Título: Young Black Jack
Adaptação: Manga
Produtora: Tezuka Productions
Géneros: Drama
Ficha Técnica: Disponível
Young Black Jack | Enredo
Young Black Jack, a série anime, adapta o manga do mesmo nome, e serve como prequela ao clássico Black Jack, da autoria do lendário mangaka Osamu Tenzuka-sama. Esta conta a história do genial médico que trabalha, sem licença, nos mais obscuros casos da medicina.
Jack é portanto uma espécie de Gregory House ‘ilegal’, sendo o pináculo de coolness e mistério e fazendo de tudo para salvar a vida dos seus pacientes, se tiverem dinheiro para lhe pagar, claro.
Young Black Jack pega neste conceito e aparece para tentar oferecer uma origem para a ‘carreira’ do carismático Black Jack.
A história arranca nos anos 60, durante violentos protestos na Universidade de Tóquio , que levaram muitos jovens a confrontar a autoridade nacional.
No meio de greves e manifestações, um jovem e brilhante rapaz destaca-se do pensamento da maioria e trilha uma batalha solitária para salvar vidas. Este é Hazama Kuroo, o homem que mais tarde ficará conhecido como Black Jack.
Sobre a história, nada mais há a dizer. Chega a ser triste ver uma sinopse que quase ‘ponto por ponto’ descreve o enredo de uma obra, qual livro aberto. Não se antevê, a partir do primeiro episódio, uma ponta solta que se sinta que pode trazer mais à história do que aquilo que nos é apresentado.
Sabemos que o passado de Black Jack é misterioso e por isso, passo a redundância, é esperado que tal seja desvendado de forma misteriosa e com tentativas de surpreender, com o passar dos episódios.
Mas parece tudo muito espetável, as surpresas estão a nu (tal como Kuroo e os seus abdominais de sex symbol nas primeiras frames do episódio… vá se lá entender porquê).
Sem brincar, Young Black Jack é aceitável, mas não passa disso. O enredo é linear e previsível e se quiserem ser minimamente surpreendidos não leiam a sinopse sequer.
Um detalhe que poderia ter ajudado um pouco, a meu ver, a tornar a experiência mais forte e vincada, seria uma menor sexualização das personagens principais. Modernizar os designs de Tezuka-sama faz todo o sentido nos dias que correm, contudo, tornar Black Jack num Channing Tatum com cicatrizes e retalhos, retirou-me da piscina de substância da obra, como sinto que o fará a muita gente.
Esta manipulação nos genes do clássico cria uma excisão ainda maior quando vemos que os autores da prequela quiseram mesmo homenagear a história de Osamu Tezuka ao “manterem” o seu design de personagens característicos para algumas personagens secundárias, o que cria um choque frontal de gerações um pouco sensaborão e psicadélico.
Young Black Jack | Ambiente
Vou agora tirar o pé do acelerador e tornar a minha análise mais agradável e um pouco mais colorida. O ambiente de Young Black Jack é um ponto positivo, e vou decompor este positivismo e agrado em: animação e banda sonora.
A animação é boa sem ser revolucionária. Passa nos testes que são considerados mais perdoáveis em anime (personagens terciárias ou desenhos de multidões) e sobe consideravelmente quando temos em cena as principais personagens, sobretudo quando Hazama Kuroo está a antecipar as intervenções cirúrgicas e quando as está a executar.
No outro espetro dos elogios da animação da série está um ponto que acima referi como sendo um ponto fraco. Falo claro da tezukanização de algumas personagens secundárias, aqui presente para ligar umbilicalmente esta prequela ao clássico de Osamu Tezuka.
E, embora considere que o uso de um design tão nostálgico, no mesmo mundo onde as personagens mais relevantes foram modernizadas, enfraquece a experiência de vizualização, por si só, estes designs trazem consigo o “aroma de uma infância esquecida”.
O outro pronto em questão, a banda sonora, é, após visualizar o primeiro episódio, o meu elemento favorito. Temos o som de fundo que acompanha o drama, sobretudo na cirurgia, mas incrivelmente para mim, é o tema opening que rouba o espetáculo. Um tema vibrante que ainda está na minha cabeça uma semana depois, o que é ao mesmo tempo uma lufada de ar fresco e um elemento que causa imensa depressão por ser o ponto mais memorável de um total de 25 minutos.
Young Black Jack | Potencial
Pesando tudo o que foi dito, devo conseguir responder à questão:
“Devo seguir Young Black Jack esta temporada?”
A resposta é não. Não por ser um atentado à animação, ou por ser necessariamente uma perda de tempo, apenas não deve ser de perto nem de longe uma prioridade.
A premissa parece demasiado repisada e desprovida de substância e alma (eu sei que falar em conceitos abstratos parece uma saída fácil mas é o que sinto).
Se há coisa que o tema opening e a homenagem a Tezuka conseguiram foi, criar em mim um súbito desejo de ver o anime original ou mesmo ler uns capítulos do manga original de Black Jack.
Para rematar, termino com aquela que penso ser a expressão definitiva do que está série me fez sentir, assim como aquilo que eu penso que ela é, após o primeiro episódio:
“Chego a casa e na mesa está um suculento naco de carne acabado de sair do forno acompanhado de umas belas batatas assadas mas, quando provo, as batatas estão duras e a carne não está temperada”.
Análises
Young Black Jack
A premissa parece demasiado repisada e desprovida de substância e alma (eu sei que falar em conceitos abstratos parece uma saída fácil mas é o que sinto).
Os Pros
- Tema Opening e decente produção de visual.
Os Contras
- Personagens sensaboronas e história sem surpresas que vão provocar muitos bocejos