Top 10 Personagens de Jogos de Luta - Tiago Garcia

O género do jogo de luta, por virtude de sua natureza, precisa de incentivar elementos específicos da sua apresentação visual. Frequentemente, são feitos grandes concílios acerca dos aspetos mecânicos que informam e definem um qualquer jogo de luta.

Porém, estes últimos anos têm tornado claro que um jogo deste género também vive e morre pelo seu aspeto e personagens. Por mais que se possa argumentar que uma personagem é melhor que outra a um alto nível competitivo, a realidade alienável é que, para a vasta maioria das pessoas, o mais importante é encontrarem uma personagem que gostem e se identifiquem de forma a facilitar o processo de aprendizagem inerente ao género.

Nesse espírito, meditei acerca das personagens que mais gosto me deram no decorrer dos anos. Destes dez que selecionei, tomei os seguintes três critérios:

Seleccionei apenas uma personagem por franquia, daí que possa diversificar a minha seleção. Isto e não afogar a lista com personagens de Tekken e de SNK;

Apenas escolhi personagens que joguei durante períodos significativos no decorrer da minha vida. Espero desta forma conservar a minha própria experiência com o género que ocorreu na transição entre a proeminência do arcade e a consola caseira.

A ordem não deve ser necessariamente vista como uma ascensão de preferência absoluta. A verdade é que o meu gosto e afinidade varia consoante a minha preferência por um jogo ou por outro. Nesse aspeto podem também ser interpretados como primeiras escolhas nas suas franquias respetivas.

Menções Honrosas

#1- Ruby Heart (Marvel vs Capcom 2: New Age of Heroes)

Uma das mais interessantes invenções do estábulo de personagens da Capcom e, infelizmente, das mais ignoradas. Escolhendo mais da minha parte de lhe chamar Coeur de Rubis, ela exemplifica o popular arquétipo da capitã de piratas. Invocando o romantismo de Harlock, a sua sede pelo tesouro leva-lhe aos mais longínquos e sombrios cantos do mundo. É ela que reúne o elenco de heróis do jogo na qual aparece pela primeira vez, reunindo debaixo da sua pavillon noir uma tripulação verdadeiramente destemida.

Além de ter um ar imponente, aparentemente a única arma que lhe satisfaz os seus propósitos marciais é a âncora de seu navio, a Partenaire. Porém, confesso que não joguei muito com a personagem, apenas que se trata daquela que mais me apelou do pouco que joguei de MvC2. Também está aqui para dar o shoutout a outras personagens semelhantes como a B. Jenet e a Love Heart.

#2- Eagle (Capcom vs SNK 2)

Aqui cometo uma heresia grave para alguns. Esta é a única personagem Street Fighter de toda a lista. Porém, a minha inexperiência com a franquia não me irá impedir de dar o devido crédito a esta personagem. A imagem de um perfeito gentleman inglês, este procura aperfeiçoar a beleza de sua técnica marcial. Além disso, uma observação passageira torna inconfundível que o seu carisma visual advém da clara inspiração que tomou de Freddie Mercury. Como tal, também, através da confirmação da própria Capcom, o Eagle é bastante notável ao ser uma das poucas personagens masculinas homossexuais em jogos de luta, talvez até a única.

Confesso que grande parte do tempo que dediquei a esta personagem também advém da sua participação em Capcom vs SNK 2. Esta é a representação que dou de tão celebrada franquia, dado que apenas joguei a Cammy fora de seus jogos de origem.

Top 10 Personagens de Jogos de Luta – Tiago Garcia

#10- Cyclops (X-Men: Children of the Atom)

Os jogos de luta Marvel da Capcom foram sempre a maravilha de sonhos. Ler BD, ver as séries animadas e ir ver os filmes ao cinema era uma coisa. Estar lá para ver os gloriosos sprites em ação era toda outra experiência sublime, infelizmente agora rara. Líder de campo dos X-Men, e eventualmente do seu povo, Scott Summers é uma personagem tanto imperfeita como admirável.

A sua saga revela uma figura fascinante, ao ser simultaneamente o mais instável e quebrado dos seus colegas mas também o mais capaz e irredutível quanto à responsabilidade de liderança. Apenas o coloco aqui no fim porque, para ser honesto, a minha apreciação da personagem vai além do jogo. Quando o seleciono é mais por causa de todas as suas aventuras na página e isso eu tenho de considerar uma certa vantagem injusta perante os restantes mais abaixo.

#9- Cerebella (Skullgirls)

A personagem mais nova de toda a lista mas não menos extraordinária. A Lab Zero capturou a imaginação de inúmeros gamers com as suas personagens espetaculares. Todas elas em igual parte singulares e únicas ao referenciarem seus anciãos. A meu ver, é a Cerebella que se destaca mais. Uma artista incomparável e também inquestionável executora da temível Máfia Medici. O que lhe destaca visualmente é o seu chapéu, capaz de se transformar em dois braços gorílicos. Isto permite-lhe deslumbrar a sua audiência ao pegar no seu oponente e imobilizá-lo para executar mirabolantes demonstrações de violência circense.

O que me restringe de por mais alto passa pela novidade da sua personagem. Verdade seja dita, não sabemos se vai perdurar no panteão de seus antepassados marciais. Espero que esta personagem encontre lugar dentro dos mais conceituados grapplers do género.

#8- Kain Highwind (Dissidia 12 Final Fantasy)

Sendo eu um ~~teimoso~~ dedicado dono de uma PSP, afundei imenso tempo neste diamante oculto. O meu ponto de inserção mais direto para a franquia, foi este o jogo que me convenceu a dar uma hipótese à saga de Final Fantasy IV. Em grande parte, deve-se ao apego que tive pelo famoso Dragoon desse jogo.

Kain é uma personagem fascinante, um exemplo óbvio da perícia que a Squaresoft tem em criar excelentes personalidades. A figura de um homem atormentado, constantemente vacilando entre os seus pecados e virtudes e com uma dedicação inabalável à redenção. A sua amizade/rivalidade com o protagonista Cecil, o Cavaleiro Negro, é absolutamente cativante. No contexto do jogo, as suas habilidades e ocupação marcial encaixam perfeitamente com o combate único desta sub-franquia. Além disso, é esquerdino, um mais importantíssimo para mim.

#7- Keiichiro Washizuka (The Last Blade)

Esta franquia de weapon-based fighters da SNK tem um propósito muito específico. Após uma sessão de Rurouni Kenshin, é este o jogo que apela diretamente o desejo de controlar estas personagens num jogo. Sendo assim, não é dilema nenhum a minha escolha. Da mesma forma que adoro o Lobo de Mibu, gravitacionei logo para o agente Washizuka dos temíveis Shinsengumi.

Um homem taciturno, é detentor de um sentido de ordem e justiça sem igual. Como tal, serve de um contraponto refrescante para algumas das personagens e estilos de combate mais extravagantes contra as quais se depara. Tal como a sua inspiração histórica, utiliza um estilo de combate baseado em estocadas com a katana japonesa. Juntamente com a sua irmã, disfarçada de homem para seguir os passos de seu irmão, formam uma dupla imbatível.

#6- Kyoshiro Senryo (Samurai Shodown)

O antecessor da franquia imediatamente acima, Samurai Shodown é famosa pelas suas personagens imediatamente distintas e memoráveis. Dentro de tal elenco, Kyoshiro Senryo eleva-se não só como o mais extravagante mas também o mais único. Como pode ser visto através do seu design visual, trata-se de um ator de teatro kabuki praticante da naginata. Um artista visionário, procura chegar até aos mais altos céus através da sua arte, estando disposto e excitado por novas ideias e estilo artísticos.

Esta mente aberta é que leva à sua proeza marcial na qual mistura o combate e a dança para criar um espetáculo nunca antes visto. Através do seu talento e carisma, procura trazer alegria ao povo do Japão através da sua arte, libertando-os do desespero das suas vidas. Dentro do jogo, cada round torna-se num baile que traz uma dimensão única aos familiares duelos entre samurais.

#5- Jedah Dohma (Vampire Savior)

Quando se fala acerca de jogos de luta singulares, Darkstalkers costuma ser vedeta. Uma franquia revolucionária por introduzir elementos agora standard no seu género, é também uma demonstração fascinante da reinterpretação japonesa de vários icons do horror ocidental. Porém, terei que destacar o membro do elenco cuja origem mitológica é, também, nipónica.

O Messias das Trevas é tanto sádico como carismático. Um shinigami poderosíssimo, não tem olhos senão para a glória do seu povo e dimensão, independentemente do custo. Em combate, a sua sede de sangue manifesta-se tanto fisicamente como metaforicamente. Os seus risos maníacos acompanham ataques selvagens de hemomancia que lhe desfiguram o corpo para armas mortíferas. O único boss character desta lista, sempre achei incrível como foi capaz de traduzir tanto como personagem completa jogável como obstáculo final.

#4- Raphael (Soulcalibur II)

Possivelmente o protagonista de Soul Calibur II e não a escolha que a maioria das pessoas esperaria desta franquia. Este tem sido uma parte fulcral ao introduzir esgrima europeia para o estábulo de estilos marciais do jogo. Sendo assim, os seus ataques precisos e rápidos contrastam interessantemente com algumas das personagens mais extravagantes e fantásticas do jogo. A mecânica de esquivar, retroceder e atacar que esta franquia oferece não se adequa melhor a ninguém.

Além disso, a sua proeminência como um combatente canhoto tem sido fonte de minha eterna felicidade. Graças a ele, fui capaz de me introduzir neste jogo através do sistema de criação de personagens e também perseguir a busca da temível Soul Edge. Uma personagem especial para mim não só pela sua caracterização (sim, mesmo quando virou vampiro) mas também pelas portas que me abriu para desfrutar o jogo como nunca pude noutros semelhantes.

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#3- Iori Yagami (King of Fighters ’95)

Quando procurava jogos no arcade, era para King of Fighters que iam os meus trocos em vez de Street Fighter. Dói-me ter que escolher apenas um de um elenco tão extraordinário de personagens. Iori Yagami sempre foi uma personagem que, a um nível visual, deixa a vasta maioria de seus congéneres no pó. Um rockstar entre rockstars, a sua atitude fria é apenas prelúdio para um combatente tanto selvagem como imperdoável. Cada ataque que desfere um golpe mortal e cada chama que acende um inferno implacável.

A sua rivalidade com Kyo e o seu duelo final com a reincarnação de Orochi é absolutamente lendário. Mais do que isso, o seu apelo só cresceu com o tempo pois o seu estado de Riot of Blood referencia visualmente os estados berserk de Evangelion. Um inquestionável titã não só no panteão de rivais mas em todo o seu género.

#2- Sub-Zero (Mortal Kombat)

O motif visual da dicotomia entre gelo e fogo é um tema recorrente. No caso de Mortal Kombat, como na maioria das situações, gravito para o lado gelado. Esta franquia sempre foi algo de omnipresente na experiência do gamer de luta. Da minha parte, nunca era questão qual a minha escolha para a defesa de Earthrealm. O seu vasto repertório de criomancia sempre me fascinou. O poder do ártico na palma da mão. A brutalidade desta personagem era algo à parte, adicionando outro horror à violência com a adição de um fator de imobilização.

Confesso que nunca prestei muita atenção à personagem em si, algo que só adveio com MKIX. Mesmo assim, a motivação de Kuai Ling em redimir os Lin Kuei e trabalhar pela defesa do seu domínio adotivo sempre foi algo de mais interessante que a fúria singular do seu rival, Scorpion.

#1- Kazuya Mishima (Tekken)

A minha personagem preferida da minha franquia de luta preferida. O feudo que o herdeiro da maldição dos Hachijo tem com seu pai, o imponente Heihachi, não tem outra palavra senão épica. Mais do que isso, apesar de ser a figura de um homem frio e pernicioso, esconde detrás uma alma indelevelmente cisada. Anos de abuso por parte de seu pai forjaram um demónio digno da malícia e força de vontade do patriarca do clã Mishima.

O seu estilo defensivo de karaté foi desenvolvido especificamente para explorar as fraquezas do mais agressivo de Heihachi. Sempre me foi uma personagem com uma história cativante e um gameplay fácil e aproximável. Pouco extravagante, preferindo golpes diretos e eficazes, cada golpe uma tempestade tanto debilitadora como devastadora.

E é essa a selecção. 12 lutadores de 12 franquias. Inúmeros jogos ao decorrer de mais de duas décadas, tanto em casa como no centro comercial. A arte de criação de personagens de luta é uma mestria imensamente fascinante. De certa forma, toda a perícia de design visual deve ser afinado até à perfeição de forma a capturar a vista do jogador. Apenas uma imagem que, simultaneamente diga tudo acerca da personagem e transmita o seu estilo de jogo. A sua dissecação e análise serve de si a base de semestres inteiros de aulas de desenho.

É por respeito aos artistas talentosos por detrás desta personagens que dedico este artigo e apreciação. Mesmo assim, algo de tão subjetivo é acoplado, naturalmente, de escolhas divergentes. Daí que apelaria ao leitor, se estivesse disposto, a comentar e a partilhar as suas escolhas de campeões digitais.