Numa entrevista recente para o site Yahoo! News, publicada no dia 5 de abril de 2019, o ex-produtor e co-fundador dos estúdios Ghibli, Toshio Suzuki, conversou sobre a sua perspectiva relativamente a merchandising e às atuais modas da indústria anime, explicando porquê que os estúdios Ghibli nunca procuraram expandir a sua dimensão.
Toshio Suzuki – Porque é que a Ghibli não se Transformou num Estúdio Gigante?
De momento não tenho conhecimento se o estado financeiro da Ghibli é algo público, mas quando olhas para os anos todos de atividade e observas os números, reparas que é tudo muito inconstante. Nós num ano tínhamos um grande sucesso financeiro, mas no ano seguinte provavelmente fazíamos apenas um décimo desse valor.
As companhias atualmente pensam todas: o objetivo no próximo ano é expandir a empresa uns 10%. Mas eu não consigo pensar dessa forma. Não entendo porque razão haveríamos de querer expandir.
Este tipo de pensamento não é propriamente pioneiro na indústria anime e manga, afirma Suzuki. Quando ele se estreou na editora Tokuma Shoten, em 1972, o presidente da companhia nem sequer tinha conhecimento das vendas anuais.
Quando formamos a Ghibli, o meu primeiro pensamento foi: não podemos fazer desta companhia algo muito grande. Porque quando uma empresa se transforma em algo gigante, as coisas ficam aborrecidas.
Atualmente é completamente natural os rendimentos nascerem a partir de merchandise, DVDs, e de online streaming. Mas, fundamentalmente, eu quero fazer dinheiro para fazer filmes, apenas com os lucros que os filmes me dão. Desta forma, tudo o resto é desnecessário.
Suzuki revelou que muitas vezes lhe questionam porque é que os filmes da Ghibli não têm distribuição na Netflix e até noutros sites de streaming.
Eu não o quero fazer porque desta forma os filmes seriam tratados como uma comodidade barata.
A Ghibli era contra a criação de merchandising. Suzuki explicou que o primeiro merchandising ligado a Tonari no Totoro (My Neighbor Totoro) só foi produzido dois anos após o lançamento do filme. A empresa responsável por esse merch, Sun Arrow, produziu peças com tanta qualidade que até o Miyazaki-sensei, que estava completamente contra a criação de merch para o seu filme, acabou por respeitar e ceder à sua criação.
No que diz respeito à produção de merchandise, tomamos a decisão que não queríamos rentabilizar mais que 10 biliões de yen [aproximadamente 80 milhões de euros]. Se passássemos esse número, teríamos que castigar a pessoa responsável. Mesmo. Houve um tempo que toda gente nos dizia que tínhamos que vender mais. Alguém de uma outra companhia até nos disse que nos poderia subir os lucros para 200 biliões de yen. Isto não é uma piada. Se fizessem isso, as personagens da Ghibli morreriam instantaneamente. Eu quero que as nossas personagens tenham uma vida longa.
Há uns anos atrás, deixei de aparecer nas reuniões. A companhia começou a ter lucros superiores aos 10 Biliões de yen acordados. Fiquei mesmo chateado. Expandir assim a companhia não é algo bom.
Suzuki partilhou que acredita que existem dois elementos muito importantes na publicação de algo: não estar limitado pelo Sistema e ter a liberdade para se expressar da forma que bem entender.
Quando tens estes dois elementos presentes, é possível fazer algo interessante. É a mesma coisa com os filmes.
Numa entrevista mais antiga, em 2002, Suzuki revelou que a Disney e a Warner Bros. abordaram a Ghibli com a intenção de parceria, após o lançamento de Sen to Chihiro no Kamikakushi (Spirited Away).
A Ghibli recusou todas as propostas.
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Fonte: Anime News Nework
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