Ao que parece, mas ainda sem confirmação oficial, a Warner Bros. tenciona produzir 10 series anime por ano, começando pelo antecipado anime isekai de Suicide Squad.
A confirmar-se, será esta estratégia, ou pelo menos a sua divulgação, uma boa ideia??
Warner Bros. planeia produzir 10 anime por ano??
Jogar com futurologia, i.e. “dar o passo maior do que a perna”, nunca foi, pelo menos que recorde, uma estratégia de sucesso e muitas vezes detonou projetos promissores por fixar o futuro em vez do presente.
Geralmente, vemos situações assim com grandes franquias ocidentais que, após um título de sucesso, começam a arquitetar um futuro a longo prazo. À cabeça vêm obviamente a Sony Pictures com a franquia “tangencial” a Spiderman, a hilariante aberração que “foi” o Dark Universe da Universal, e a aqui referida Warner Bros. com a DCEU.
Decerto repararam que excluí o MCU desta conversa e quero clarificar.
Sim, o MCU e as suas Fases, agora com várias séries spinoff e mini crossovers, parece o exemplo perfeito para uma opinião sobre esta estratégia. Contudo, o MCU não arrancou com um plano de filmes.
Em 2008, Iron Man foi lançado sem grande fanfarra! Um “pequeno filme de redenção de um aclamado ator distribuído pela Paramount Pictures” que obteve um sucesso um tanto quanto inesperado. Os restantes filmes da Fase 1 foram lançados apenas com pequenas migalhas do que poderia vir a ser um universo cinematográfico. Foram comedidos de forma que qualquer flop ficaria minimamente contido.
Após a épica produção de Avengers em 2012 é que a MARVEL abraçou a ideia do MCU e começou, aos poucos, a desenvolver o seu universo.
Portanto, quer a semente de uma ideia de um projeto cinematográfico com crossover narrativo e de personagens estivesse presente na mente dos envolvidos, quer não, a verdade é que tais planos nunca foram revelados e o primeiro grande alinhamento de filmes planeados só surgiu depois de 2012
Warner Bros.: Nunca saltar para um comboio em movimento!
Agora que já estamos atualizados, falemos da Warner Bros..
Muito resumidamente, com a viragem para os 2010s, o estúdio teve que tomar decisões difíceis: o “ganha pão” Harry Potter estava a terminar e, apesar de ter licenciado o discutível mais reconhecido panteão de heróis dos comics – DC -, desde a trilogia do Chirstopher Nolan que nada produziam e agora tinham a competição do emergente MCU.
A decisão de produzir Man of Steel foi super em cima do joelho, e parte do que levou à sua produção prendeu-se com vontade/teimosia em manterem os direitos da personagem Super-Homem. Somando a isso, e na tentativa de apanhar um comboio já em movimento, e apesar da recepção morna ao filme, validaram uma sequela que não só iria apresentar o novo Batman e Wonder Woman, assim como acender o rastilho de um filme da JLA (Justice League of America).
Olhando com atenção, entre Man of Steel e o mais recente The Flash, podemos verificar que a gestão da Warner e do seu DCEU foi uma calamidade com muito mais baixos que altos.
No meio disto tudo, ainda se meteu pelo mundo do streaming que, irrisoriamente, foi também uma catástrofe, culminando na aquisição da WarnerMedia pela Discovery e AT&T, que têm agora o destino do estúdio nas mãos.
Para saberes mais sobre este extenso assunto:
Isto quer dizer que em anime vão cometer os mesmos erros?
A resposta simples e objetiva é: não necessariamente. Correlação não implica causalidade, por isso a Warner Bros. ter feito cacos da DC e afins, não implica que o mesmo aconteça novamente.
Para ser justo, o futuro recente parece promissor agora que têm alguém como o James Gunn à frente do projeto.
Por outro, não deixa de ser de uma hubris injustificada tentar planear tão à frente projetos sem sequer saber se o primeiro de todos vai ser um sucesso. Produzir anime é uma dor de cabeça em si mesmo, e eu não sei se a WB sabe isso, ou sequer se importa.
A mim parece-me uma nova tentativa de apanhar a onda da moda e a probabilidade de sucesso é, a meu ver, reduzida.
Caso Crunchyroll: Mas e em anime, não acontecem destas coisas?
Para muitos casos, infelizmente não. A continuação de um anime tanto pode ser anunciada aquando do final da 1ª temporada, como anos e até décadas mais tarde – ou, como tantas vezes, nunca.
Não há um plano a médio ou longo prazo porque os anime são produzidos com propósito e finalidades distintos dos filmes.
O único caso que me ocorre também envolve a “arrogância” norte americana. Há uns anos, a Crunchyroll, atenta ao potencial e popularidade emergente dos manhwa, anunciou que iria produzir os chamados Crunchyroll Originals, adaptações de manhwa populares, e não só, em anime e posterior distribuição.
Anunciaram uns quatro – recordo-me de The God of Highschool, Tower of God e Noblesse – de uma só vez e, de todos, talvez o de maior sucesso tenha sido Tower of God que vai receber 2ª temporada. Dos restante, talvez fiquem as lutas de The God of Highschool na memória, mas pouco mais.
Estando o passado, presente e futuro da Crunchyroll umbilicalmente ligado a anime, o standard da produção foi competente – excluindo Ex-Arm! -, mas nenhum gerou impacto real.
Se tal aconteceu com a Crunchyroll, como será com a Warner Bros.??
Tenho curiosidade para ver o que vem daí. Na pior das hipóteses, vou-me rir com as tentativas falhadas; na melhor, vamos ter novos e interessantes anime com propriedades intelectuais que também nos dizem muito.
A minha única real preocupação recai sobre as condições de trabalho dos animadores e a gestão dos recursos dos estúdios – MAPPA, por favor, manda a Warner passear!
E tu, que te parece este potencial projeto da Warner Bros.? Que anime gostarias de ver da parte deles?
Artigo inspirado por: Anime News And Facts
