sword of the Stranger – A História
Durante o período Sengoku, um jovem de nome Kotaro é perseguido pelos Mings, um grupo militar chinês que se encontra instalado em terras nipónicas para, em segredo, tentar realizar uma profecia que apenas é exequível a cada cem anos. Acontece que Kotaro é peça fundamental para o cumprimento dessa profecia, daí a louca perseguição ao rapaz. Segundo os mitos e lendas, a sua realização na data e hora profetizadas concederá ao escolhido a vida eterna.
Sem ter conhecimento da sua importância para os Mings, Kotaro vai desfrutando da sua vida que todos os dias o obriga a procurar algo para comer e um sítio para dormir, contando para isso com ajuda do seu fiel cão, Tobimaru. Felizmente para ele, ao mesmo tempo que os poderosos guerreiros chineses vão iniciar a perseguição, o rapaz vai se cruzar com um outro vagabundo, conhecido nos tempos atuais por Nanashi, que esconde um passado negro e que sempre conduziu a sua vida pela arte da espada.
A premissa inicial termina então com Nanashi a salvar a vida de Kotaro, facto que vai levar o pequeno a fazer uso de um poderoso objeto que tem em sua posse para o contratar como seu guarda-costas pessoal. A partir dali, à medida que vão tentando descobrir o que se está a passar, a relação entre os dois vai, pouco a pouco, tornar-se mais amigável do que era inicialmente, o que também será importante para Nanashi e Kotaro enfrentarem os perigos que se aproximam, sejam eles oriundos de homens poderosos ou de guerreiros extraordinários.
Sword of the Stranger – Ambiente e Enredo
Começando pelo enredo, este não é propriamente o mais consistente e inovador que possamos encontrar numa longa-metragem. Na verdade, o mesmo é algo limitado e previsível. Mesmo a parte da profecia, que já foi mencionada anteriormente, não chega para colar o espetador ao ecrã à procura de falas e ações das personagens que o possa levar a conclusões sobre o que se vai passar a seguir. Definitivamente, este não é o ponto chave deste filme, mas como é notório ao longo do mesmo, não era isso que os seus realizadores procuravam.
Saltando então para o aspeto visual, aqui sim, reside o ponto forte desta obra que procurar cativar o público através dos ambientes de fundo típicos de uma Era de Ronins e Samurais, assim como por meio das lutas fantásticas, protagonizadas pelas principais personagens, que têm uma qualidade estupenda. A forma como as personagens se movimentam em consonância com o local da cena, as suas expressões faciais e ainda a frieza e realidade dos golpes proferidos são realmente de um nível gráfico extraordinário.
Como não poderia deixar de ser, e de forma a tornar “Sword of the Stranger” reconhecido noutros termos que não os das cenas concebidas, uma palavra para a sua banda sonora. São várias as músicas que rapidamente nos cativam e invadem para, daquele momento em diante, conseguirmos identificar esta produção através delas. Todavia, “Ihojin No Yaiba” merece um destaque especial. Poderá não dizer muito a quem a ouvir sem ter visto o filme, mas se a situação for diferente, aí dirá com certeza.
Sword of the Stranger – As Personagens
Kotaro é um orfão que cedo foi forçado a abandonar o mosteiro em que vivia devido a um ataque que este sofreu. Apesar de não passar de um pré-adolescente, este rapaz é muito astuto e inteligente, ou não seria ele capaz de fazer de Nanashi seu empregado, assim como, antes desse contrato ser estabelecido, sobreviver todos os dias à custa dos seus esforços e da ajuda de Tobimaru. Este seu cão merece mesmo uma pequena referência aqui, pois irá ter um papel importante no desenrolar da história. Sempre fiel ao seu dono e decidido a protegê-lo quando necessário, Tobimaru vai conseguir conquistar o público com as suas aventuras e interferências em vários momentos.
Quanto a Nanashi, esta é aquela personagem que definitivamente pode ser comparada a Kenshin do famoso “Samurai X”. Detentor de um passado negro, este surge muito cedo na história para, fruto de alguns acontecimentos inesperados, ficar encarregue de proteger Kotaro. Um compromisso que o irá obrigar a desembainhar a sua espada para mostrar os seus dotes talentosos e proteger o rapaz de imensos perigos, particularmente no que toca aos chineses que loucamente o perseguem.
Uma palavra ainda para Rarou, o mais poderoso dos Mings. Ao contrário dos seus companheiros, mais do que cumprir com as ordens dos seus superiores, Rarou procura alguém que esteja ao seu nível nas Artes Marciais para travar um duelo que lhe dê prazer e o entusiasme, independentemente de sair vencedor ou derrotado dessa luta. A sua paixão pela espada é, de facto, inigualável.
Sword of the Stranger – Juízo Final
Resumindo, “Sword of the Stranger” não é um filme capaz de cativar aqueles que aqui procuram o mistério, o suspense ou que estejam à procura de uma grande premissa que possa conduzir a um clímax fantástico. O culminar desta produção é realmente muito bom, assim como grande parte das cenas exibidas, mas sempre numa perspetiva mais direcionada para a ação e aventura. Se há obras que se sobressaem por atingirem um patamar elevado no enredo e na arte visual, esta compensa a história simples e vagarosa com ambientes gráficos que transcendem qualquer patamar previamente atingido por outras produções. Volto também a relembrar as músicas de qualidade que fazem suspirar os nossos ouvidos por novo encontro com elas.
Definitivamente, este é um must see para os grandes adeptos deste género de filmes. A vertente “Samurai” apresentada ajuda também a tornar tudo muito mais atrativo e enriquecedor para quem assiste a “Sword of the Stranger”, já que é uma parte da história do Japão bastante interessante e que acaba por enriquecer o espetador nesta matéria. Fiquem com o trailer.
Análises
Sword of the Stranger
Embora não detenha um enredo extraordinário, Sword of the Stranger consegue - ao contrário do que é normal - relativizar esse ponto tão importante de uma obra graças ao trabalho absolutamente soberbo que resultou na sua componente visual.
Os Pros
- A qualidade gráfica arrisca estar para lá das capacidades humanas: a todos os níveis!
- A banda sonora.
Os Contras
- Nada de relevante a registar.