Hoje, o ptAnime apresenta aos seus caríssimos leitores um anime que, apesar de ter um protagonista que é bem conhecido por cá, nunca foi transmitido em Portugal. Na verdade, esta primeira série de Yu-Gi-Oh! é uma obra cuja existência é desconhecida por muita gente. Não apenas por terras lusitanas, como também no resto do mundo. Sem mais demoras, vamos então à análise propriamente dita.
Yu-Gi-Oh! – A História
Yugi Mutou é um jovem estudante que tem uma enorme paixão por todo o tipo de jogos, um pouco à semelhança do seu avô que até tem uma loja no ramo. Frágil e inocente, Yugi é uma presa fácil para os praticantes de bullying da sua escola, tendo também dificuldade em fazer amigos.
Contudo, certo dia tudo vai mudar. Ao ter na sua posse um puzzle egípcio com mais de dois mil anos de existência que percorreu várias gerações sem nunca ninguém o ter conseguido montar, Yugi vai encontrar naquele objeto um desafio aliciante que, surpreendentemente, vai ultrapassar com sucesso. Reza a história que naquele artefacto mítico, de nome Millenium Puzzle, se encontra o espírito de um Faraó com poderes da escuridão.
A verdade é que esta lenda que percorreu milhares de anos não podia estar mais correta. Após finalizar a construção do puzzle, dentro de Yugi vai passara a habitar um espírito que irá assumir o controlo deste jovem nos momentos de maior necessidade do rapaz. Será graças a esta personagem, à qual se pode dar o nome de Yami Yugi, que Mutou e o seu grupo restrito de amigos se vão safar dos perigos diários com que se vão deparar, sempre por intermédio de um jogo das sombras (Shadow Games).
Se o talento de Yugi para os vários tipos de jogos já é bem considerável, então o que dizer do seu companheiro espiritual que é perito em Shadow Games (jogos cujos derrotados sofrem punições dos mais variados tipos) e que vai despertar a atenção de Seto Kaiba, maior rival desde duo ao longo de toda a série.
Yu-Gi-Oh! – Ambiente e Enredo
Como pela introdução à história facilmente se percebe, esta produção destaca-se pela enorme diversidade de jogos que apresenta. Um aspeto que a meu ver não é suficiente para colocar a série na lista de animes de qualidade de todos os tempos.
Na verdade, arrisco mesmo dizer que esta séria será o ponto fraco da obra. Não vou estar aqui a comparar “Yu-Gi-Oh!” a “Yu-Gi-Oh! Duel Monsters”. Apenas vou fazê-lo na sequela. Contudo, creio que a chave do sucesso da segunda série terá estado relacionada com a redução do número de jogos. Aqui, a maioria deles não tem grande interesse e declara sempre o mesmo vencedor, Yami Yugi. O próprio Kazuki Takahashi terá percebido isso ou não teria mudado o rumo do manga.
Se alguns desafios são pobres, então o estilo repetitivo dos episódios não vem ajudar muito. Com exceção da parte final, onde realmente se nota que há um enredo interessante, quase todos os outros capítulos apresentam a mesma estrutura. Basicamente, há sempre alguém a criar um problema que mais tarde ou mais cedo acaba por envolver Yugi e os seus amigos. A situação atinge sempre um ponto de sofrimento elevado, altura em que Mutou assume a forma do espírito que habita dentro do Millenium Puzzle, acabando este por resolver a situação.
Apesar dos pontos anteriores não serem lá muito encantadores, esta série tem um papel importante no que toca à relação entre as personagens. Vamos conhecê-las melhor já de seguida. Antes disso, parece-me importante salientar, até porque o anime nunca foi transmitido em Portugal, que só através desta produção podemos perceber como nasceu a rivalidade entre Yugi e Kaiba; como Joey e Tristan fizeram amizade com o grande protagonista; e até mesmo como Bakura se juntou ao grupo de amigos de Yugi Mutou.
Yu-Gi-Oh! – As Personagens
Começando desde logo por Yugi e pelo Yami Yugi que reside no Millenium Puzzle, de forma simples se pode dizer que os dois complementam-se um ao outro. Yugi tem um grande coração e alguma aptidão para os jogos, mas é franzino, tímido e de certa forma incapaz de fazer frente a quem quer que seja. Já o “Faraó” detém uma competência ainda maior nos jogos, particularmente nos seus Shadow Games. Yami tem uma estrutura física que mete muito mais respeito e não pensa duas vezes no que toca ao castigar aqueles que desencadeiam o mal, ao contrário do seu portador.
Como aqui já se falou, o grande rival destes dois é Seto Kaiba, um jovem rico e poderoso que também tem um enorme talento para jogos. Incapaz de aceitar que alguém possa estar ao seu nível ou num patamar superior no que toca a jogos, depois das coisas não lhe correrem lá muito bem num desafio frente a Yugi, Kaiba vai fazer de tudo para deitar abaixo aquele que é o único duelista capaz de lhe fazer frente.
No meio de toda esta situação está Ryo Bakura. O jovem tem um coração bom que até o vai ajudar a criar empatia com Mutou. Todavia, este transporta consigo um Millenium Item (Millennium Ring) onde reside um espírito maligno que muitas vezes se vai apoderar dele para criar problemas a Yugi e aos seus amigos.
Nomes originais de Yu-Gi-Oh! alterados no Ocidente
Antes de avançar para o juízo final, de mencionar ainda os quatro fiéis companheiros de Yugi, dos quais três sofreram alterações no nome na sua viagem até ao Ocidente. São eles Katsuya Jonouchi, Hiroto Honda, Anzu Masaki e Miho Nosaka.
Jonouchi é o bem conhecido Joey Wheeler. Inicialmente, este adolescente não vai dar grande importância a Yugi. Uma atitude que acaba por mudar, a partir do momento em que o possuidor do Millenium Puzzle vai tentar protegê-lo e a Tristan (Hiroto Honda). Daí em diante, os três vão se tornar grandes amigos, particularmente Yugi e Joey. Este último é muito respeitado na escola por ser perito em combate. Apesar dessa fama que a luta lhe concede e do ar de rufia, Jonouchi tem um coração de ouro.
Por seu lado, Tristan Taylor consegue destacar-se pelo fraquinho que tem por Miho Nosaka. A rapariga foi a única que não sofreu alteração de nome por ter desaparecido com o final desta primeira série. A produção decidiu tornar Miho uma personagem principal, embora no manga esta apareça, segundo consta, apenas uma vez. Detentora de um ar inocente, Nosaka tem dificuldade em esconder os seus verdadeiros desejos.
Finalmente, Anzu Masaki é a bem conhecida Téa Gardner. Devido à sua proximidade com Yugi, Téa vai muitas vezes ser vítima dos problemas que vão surgir ao rapaz, acabando sempre por ser salva por Yami e, consequentemente, ser das primeiras pessoas a aperceber-se da “dupla personalidade” do rapaz.
Yu-Gi-Oh! – Juízo Final
Em jeito de conclusão, “Yu-Gi-Oh!” é uma série que em termos de qualidade não consegue ir além do razoável. Merece uma avaliação positiva quando olhamos para este anime como um bom exemplo daquilo que é a verdadeira amizade. Todavia, este aspeto, a par da reta final da história que é interessante e de dois ou três jogos atrativos que aparecem ao longo de toda a série, não chega para se estar aqui a tecer rasgados elogios.
Seja como for, a maioria de nós conhece a sequela e sabe que a mesma é de grande nível. Como tal, ver este anime até acaba por ser aconselhável para os fãs. Não apenas para conhecerem as verdadeiras raízes de Yu-Gi-Oh!, mas também para compreenderem melhor algumas situações que ocorrem em “Yu-Gi-Oh! Duel Monsters”. Se por acaso a vossa posição em relação à sequela não se encaixa na previamente mencionada, então devem descartar esta série.
Sem mais nada a dizer, deixo-vos com o típico trailer de final de análise e lanço o apelo habitual. Caso já tenham visto esta produção, então não se esqueçam de deixar na secção de comentários a vossa sincera opinião sobre ela para que possam elucidar os mais indecisos.
Análises
Yu-Gi-Oh! - Análise
A primeira produção anime de Yu-Gi-Oh!, nunca transmitida em Portugal, foi totalmente diferente da sua sequela, quer em termos de enredo, quer em termos de qualidade.
Os Pros
- Enaltece o valor da amizade.
- Os jogos interessantes que apresenta.
Os Contras
- Presença de muitos jogos desinteressantes.
- A estrutura narrativa repetitiva da maioria dos episódios não favorece a série em nada.