Ah sim, este episódio é a materialização do emotional damage. Vinte e três minutos plenos do Knives a atormentar o Vash… e a violência da tortura é sem precedentes.
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Trigun Stampede Episódio 11 – Opinião
Come a sopa, Vash come a sopa
Então… depois do Vash cair na sopinha só coisas horríveis acontecem. Eu já estava à espera deste traumazinho semanal, mas Trigun Stampede consegue sempre superar as minhas expectativas e tornar tudo ainda mais triste.
O modo como o Knives perfura as costas do Vash para basicamente destruir todas as suas memórias é absolutamente arrepiante, especialmente porque ele acha que está a fazer isto para “bem do irmão”. Peço desculpa Knives, mas da última vez que verifiquei, abusar psicologicamente e mentalmente da família não é um ato de generosidade.
No misto da tortura, a girlboss Meryl aparece determinada a fazer algo para ajudar Vash. Contudo, ela apenas recebe uma Ted Talk do cientista maluco que lhe explica quais as verdadeiras intenções do Knives. Pelos vistos, todas as Plants são apenas “janelas” que conectam duas dimensões. A dimensão mais alta é aquela que fornece o que as plantas precisam para produzir energia. Porém, o único que consegue aceder à essência desta energia é o Vash.
Rescrever a alma
Basicamente, o plano do Knives é usar o Vash como meio para dar “alma” a todas as Plants, tornando-as independentes. É claro que isso implica que os humanos vão (basicamente) desta para melhor. Isso também implica rescrever tudo o que define o Vash enquanto pessoa, já que a sua moralidade se apresenta aqui como um “obstáculo” que impede o Knives de manipular o irmão como bem entende.
Toda as sequências que se seguem são apenas pura dor e sofrimento. Após entrar nas memórias de Vash, Knives faz de tudo para o convencer a juntar-se a ele e abandonar a humanidade. Contudo, Vash nunca sede às tentações do irmão, argumentando que o facto dos humanos abusarem das Plants é culpa deles, já que foram eles os responsáveis pelo “Big Fall” de todas as naves num planeta estéril.
Sublinho aqui a pluralidade da culpa, porque este pormenor é importante. A culpa disto tudo é do Knives, sempre foi. Contudo, na mente de Vash, ele é tão culpado quanto o irmão. E é exatamente esta culpa desmensurada que Vash sente, por ser tão sensível e altruísta, que irá ser utilizada contra ele para o destruir por dentro.
E tudo o vento levou
Existe uma beleza tremenda na forma como o Estúdio Orange decidiu representar a maneira como, lentamente, o Vash se esquece das pessoas que conhece à medida que é manipulado. Cada vez que ele se esquece de algo ou alguém, inúmeros gerânios vermelhos (a flor favorita de Rem) destroem essa memória e levam-na com o vento. Nota-se, aqui, uma propositada associação do vermelho da flor ao vermelho da dor e do sangue (mas também ao vermelho do amor), enquanto Vash segura Rollo nos seus braços, sentindo o peso da culpa de não o ter conseguido salvar.
Juntamente com Rollo, Vash vê Tonis e Wolfwood: as outras crianças que ele falhou em proteger. No entanto, achei interessante o facto de Wolfwood não desaparecer das memórias de Vash, ao contrário do resto das personagens. A minha teoria é que Knives acha que Wolfwood é apenas um ajudante seu, sem qualquer relação emocional com o irmão. O problema é que, tal como Vash acredita, as pessoas podem mudar para melhor… e Wolfwood é exemplo disso. Assim sendo, suspeito que Wolfwood poderá ter um papel importante no próprio episódio, ajudando Vash a recuperar as suas memórias ou, pelo menos, parte delas.
Knives argumenta que o esquecimento trará paz à mente de Vash… e é verdade. Ao esquecer-se da “Big Fall”, a expressão de vergonha visceral de Vash desaparece. Ao esquecer-se de Meryl e Roberto, Vash sente-se um pouco menos sobrecarregado pela culpa. Contudo, no meio da agonia, há sempre uma memória que o salva: a memória de Rem.
Morar no teu jardim
Foi nesta parte que as minhas lágrimas saíram disparadas dos meus olhos. No misto da dor, Vash pronuncia o nome “Rem” e de repente, estamos num jardim repleto de flores em que ele a abraça. Rem é o espaço seguro de Vash, o fundamento principal da sua existência. Mas Knives não compreende este afeto e está super empenhado em destruir a memória de Rem: a memória central.
O motivo para tal ressentimento vem logo a seguir, sob a forma de uma cena que eu ansiava ver pelos arrepios que me dá na espinha. A descoberta do corpo despedaçado de Tesla é, sem dúvida, um dos eventos mais importantes da história. Ao experienciarem o cúmulo da perversidade humana em primeira mão, os irmãos perdem a inocência e separaram-se definitivamente. Agora conscientes do que os humanos são capazes de fazer a seres como eles, Knives e Vash adotam duas abordagens diferentes: Knives decide nunca mais confiar nos humanos; Vash decide dar uma nova oportunidade à humanidade.
Na mente de Knives, escolher confiar é impensável. Todos os seus atos de opressão são agora visivelmente movidos pelo medo que ele tem da humanidade, e o medo que ele tem de Vash, cuja existência se tornou em algo que ele não consegue entender e, por isso, uma ameaça. Ele tenta justificar todos os seus atos como “algo que fez para proteger o irmão” mas… o Vash nunca quiz ser protegido dos humanos. Porque, apesar de também ter medo, Vash sempre acreditou e acredita no melhor que existe nas pessoas.
Attack on Vash
Depois de desmentir tudo aquilo em que Vash acredita e atirar as culpas todas novamente para cima dele, Knives quebra Vash… definitivamente. Incapaz de aguentar tanto stress, as memórias de Vash literalmente partem-se aos pedaços e ele fica com Rem nos braços enquanto também ela desaparece da sua memória. Esta sequência é facilmente uma das mais tristes que já vi. Rem é praticamente a razão de viver do Vash… e ver ela a desparecer é super doloroso.
Depois de eliminar a memória central, Knives procede com os abusos ao irmão, e tudo o que acontece a seguir é muito, mas muito desconfortável e incomodativo de se ver. Digamos que tudo nesta parte do episódio sugere que Knives literalmente viola a integridade física e mental de Vash. Para além de o forçar a abrir o tal portal, entrando nele, Knives faz com que Vash crie raízes que se espalham pela cidade de July, causando uma enorme destruição e pânico.
Nesta altura, já estou eu com o meu sétimo pacote de lenços, mas quem diria que eu precisaria de mais um. Expandindo a alegoria entre as Plants e as próprias flores, as raízes de Vash criam uma enorme forma humana que tem uma forma muito familiar…. a forma de Rem.
Acho que este é o sinal de que Vash nunca se esquecerá de Rem, mesmo depois de Knives lhe ter alterado as memórias. Talvez simbolize o seu desespero, havendo uma necessidade de materializar a sua figura maternal protetora para o ajudar neste momento aflitivo. Independentemente do que possa significar, nada disto parece ir correr bem e estou cheia de medo (e curiosidade) para ver o que acontece a seguir, e para ver se o Vash se consegue livrar desta!
E vocês? O que acharam de Trigun Stampede Episódio 11? Comentem abaixo a vossa opinião!
Até para a semana!
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