A introdução e desenvolvimento de Pudding prossegue através da conversa com os Mugiwara. Por enquanto os moldes da personagem-tipo que ela representa continuam patentes, com algumas limadelas aqui e ali, que realmente lhe deram um pouco mais de substância. Isto foi retratado com uma ou outra ação/reação, mas principalmente quando revela que gostou de Sanji exatamente pelo o que ele é. Deste modo a personagem está a ser utilizada como uma manobra um bocadinho gasta, repetitiva e, neste ponto, um pouco preguiçosa de levar os Mugi até ao local necessário.
Ou pelo menos, deve ser mais ou menos isto que Oda pretende que o leitor pense. Continuo a achar realmente estranho o comportamento de Pudding, mas principalmente o comportamento de Oda perante esta. Até porque existem pistas que indicam que ela não é quem diz ser. Começando pela seguinte imagem:
Do lado direito temos a suposta primeira aparição da personagem. Do lado esquerdo temos a fotografia que foi mostrada ao Sanji. Fotografia esta que foi mostrada precisamente por mera cortesia, para que Sanji não tivesse que ver pela primeira vez a noiva apenas no casamento. Porém, neste capítulo, Pudding conta-lhes que esteve com ele uma vez. Ainda assim se repararem as únicas informações que ela revela são precisamente as informações que se podem retirar do poster e de conhecimento comum. Até que ela dá ênfase à alcunha dele “Black Leg Sanji”, precisamente o nome que se encontra no poster de “Wanted”. Nos painéis em que Pedro desconfia da veracidade de Pudding, esta foi desenhada com uma cara de “é agora que me vão descobrir”. Em nenhum dos painéis em que ela tem memórias de Sanji, ele aparece num formato sólido, não passando de silhuetas.
Seria estranho alguém desafiar a Big Mom, especialmente uma filha que sabe o que acontece a quem a desafia. E bem, as pistas continuam. Existem ainda outras hipóteses, como por exemplo ela ser uma agende dupla, estar a trabalhar para a Big Mom mas ao mesmo tempo querer ajudar os Mugiwara, etc.
Nada disto é certo de qualquer das formas, pois a mensagem deixada no Sunny poderá ser a revira-volta que a personagem e a narrativa necessitam neste momento. “Nem tudo o que parece é” sempre foi uma boa expressão para classificar alguns dos momentos que mais pareciam banais e que depois Oda nos conseguiu surpreender. A construção deste segmento com a Pudding necessita que isso seja verdade, e eu continuo com a sensação que esta saga será bem mais negra do que aparenta.
Num aparte, durante a conversa, Pudding abordou a construção da família que basicamente explica uma das grandes razões por detrás do nome Big Mom. E por entre estas palavras aborda uma irmã que abandonou a crew, pois não queria estar presa às condições da Big Mom. Esta poderá ser mais uma indicação de que Lola, ou até da Bonney, realmente pertencerem a esta família.
Por fim, e tal como o título do capítulo indica – “1 and 2” – estamos perante a introdução dos dois irmãos de Sanji que faltavam conhecer. Isto confirma não só que estão vivos, mas também que Oda já os tinha colocado nos capítulos anteriores quando foi abordada a banda desenhada sobre a Germa 66. E claramente não fazem parte do lado bom dos irmãos Vinsmoke. A introdução deles antagoniza por completo a introdução de Reiju e de Yonji. De maneiras que desse lado tivemos algo leviano, cómico, e até reconfortante. Como se a introdução deles fosse algo que levantasse um certo peso do perigo que os Mugiwara poderão enfrentar nesta ilha. Não obstante, com a introdução do 1 e do 2, obtemos um impacto aterrorizador. Um retrato que realmente demonstra a essência e fama da organização Germa 66. Em poucos painéis, palavras e ações, ficamos a entender que apenas dois deles são capaz de reescrever a história de um país.
A construção da saga começou extremamente atípica e muito interessante, tendo abrandado nestes dois últimos capítulos para linhas mais convencionais tendo em conta a fórmula de construção de saga de Oda. Ainda assim, não temos informações suficientes para confirmar se realmente ele está a usar a fórmula simplesmente para progredir a narrativa, ou se a está a utilizar para conseguir iludir o espectador da melhor forma.