Parece que o objetivo semanal de Trigun Stampede se tornou “como é que podemos fazer os nossos espetadores chorar?”. E deixem que vos diga que estão a cumprir bem a tarefa T-T
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Trigun Stampede Episódio 5 – Opinião
Gente pouco ecológica
Agora com o senhor padre/coveiro, Nicholas D. Wolfhood na equipa, as nossas aventuras continuam pela paisagem desértica, sempre com a garantia que Meryl conduz mal e vai espatifar o carro no único obstáculo existente literalmente no meio do nada. Contudo, é este sobressalto que nos leva ao nosso próximo destino: uma aldeia abandonada no meio de um deserto vermelho.
Até agora, acho que já deu para entender que, além da excelente animação, Trigun Stampede preza por cenários ricos, e esta cidade não é exceção. Este é, honestamente, um aspeto que acho que melhorou muito em relação ao anime original, já que este se limitava a representar cidades do faroeste todas com o mesmo aspeto, como se se tratasse de um filme genérico de cowboys. Por isso, para mim, Stampede tem muito mais vida neste departamento.
Esta cidade, sem uma Plant para produzir energia, funciona assim, à base do vento do deserto. Nota-se logo que esta opção não é muito viável, mas como se diz… é melhor do que nada. Algo que achei engraçado foi o Wolfhood afirmar o quão “estúpida” é a energia eólica quando a Meryl lhe explicava os fundamentos. E é por estas e por outras, senhores e senhoras que a Terra ficou inabitável e vocês foram todos parar a esse planeta… sinceramente Wolfhood.
Mudam-se os tempos
Algo curioso na direção deste episódio é o facto de não seguir uma ordem cronológica linear. Honestamente, fiquei intrigada e confusa ao mesmo tempo. Porém, a minha confusão foi desaparecendo à medida que o episódio me fornecia as informações que eu precisava para entender o que acontecer com Rollo. E sim, o pior foi quando eu juntei as peças todas e entendi.
A história de Rollo, o rapazinho que o Vash conhecia desde bebé, é só heartbreaking. Para além de ter uma doença grave e de estar condenado a ser um sacrifício humano para uma religião baseada na veneração das Plants, Rollo é vítima de experimentação humana. Por detrás destas maldades está a organização Eye of Michael, que até agora, permanece um mistério. Mas uma coisa é certa… eles trabalham para o Knives, e isso só por si é muito mau.
Assim, por causa da falta propositada de linearidade onde o presente e o passado se juntam, Stampede consegue criar um efeito de suspense muito interessante. Automaticamente nos questionamos: será Rollo o monstro que agora persegue Vash e Wolfhood pela cidade? Porque é que ele que grita constantemente “Vash the Stampede”?
Preces em vão
As interações de Vash com Rolo são simples, mas eficazes a transmitir emoção. Vash ajudou Rolo quando ele estava perdido no deserto. Tomando conhecimento da sua doença e da impossibilidade de o tratarem por falta de medicamentos, ele jura ajudá-lo. Contudo, o ponto que achei mais interessante nestas interações foi a componente religiosa que Rolo atribui à sua própria desgraça: “Talvez Deus não me salve porque eu não acredito nele”.
A resposta que Vash lhe oferece é algo arrepiante: “Se Deus não te salvar, eu salvo”. Achei esta troca de palavras especialmente interessante, porque dá a entender o peso moral astronómico que Vash coloca sobre si mesmo. O seu desespero em salvar é tão grande, que ele está pronto a desafiar o divino, o destino e as suas injustiças mortais. Entendemos que a promessa de Vash é algo inconcretizável… e as consequências do não cumprimento desta promessa são devastadoras.
Um rio de lágrimas
Quando Vash se apercebe que o “monstro” que o persegue é Rollo, já é tarde de mais. Mesmo assim, Vash é o único que reconhece o rapazinho em sofrimento que grita por “Vash the Stampede” para ele o salvar . Depois de adquirirmos essa informação, os constantes gritos deste monstro adquirem um significado novo e devastador.
A cena em que Vash consegue finalmente falar com Rollo, para lhe pedir desculpa por ter chegado tarde de mais é…. muito triste. Especialmente, porque Rollo adquire feições humanas sofridas que estavam escondidas por detrás do seu capacete.
No entanto, apesar do seu fracasso, Vash faz uma nova promessa: “agora já não vais estar sozinho”. E não sei porquê, mas senti que Vash também estava a falar para si mesmo. Acredito que Vash também conhece a dor da solidão, e Rollo também sentiu essa enorme empatia que ele lhe transmitiu. Apesar disso, Vash não consegui salvar Rollo, porque Wolfhood matou-o antes que Vash pudesse fazer algo. A cena em que Rollo cai para a sua morte porque Vash, mais uma vez, não consegue apanhar a sua mão é devastadora. Três vezes Vash prometeu ajudá-lo e três vezes ele falhou em cumprir a sua promessa.
Mistérios e dissabores
E é aqui, senhores e senhoras que começam os sérios dissabores de colocar a moralidade de Vash a colidir com a de Wolfhood. Vash fica obviamente zangado por aquilo que Nicholas fez, mas ele apresenta o argumento bastante viável que foi “piedoso” em acabar com o sofrimento de uma pessoa que nunca poderia voltar a ser humana. Apesar de achar que esta conversa um pouco “precipitada” neste contexto, tendo em conta que Vash e Wolfhood se conhecem à muito pouco tempo, não posso deixar de sublinhar este aspeto que tanto gosto em Trigun, em todas as suas versões: a ambiguidade da moralidade sobre a vida e sobre a morte.
Contudo, antes de Vash e Wolfhood fazerem beicinho e amuarem até ao episódio da próxima semana, destaco alguns promenores muito suspeitos: a idade de Vash e as ligações de Wolfhood. Porquê é que Vash tem exatamente a mesma cara numa fotografia de há vinte anos atrás que Meryl e Roberto encontraram? Wolfhood está mesmo ligado à organização Eye of Michael? Porque é que os cientistas que torturaram Rollo descrevem Nicholas como “uma das suas melhores criações”?
E vocês? O que acharam de Trigun Stampede Episódio 5? Comentem abaixo a vossa opinião!
Até para a semana!