Uchouten Kazoku 2 revelou-se uma sequela muito fiel à sua antecessora. Dado o sucesso da primeira série, este tipo de estratégia por parte da P.A. Works era expectável. Como se costuma dizer, “equipa que ganha não se mexe”. No entanto, a manutenção de certos aspetos nem sempre é positiva. Os fãs querem sempre mais. Aquilo que em determinado momento funciona como fator surpresa, logo a seguir deixa de o ser. Vamos aos detalhes.
Tanukis – Os Verdadeiros Protagonistas
A história de Uchouten Kazoku 2 enquadra-se perfeitamente na sinopse que apresentei aquando da minha análise à primeira série. Quioto continua a ser a cidade de fundo, com os tanukis, tengus e humanos a co-habitarem entre si, dentro do possível.
Entre as três espécies da história, os tanukis continuam a assumir o papel principal. Irónico dizer isto quando comparamos as três raças. Os tanukis são os mais débeis e fracos na parte física. O sobressalto debaixo do qual estes vivem é uma constante.
Todavia, estas são caraterísticas que contrastam com o espírito aventureiro e de desafio que Yasaburou Shimogamo apresenta. Enquanto personagem principal de Uchouten Kazoku, este tanuki é o grande responsável pela imprevisibilidade presente no desfecho da maior parte das peripécias da história. Este aspeto continua a ser um dos pontos de maior valor, de uma franquia que pouco ou nada mudou.
Não quer isto dizer que os outros Shimogamo foram esquecidos. De facto, o título desta obra, em português: “Uma Família Excêntrica”, é melhor justificado nesta segunda temporada. Os três irmãos de Yasaburou têm uma atenção bem considerável ao longo dos 12 episódios. Falo de Yajirou, Yaichirou e Yashirou Shimogamo.
Nidaime – A grande novidade no elenco!
Uchouten Kazoku 2 trouxe desde muito cedo uma nova personagem (relevante!) para o centro do ecrã. Nidaime! O filho de Akadama que, sem grande esforço, deixou toda a gente em sentido. De certa forma, a introdução a Nidaime fez lembrar a de Benten na temporada inicial. Enquanto tengu não assumido, este foi o principal responsável pelos momentos mais interessantes do primeiro terço da série, ao medir forças com o próprio pai e com Benten.
De facto, o “desaparecimento” desta personagem a meio da série fê-la perder algum fulgor. O bom nível só foi recuperado na reta final, altura em que Nidaime voltou ao ecrã. Arrisco dizer que não foram as suas intervenções que contribuíram para essa subida de qualidade dos episódios finais. Mas que esteve presente nesses momentos chave, isso esteve. Resumindo, esta nova personagem justificou bem a presença em Uchouten Kazoku 2.
Benten continua a ser … Benten
Pelos seus traços de personalidade e comportamentos, Benten continua a ser uma das personagens de maior respeito na trama. Com exceção de Nidaime, ninguém se atreve a desafiá-la. Algo que ao fim de duas temporadas causa uma certa confusão no espectador. Ainda que Uchouten Kazoku seja uma franquia que se destaca pela sua simplicidade e fluidez a todos os níveis, a relevância e o mistério que envolvem Benten já deviam ter sido mais desenvolvidos.
Manutenção do Visual e Banda Sonora
Já tinha constatado isto aquando do artigo das primeiras impressões a Uchouten Kazoku 2. Estou apenas a repetir-me. O primeiro episódio desta sequela deixou logo claro que a parte visual da série seguiria os mesmos padrões da sua antecessora. E ainda bem! Aqui está um grande trabalho da P.A. Works. Ambiente simples. Coloração variada e suave. Desenho agradável, detalhado onde tem que ser, e ausente de fanservice. Este último aspeto pode dividir os fãs. Porém, dadas as restantes caraterísticas da produção, parece-me claramente a melhor opção.
Também a banda sonora se manteve fiel à primeira temporada, com a maioria das baladas a serem suaves, alegres e agradáveis para os ouvidos de qualquer um. Relativamente ao opening de Uchouten Kazoku 2, intitulado “Nasugamama, Sawagumama”, este não só é idêntico ao do anime de estreia, como pertence à mesma banda (milktub).
Uchouten Kazoku 2 – Juízo Final
Uchouten Kazoku continua a ser uma série recomenda para qualquer adepto de anime. Ao seguir a linha da primeira temporada, o resultado expectável era este. Esta é uma produção livre de compromissos e de grandes cenas, fazendo da sua simplicidade e leveza os seus pontos fortes. Acrescento. Qualquer pessoa que não tenha visto a primeira parte não se vai sentir perdido se “arrancar” logo com a visualização desta sequela.
A meu ver, o ponto menos bom é a meio da trama, altura em que as cenas se tornam um pouco monótonas. No entanto, o último terço do anime revelou-se surpreendente e de alta qualidade, pelo que compensou o que de menos bom tinha ficado para trás.
Se até aqui Uchouten Kazoku não perdeu pontos – altura em que o fator repetitivo poderia ser prejudicial a esta avaliação – muito menos no que se segue. Quer a nível visual, quer a nível sonoro, deixar ficar tudo como estava foi, sem dúvida, a escolha certa.
Uchouten Kazoku 2 justifica a ideia passada pela sua antecessora. Ou seja, que certas produções não precisam de grandes acontecimentos, animações, ou desenhos altamente complexos para atingirem um patamar de sucesso. Volto a destacar, com recurso às mesmas palavras de há pouco. Esta franquia é a prova como a simplicidade também tem potencial, à sua própria maneira.
Uchouten Kazoku 2 – Trailer
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Análises
Uchouten Kazoku 2
Uchouten Kazoku 2 pode ser considerada uma repetição da sua antecessora, mas com peripécias diferentes. O seu valor é exatamente o mesmo e a série pode ser vista sem conhecimento da prequela.
Os Pros
- Enredo
- Produção Visual
- Personagens
- Banda Sonora
Os Contras
- Monotonia de algumas cenas a meio da narrativa