Tenshi no Tamago – Análise

Esta minha queda por filmes pouco comuns e inusitados, por vezes, leva-me a perder tempo. Neste caso, em concreto, estou dividida…
“Tenshi no Tamago / Angel’s Egg” fez-me questionar se tornaria a ver o filme um par de vezes ou se nunca mais lhe tocava. E, após uns dias, esta continua a ser uma dúvida na qual ainda estou a trabalhar, visto que fiquei curiosa com os artigos que li, posteriormente, acerca desta obra e de um dos seus criadores.

Acompanhem-me nesta análise e tirem as vossas conclusões. Valerá a pena assistir?…

 

Tenshi no Tamago – Análise

 

Tenshi no Tamago – A criação

Mamoru Oshii, mundialmente conhecido através da sua obra “Ghost in the Shell”, foi também o escritor e diretor de “Tenshi no Tamago”. Já no que toca ao estúdio, temos um nome bem conhecido, nomeadamente para os mais velhos: Studio DEEN. Sim, o estúdio de onde saíram imensas obras conhecidas entre os anos 90 e inícios de 2000. Temos como exemplo “Fruits Basket”, “Vampire Knight”, “Hell Girl”, “07-Ghost”, “Orphen” e, dos mais conhecidos, “Rurouni Kenshin”!

No que respeita ao autor em si, visto que apenas conhecia a saga de Ghost in the Shell, em todo o reportório do autor, decidi pesquisar um pouco acerca das suas restantes obras. Assim que me inteirei do histórico de Oshii, “Tenshi no Tamago” começou a fazer muito mais sentido na minha cabeça. Oshii parece dedicar-se ao estranho/bizarro, aplicando nas suas obras temas como religião, extra-terrestres, tabus sociais, entre outros. Em vários artigos, escritos por quem assistiu a “Tenshi no Tamago”, diz-se que o autor criou o filme após ter perdido a sua fé na religião e que existem imensas projeções disso mesmo na trama.

Será que Oshii pretende passar alguma mensagem aos espectadores?

 

 

Tenshi no Tamago – O enredo

Esta é a história de uma menina que protege um ovo, num mundo que aparenta estar num pós-guerra. Há soldados por toda a parte, maquinaria pesada e estranha, as ruas estão sempre desertas e as casas parecem estar abandonadas à pressa.
A envolvência é pesada, mantendo sempre o cenário soturno e sem vida. Não se consegue saber ao certo quando é dia ou noite, na minha opinião.

 

 

No que respeita à banda sonora, confesso que fiquei fã, logo desde o começo. O filme inicia com uma música tão aterradora que nos deixa “com pele de galinha”! A trilha sonora é sempre neste registo, misturando algo do tipo canto gregoriano com um instrumental fabuloso, totalmente tétrico. Temos a agradecer ao compositor Yoshihiro Kanno por esta maravilhosa banda sonora!

A animação, para mim, é das mais belas que já vi. Desde criança que sempre tive um fascínio pela arte sacra e este anime remete muito para isso mesmo. A expressão dos personagens é sempre triste, mesmo quando sorriem. Os olhos parecem pesados e sem vida. Os cabelos desgrenhados e a pele da menina pálida como cal. Simplesmente, adorei…
Houve, no entanto, algo que me deixou intrigada: os diálogos. Mais concretamente, a falta deles. No decorrer de todo o filme o diálogo é quase nulo e quando existe é extremamente vago.

Porque será? Continuem a ler e pode ser que descubram 😊

 

 

Os personagens

No que toca aos protagonistas, este filme foi surreal para mim. Por certo, haverá mais filmes com personagens misteriosos, mas este foi o primeiro que vi no qual pouco (ou nada) se sabe dos personagens principais e, mesmo assim, nos fazem querer continuar a ver.
Não me vou alongar muito neste tema, visto que não quero desvendar o mistério para os leitores. Limito-me a dizer que são dois personagens únicos, sem dúvida!
A inexistência de personagens secundários é óbvia, durante todo o filme, mas há vários figurantes, também estes peculiares (deixo ao vosso critério perceber o porquê desta minha deixa, caso queiram ver o filme).

 

 

Vale a pena assistir a Tenshi no Tamago?

Juízo Final

O filme deixou-me intrigada do início ao fim e, na verdade, continuo curiosa, como disse no começo.

Mesmo depois de ler vários artigos e ver imensos vídeos no Youtube de pessoas que tentam explicar o filme, não o consigo entender. Há, efetivamente, algumas coisas que fazem sentido depois de sabermos um pouco sobre o passado de Oshii mas há imensa coisa que fica “no ar”, sabem?
A meu ver, Oshii poderá ter deixado uma margem para que cada espectador interpretasse o filme à sua maneira, uma vez que a religião é muito versátil. Não sei se o filme fala apenas de cristianismo ou se mete várias religiões à mistura. Nem sequer sei se fala mesmo de religião! Estou a guiar-me por aquilo que fez sentido para mim ao ver o filme.
Contudo, não posso deixar de frisar que foi uma experiência muito diferente e que estou tentada a ver novamente o filme, apesar de achar (confesso) ter tanto de misterioso como de aborrecido (hehe).

E vocês? Aceitam o desafio de assistir a “Tenshi no Tamago”?