O último episódio de Skip to Loafer é o meu favorito! Para além da relação de Shima e Mitsumi estar cada vez mais profunda, os próprios sentimentos de Shima estão cada vez mais à flor da pele.
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Skip to Loafer Episódio 12 – Opinião
Pequenos mamíferos protetores
A amiga de infância do Shima, Ririka supostamente é uma modelo lindíssima mas eu acho que ela é bastante feia. Talvez porque as atitudes dela são bastante desagradáveis. Ela é especialmente boa a atazanar a cabeça quer do Shima quer da mãe dele. Quer ela tenha ou não tenha razão em chamar a atenção da mãe do Shima para as suas atitudes em relação ao filho, acho que a abordagem dela é sempre muito brusca e só causou ainda mais agonia existencial ao Shima.
O que vale é que a Mitsumi já entendeu que ela é a toxicidade em pessoa, e não hesitou em proteger o Shima da forma mais adorável possível. Aliás, é através do crescimento que Shima tem enquanto pessoa ao lado da Mitsumi que ele aprende a expressar os seus sentimentos de forma mais aberta, mesmo que ele saiba que o que ele tem para dizer não corresponda ao que as pessoas querem ouvir.


Egoísmo ou amor próprio?
Apesar de ainda não sabermos o que de tão grave aconteceu entre Ririka e Shima, o mais importante é que Shima deu o primeiro passo para enfrentar os seus medos, ser honesto, perdoar-se a si mesmo e o mais importante: priorizar-se a si mesmo. Contudo, a Ririka não perdeu tempo a chamá-lo de egoísta e narcisista, e eu honestamente senti a dor do Shima.
Para o Shima, o equilíbrio entre ser “egoísta” e “ter amor próprio” é algo bastante difícil de gerir. Também não ajuda o facto da Ririka só ser honesta quando não tem o Shima à frente, e ainda se questionar do porquê de ele se sentir tão desconfortável ao pé dela comparado com a Mitsumi. De certo modo, a Mitsumi é muito boa a equilibrar o “ser egoísta” com o “agradar aos outros”, ao perseguir o seu sonho individual sem “pisar” os seus colegas no processo. Para mim, essa é uma das fontes da admiração que o Shima sente por ela, e algo que ele está a tentar praticar ativamente também.
Impossibilidade do autoconhecimento
Este é o meu segmento favorito de todo o anime. O segmento em que o Shima tece uma major reflexão sobre a sua vida: para ele, é mais fácil entender os sentimentos e as motivações dos outros do que os seus próprios sentimentos. Ele mesmo refere que “dar às pessoas o que elas querem dele” deixa-as felizes e isso consequentemente facilita a vida ele. A nossa esponjinha de sentimentos Shima Sousuke evita sentir-se mal garantindo que todos à volta dele se sentem bem.
Adicionalmente, neste momento, Shima reflete no significado dos conceitos de “fazer algo por si” e de “objetivo de vida”, tendo em conta os exemplos de Mitsumi e do Kanechika-senpai. É nesta reflexão que o Shima chega à conclusão que tem inveja das pessoas como Mitsumi, das pessoas apaixonadas e vibrantes que olham em frente, certas delas mesmas e do que querem.
Sem a possibilidade de se conhecer e saber o que ele quer, Shima sente-se perdido, passivo e vazio. Ele sente que nunca poderá habitar o mundo em que Mitsumi vive, simplesmente porque ele define-se por ser “a pessoa que os outros querem que ele seja”. Agora confrontado com a possibilidade de viver por e para si, quem é o Shima Sousuke?
O problema é que… quem poderá saber quem ele é para além dele mesmo? Esse é o grande drama do Shima e da humanidade inteira. Para mim, é este drama que o define enquanto pessoa o que o torna uma personagem tão incrivelmente interessante.
A luz ao fundo do túnel
Apesar do Shima sentir que não “pertence” ao mesmo mundo de Mitsumi, desta vez, isso não se traduz numa necessidade de distanciamento mas sim, um sentimento de ainda mais curiosidade na aproximação. Com o festival cultural terminado, e com a Mitsumi a abrandar o seu ritmo de furação no final do dia, o Shima demonstra ter a necessidade de adiar a separação dele e da Mitsumi.
Este momento é extremamente adorável, porque o Shima continua a chamar a Mitsumi porque ele quer chamá-la, ele quer que ela pare e olhe para ele, e esse é o sentimento “egoísta” que o Shima parece estar a aprender a cultivar. Normalmente ele estaria preocupado se estaria a incomodá-la, mas aqui ele faz questão de ser verdadeiro com os seus sentimentos e as suas vontades. É claro que a Mitsumi nota imediatamente esta mudança e fica tão confusa quanto feliz ao ver que o Shima parece estar no bom caminho.
Apesar de eu ter a sensação que o Shima está num processo de crescimento positivo, também sinto que mais struggles construtivos estão para vir se este anime tiver uma season 2. Estou a fazer figas para poder continuar a ver esta obra incrível animada! E vocês?
Skip to Loafer – Conclusão
Skip to Loafer é um anime seinen mascarado de anime slice of life/shojo e isso torna-o muito curioso e peculiar. Apesar de ter uma atmosfera leve e uma animação simples mas sempre coerente e com uma paleta de cores lindíssima, Skip to Loafer trata os assuntos destes adolescentes com uma seriedade incomum.
Na verdade, a abordagem de Skip to Loafer reconhece a importância e a validade da adolescência enquanto um período essencial de desenvolvimento social e emocional, dando a atenção devida aos problemas aparentemente “triviais” que as nossas personagens têm que enfrentar. Mais do que isso, Skip to Loafer até se atreve a colocar o pé nos temas da transexualidade, centralizando a necessidade de sermos honestos connosco mesmos, independentemente das expetativas sociais.
Em suma, Skip to Loafer é um anime sobre emoções, a dificuldade de as sentir e o esforço de conviver com elas e com as dos outros. Por acaso, o romance e a amizade fazem parte deste pack. Contudo, o modo como o amor – quer seja ele platónico ou romântico – nasce, de forma orgânica e espontânea, não deixa de ser surpreendentemente refrescante e incovencional. Para mim, Skip to Loafer é tudo o que os animes de romance deviam ser.
Muito obrigada por terem lido os comentários semanais de Skip to Loafer! Encontrámo-nos em breve!
Se quero uma season 2? Claro! Gostei muito de Skip to Loafer, muito mais do que pensei que ia gostar. Se não fossem dois enormes animes como Vinland Saga e Golden Kamuy, era o meu favorito da temporada. Simplesmente maravilhoso!