Título: Ushio to Tora
Adaptação: Manga
Estúdio: MAPPA x Voln (MAPPA – Zankyou no Terror, Kids on the Slope, Shingeki no Bahamut: Genesis)
Géneros: Comédia, Demónios, Shounen e Supernatural
Ficha Técnica: Disponível
Ushio to Tora | Enredo
Ushio acha que o seu pai é louco e está senil quando fala que um antepassado aprisionou um demónio no altar do templo à 500 anos atrás, com recurso à lendária Beast Spear, uma lança capaz de “perfurar a escuridão e afastar os demónios” e que, segundo o seu pai, está também guardada no templo.
Numa rotineira tarefa de arrumação da arrecadação, Ushio dá com um alçapão fechado e a sua curiosidade leva-o a abri-lo. Este ‘acidente’ faz com que ele descubra a veracidade das histórias do pai.
Dentro da câmara está um ser monstruoso que parece um felino, com uma lança antiga a trespassar-lhe o braço, prendendo-o à parede. O demónio revela a Ushio que só um humano pode remover a lança, embora as consequências possam ser letais para ele.
Contudo, a abertura do alçapão provocou alterações irreversíveis no mundo e de modo a restabelecer o equilíbrio Ushio tem de tomar a decisão de libertar o demónio e usar a lança. Terá sido um erro ou uma bênção?
Agora é a altura em que vocês pensam, e muito bem, o mundo está em perigo e o nosso protagonista é o único que o pode salvar pois tem em mãos a chave para um poder incrível que o permite desafiar as forças do mal, onde é que eu já vi esta premissa?
A isso eu respondo, os anos 90 estão de volta e em força. A verdade é que esta temporada não trás apenas Dragon Ball na sua mala de nostalgias da referida década, traz também esta relíquia preciosa. Ushio to Tora tem o seu lugar na história da animação e foi pela primeira vez retratado num OVA de 10 episódios em 1992. Agora com animação de ponta pelo estúdio MAPPA (da qual falarei mais adiante) chega aos nossos olhos mas com a mesma premissa, e é isso que a faz parecer obsoleta.
Apesar da nostalgia pela animação dos anos 90 pesar, não devemos apenas deixar-nos envolver por esse “quente cobertor numa manhã de inverno” e devemos analisar a obra pelo que ela traz de bom e/ou mau.
O que o enredo parece trazer de bom é a oscilação entre a conversa séria e a espaços tenebrosa com a comédia absurda e caras expressivas (como na imagem acima). A dinâmica entre Ushio e o pai no começo, e depois entre Ushio e Tora prende-nos logo. Ushio dá todas as provas de ser o tipo de protagonista que vamos adorar seguir e que tem ao seu lado o cómico, titânico e contrariado demónio, formando um duo que não devemos perder este verão.
O mau pode estar no mesmo espetro do bom, mas na ponta oposta, um enredo tão simplista e trivial e que usa conceitos de comédia tão datados, pode afastar fãs de anime mais contemporâneos e que não cresceram na febre anime de 1990 a 1999. Pelo primeiro episódio não há muito mais a julgar que isto.
Ushio to Tora | Ambiente
Deixando a história de lado, vamos agora falar do ambiente que rodeia esta janela para o passado, para uma época tão bonita e simples da animação japonesa. Deixou-me muito contente saber que este projeto estava a cargo do estúdio MAPPA, que é conhecido por pegar em obras especiais e tratá-las com tanto carinho.
O que o estúdio conseguiu com Ushio to Tora foi revitalizar uma animação datada com novos traços e tratamentos de imagem da nova geração, ao mesmo tempo que manteve o design característico desta obra clássica.
Nota-se bem a evolução da animação no jogo de luz e sombra nos cenários e nas expressões faciais mais vincadas das personagens, bem como nos momentos de fantasia e espetacularidade. Um detalhe interessante e importante de referir é o efeito “grão”, estilo televisão antiga, com que o estúdio MAPPA concebeu a animação.
No que toca ao som há três pontos muito importantes a destacar: atuação vocal, efeitos e temas do anime. Os atores vocais fazem um trabalho excelente, expressividade ao máximo e encaixam que nem uma luva na animação. Deram a Ushio uma voz com carácter o que faz dele um protagonista mais maduro e mais assertivo, o que faz dele a voz da razão na relação com Tora, pelo menos até ver.
Os efeitos sonoros são excelentes e colocados no timing certo, quase sempre acompanhados por uma banda sonora épica ou que simplesmente complementa as ações das personagens.
Para terminar, os temas do anime. O opening é épico e violento e em conjunto com o ending formam uma viagem ao passado da qual não queremos regressar.
Ushio to Tora | Potencial
Depois de tudo o que já escrevi é complicado esconder que fiquei realmente feliz com o início desta aventura. Ushio to Tora é um anime que acalma as saudades daqueles que como eu sentiram na pele a animação dos anos 90 enquanto crescíamos ou até mesmo os fãs mais contemporâneos mas que gostam de explorar os clássicos.
Se tiver que apontar algo de errado à obra neste momento, seja talvez o facto de se tratar de uma premissa que não parece trazer nada de novo. Tal facto deve-se à sua idade e por hoje em dia sentir-mos com mais força os animes mais originais e aqueles que apresentam surpresas ou conceitos inovadores e complexos.
Para os fãs que precisam de uma forte dose de sentido e substância Ushio to Tora pode não ser fácil de digerir. Mas dêem uma hipótese, não pensem, relaxem e deixem que esta fantasia vos preencha.
Análises
Ushio to Tora
Para os fãs que precisam de uma forte dose de sentido e substância Ushio to Tora pode não ser fácil de digerir. Mas dêem uma hipótese, não pensem, relaxem e deixem que esta fantasia vos preencha.
Os Pros
- Imagem renovada de um forte pedigree dos anos 90
- Personagens carismáticas e banda sonora com carácter
Os Contras
- Premissa datada pode afastar os fãs mais contemporâneos e que escolhem pela originalidade
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