Se existe uma obra que despertou a bipolaridade que há em mim foi esta. Ainda agora não consigo a caracterizar como mediana ou genial…. vou começar dizendo que considero-a uma boa série. O meio termo poderá ser a chave, certo?
Taiso Samurai – Análise
Vamos lá desconstruir um pouco todas estas emoções e opiniões contraditórias.
Quando publiquei as minhas primeiras impressões de Taiso Samurai estava revoltada com o primeiro episódio. Tinha expectativas sobre a série, achei que seria um slice of life mais sério, uma espécie de Fune wo Amu mas com um atleta de alta competição como protagonista. Quando assisto ao diálogo do Shoutarou com o treinador fiquei irritada: como assim eles colocaram um potencial tremendo de narrativa nas mãos de um protagonista horrível?!
Estranha-se mas depois entranha-se
Após conversar com amigos que adoraram a série, consegui ver o protagonista numa outra perspetiva: a de alguém tão focado em desporto que a sua maturidade emocional tinha ficado aquém. Uma criança grande só focada no desporto, incapaz de ver, interpretar e agir de acordo com o que acontece à sua volta. A roçar o tonto, para não dizer outra coisa…
Ainda no primeiro episódio, temos a inserção de um “samurai” misterioso do qual nada sabemos e nem nada nos é dito. Excêntrico, claramente boa pessoa, mas sem um pingo de “realismo” nas suas ações. Em boa verdade, à primeira vista, até o facto da família do protagonista o ter adotado foi no mínimo… algo que só acontece em ficção!
Mas irrelismos à parte, continuei a assistir curiosa com o futuro da carreira do Joutarou… Mas não é que fui conquistada primeiro pela doce Rei?
Eis que o anime me surpreende.
Foi pelo quarto episódio que toda a minha perspetiva – e gosto – pelo anime mudam. Quando abordam de forma sublime as desvantagens de ser filho de um atleta de alta competição famoso. Desde o bullying por parte dos colegas, às faltas recorrentes a atividades escolares de participação parental. Foi um tema que despertou a minha atenção e que considerei muito bem conseguido… mal eu sabia que seria apenas uma das pontas do iceberg para a construção desta fantástica personagem.
A partir do quarto episódio foi sempre a somar, a Rei arrecadou o lugar de personagem preferida e de melhor desenvolvimento na série, Leonardo surpreendeu-me muitooooo (tendo tido quase um treco quando me apercebi o que ele fazia), e o protagonista – finalmente – foi adquirindo contornos mais realistas e adequados ao esperado de um atleta em fim de carreira mas que não quer desistir da sua profissão.
E depois temos o estúdio MAPPA
Claro que a principal razão para ter apostado nesta série foi o estúdio! Estamos a falar de um dos estúdios mais geniais e de qualidade técnica marcante da indústria de animação nipónica.
Estamos a falar de ginástica artística, um desporto que envolve vários elementos (barras, argolas, etc) e ainda movimentos complexos por parte dos atletas. Não sou entendida no assunto mas, do que vi, parece-me que as complexas manobras foram bem executadas. Senti que tudo foi criado o mais aproximado possível ao real, com atenção ao detalhe em todos movimentos, posições aerodinâmicas e milhentas acrobacias com que a saga nos presenteou.
Claro que nem sempre foi perfeito, não vou dizer que não houve momento em que a animação 3D destoou da 2D, mas dadas as circunstâncias, não achei significativo nem que fosse algo que estragasse a experiência.
De resto, tudo o que a MAPPA fez, fez bem. O character design é lindo, repleto de personalidade. A fluidez dos movimentos foi no ponto, nada nível Jujustu Kaisen (que a MAPPA adaptou na mesma temporada) mas manteve-se coesa e acima da média.
Um ponto positivo para o opening e ending que, além de irreverentes, são muito “bonitos”. Completos opostos em termos de feeling: um mais excêntrico e divertido e o outro mais melancólico e contemplativo. Pessoalmente, sou fã da banda sonora e design do ending, sendo todo ele digno de prints sucessivos para guardar para a posteridade.
Taiso Samurai – Análise
Juízo Final
Se tivesse que fazer uma analogia a esta obra diria que ela começa como o seu opening, aleatório, repleto de ideias fixes e personagens irreverentes mas sem percebermos muito bem o porquê de elas estarem assim colocadas. Não compreendemos com exatidão o rumo da série e ficamos confusos se gostamos ou não…
À medida que avançamos na história, Taisou Zamurai aproxima-se do feeling e beleza do ending. Tudo encaixa na perfeição – e não falo só nas cores e movimentos – vemos uma progressão de arrepiar do Joutarou. Passamos a conhecer a personagem que não é perfeita, mas que dá o seu melhor e que adequire um tom mais orgânico à medida que exploram o seu passado.
Claro que ficamos com vontade de ver mais de personagens como Rei, Leonardo e mesmo de Mari. Todavia, quando termina, não nos sentimos frustrados, ficamos satisfeitos e com vontade de conhecer o futuro das personagens. No fundo, apegamo-nos a elas, desejamos-lhes bem e o maior sucesso do mundo.
Em suma, e para quem ainda não percebeu, Taiso Samurai ou Taisou Zamurai é um anime slice of life que tem o tema desporto. E não um anime de desporto. Claro que ginástica é um tema preponderante, claro que sim, mas não é uma série focada no mesmo. O objetivo da série é explorar estas personagens que, por acaso, são atletas de alta competição e/ou familiares e amigos dos mesmos.
Se forem fãs de comédia slice of life é um bom anime para relaxar e soltar umas gargalhadas. Não esperem muito dos primeiros episódios e não criem expectativas sobre as personagens. Saboreiem o serem surpreendidos pela positiva, ou negativa. Acreditem que das melhores experiências que retiro de assistir a este anime foi o ter sido surpreendida.
Análises
Taiso Samurai
Se existe uma obra que despertou a bipolaridade que há em mim foi esta. Ainda agora não consigo a caracterizar como mediana ou genial.... vou começar dizendo que considero-a uma boa série. O meio termo poderá ser a chave, certo?
Os Pros
- Animação
- Coloração
- Ending
- Rei
Os Contras
- Protagonista no início
- Não explora a maioria das personagens