Título: Tsuki ga Kirei
Adaptação: Original
Produtora: feel.
Géneros: Romance, Vida Escolar
Ficha Técnica: Indisponível
Primeiras Impressões: Disponível
Tsuki ga Kirei | Enredo
A história é bastante simples, segue a vida de dois jovens adolescentes que calham na mesma turma no último ano do 2º ciclo. Kotarou Azumi, um aspirante a escritor, e Akane Mizuno, membro do clube de atletismo. Muito diferentes quanto a gostos, partilham a timidez e a falta de experiência amorosa.
Não é uma série para toda a gente e os primeiros episódios não são de fácil digestão – sobretudo para quem não gosta de shoujo escolar. A progressão narrativa é lenta e toda ela centrada nos protagonistas. Sem humor, sem enfatizações para dispersarem a nossa atenção, toda a série é focada no seu tema: no romance de Akane e Azumi. Ou seja, bastante diferente dos habituais romances escolares cuja componente de comédia é um elemento fulcral e onde as personagens secundárias possuem o seu próprio papel dentro da narrativa.
Tsuki ga Kirei – Um romance real
Outro ponto bastante interessante – e que eu mesma me esqueci inúmeras vezes – foi o contexto do romance na sociedade japonesa. É preciso não nos esquecermos que naquela sociedade um rapaz falar para uma rapariga (e vice versa) é, por si só, algo de especial e motivo de alarido. A cultura é bastante diferente da ocidental, e uma das maiores divergências é no romance. Acredito que se tivermos esse fator em conta desde início passámos a dar mais valor à história e ao seu desenvolvimento.
Como disse em cima não é uma obra para todos, e razão recai no melhor que esta série tem: o seu carácter orgânico. Composta por personagens reais que, dentro do seu contexto social, tentam criar relações ao mesmo tempo que lutam para um futuro no exigente sistema de ensino japonês. Essas personagens não são as mesmas do início ao fim. Sofrem a evolução normal decorrente das exigências do meio, como espetadores temos o privilégio de seguir, literalmente, a vida de dois jovens em tempo real.
Para quem já assistiu, recomendo até assistir o primeiro e o penúltimo/último episódios. A diferença é abismal! Mas toda ela tão lógica e completa que, no final, até os gaguejos e mal entendidos constantes iniciais nos fazem sorrir.
Quanto às restantes personagens, as secundárias são desenvolvidas e utilizadas com mestria. Não sentimos que falta desenvolvimento em nenhuma delas, até porque para isso temos os créditos e extra-créditos presentes em alguns episódios. Além de super divertidos, naqueles dois minutos extra-história ficávamos a conhecer os colegas de Akane e Azumi e as suas relações. Algo que, curiosamente, sentia que tardava a acontecer na narrativa principal em 20 minutos.
À medida que nos aproximamos do final, tudo o que nos deixava menos contentes era limado, aprimorado e elevado ao expoente máximo. Posso dizer, sem querer spoilar muito, que o último episódio deixa-nos de coração cheio. Tudo o que foi menos bom dissipa-se, o que culmina num feedback bastaste positivo no geral.
Tsuki ga kirei | Ambiente
No entanto, enquanto que a história ganha pela sua consistência, o ambiente perde por uma inconsistência aberrante.
Uma coisa é quando todo o anime tem uma qualidade mediana, outra completamente diferente é quando vemos, na mesma cena: personagens perfeitas – com um design único e atrativo – e no cenário um desfile de marionetas em 3D. É… fez-me demasiada confusão para conseguir lidar. Demorei quase que 10 episódios para me conseguir abstrair daquele 3D manhoso, e acredito que para quem prime por uma qualidade de animação consistente – e/ou acima da média – esta obra seja de digestão difícil.
Mas nem tudo foi mau, acredito inclusive que o recurso a 3D barato se deva a custos de produção. O design dos protagonistas é agradável e tão característico que consegue criar uma imagem de marca, com todo aquele brilho e sombreado a branco. A qualidade acima da média verifica-se ainda nos clímax de cada episódio que foram produzidos com uma qualidade de fazer inveja, com fotografias de tirar o folgo e guardar como wallpaper para a posteridade.
A banda sonora é doce, extremamente amorosa e bem colocada. O foco continua a ser os temas de abertura e encerramento.
Tsuki ga Kirei | Juízo Final
Em suma, Tsuki ga Kirei é um doce romance entre dois adolescentes de 14 anos, japoneses. É extremamente bem desenvolvido dentro do contexto sociedade e idade dos protagonistas. Envolve aspirações do futuro, desejos, choque com a realidade e amadurecimento progressivo, numa idade de transição e decisiva para a vida dos jovens japoneses. É uma caracterização bastante precisa do que deverá ser a realidade daquela faixa etária, seja em romance como vida escolar. Não há artifícios, não há filtro, nem aceleração conveniente dos acontecimentos. Tudo é desenvolvido de forma lógica e pausada e é isso que torna Tsuki ga Kirei único. Não é feito para agradar a ocidentais e orientais. É o que é, e é maravilhoso por isso.
Acredito que tenhamos a tendência de o achar levemente frustrante em determinados momentos da história, mas acredito que quem enverga a paixão por anime – e sobretudo shoujo – não encontrará um impeditivo para não assistir.
Para terminar, não se assustem por ter somente 12 episódios (quando na maioria os romances têm 25 episódios + manga) porque a história é feita criteriosamente para preencher os 12 episódios na medida certa. Nem mais nem menos.
Tsuki ga Kirei | Trailer
Análises
Tsuki ga Kirei
Tsuki ga Kirei estreou na temporada de primavera e prometeu conquistar os corações do público...
Os Pros
- Gestão narrativa
Os Contras
- 3D