Situado em Nara, antiga capital imperial durante o período histórico com o mesmo nome (710-794), o Todai-ji (東大寺 tōdai-ji, lit. “Grande Templo de Este”) é das construções budistas mais emblemáticas no Japão e ponto de referência desta região. No seu interior encontra-se uma massiva estátua em bronze do Buda Vairocana, comummente chamada Daibutsu (大仏, “Grande Buda”). Vamos ficar a saber um pouco mais da história destes monumentos!
A construção do Todai-ji, encomendada pelo então Imperador Shōmu, foi iniciada nos anos 30 do séc. VIII, que terá custado ao estado japonês todos os recursos económicos que possuía. O período Nara é caracterizado pela forte influência budista, e este templo não só tinha em vista tornar-se o principal de uma rede que se estendia a todo o território, como também era a representação da supremacia e poder da família imperial. A ameaça de uma epidemia de varíola levou a que o mesmo imperador, em 743, proclamasse um édito, onde ordenava a construção de uma gigantesca estátua de Buda, de modo a aplacar a fúria divina que assolava o território. Contou com a dedicação do monge Gyōgi (conhecido por ser o pioneiro da cartografia no Japão), que mobilizou pessoas e recolheu fundos para esta empreitada.
Foi em 752 a inauguração desta obra, com grande pompa e circunstância, chamada “Cerimónia da Abertura dos Olhos“, à qual não faltaram dignitários da China e Índia. Terá sido um acontecimento impressionante, num esforço de consolidar a posição do Japão como um grande centro do Budismo, em par com as outras duas nações. Ainda hoje é o templo principal da seita budista Kegon, cuja ideologia assenta fortemente na completa interligação de todas as criaturas. O objecto de adoração desta seita é o Buda Vairocana, tendo sido o Daibutsu construído na sua imagem.
Nos dias de hoje, o Todai-ji é uma das maiores construções em madeira do planeta e ponto de paragem obrigatório numa visita a Nara (ou mesmo Quioto, dado que estas duas cidades estão muito próximas). Para chegar ao edifício principal (que alberga o Daibutsu), é necessário atravessar o Nandaimon, um grande portão de madeira que tem no seu interior representações dos guardiões Niō. Estas são duas figuras de aspecto monstruoso e feroz, construídas pelo famoso escultor Unkei. A de boca fechada é designada ungyō, e a de boca aberta agyō. Constituem o que se chama um par “a-un”, que no budismo japonês representa, genericamente, o início e o fim de toda e qualquer coisa.
O Daibutsu é a grande atração deste complexo. É uma visão impressionante para qualquer visitante, veja-se pelos seguintes dados:
- Altura do corpo: 14.98 metros;
- Comprimento da cabeça: 5.41 metros;
- Comprimento do olho: 1.02 metros;
- Comprimento da orelha: 2.54 metros;
- Altura das pétalas de lótus (base da estátua): 3.05 metros.
No mesmo edifício encontram-se ainda representações de várias outras divindades budistas. Existe ainda o museu do Todai-ji, onde se encontram expostas obras de arte religiosa e de relevância cultural que são propriedade do templo. Como uma espécie de “bónus”, o espaço do Todai-ji está integrado no Parque de Nara, onde abundam simpáticos veados, que também estão sempre prontos a “roubar” comida de algum visitante mais distraído… Quem visitar o templo no início de março pode ainda assistir ao Otaimatsu, uma celebração que envolve acender grandes tochas num dos edifícios do templo, em jeito de celebrar e conferir sorte para o Ano Novo que, no calendário lunar, começa nesta altura.
A entrada para a sala do Daibutsu custa 500 ienes (€4.45 à taxa de conversão actual), e o bilhete para o museu tem o mesmo preço. É ainda possível comprar um bilhete combinado para os dois, que custa 800 ienes (€7.12). Quem quiser alimentar os veados pode comprar bolachas especiais para tal, chamadas shikasenbei, que se vendem em bancas ao longo do percurso e têm o custo de 150 ienes (€1.34).