Vamos falar mal de Akira!

Eu sei! Não se diz mal de Akira mas, infelizmente, eu tenho algumas coisas a apontar.

Contudo, não me crucifiquem já! Preciso que leiam o artigo até ao final. Pode ser?

Vamos a isso ^^

Vamos falar mal de Akira! – Opinião sobre o filme

O autor e a obra

Para falarmos do filme, é obrigatório falarmos do seu diretor e criador do mangá: Katsuhiro Otomo. O autor publicou o seu primeiro trabalho em 1973, no entanto, as obras que permitiram o seu reconhecimento foram Fireball e Domu, tendo esta última permitido ao autor os prémios Nihon SF Taisho e Seiun.

Apesar de poder destacar também várias outras obras de Katsuhiro Otomo, estou aqui para falar da sua maior e mais famosa criação: Akira. O mangá teve início em 1982 e terminou apenas 8 anos depois! Já o filme, foi lançado pela primeira vez em 1988 e dirigido pelo próprio autor, em conjunto com os produtores Ryohei Suzuki e Shunzo Kato.

Após o lançamento ao resto do mundo, Akira foi rapidamente considerado – de acordo com vários artigos – como um dos maiores filmes já feitos. Um dos motivos será, certamente, o modo de conceção do mesmo. Segundo pesquisa, foram necessárias mais de 2000 páginas de trabalho manual! Deveras, impressionante.

O enredo

Este filme, de estilo cyberpunk, conta-nos a história de um grupo de jovens motoqueiros e rebeldes, num pós-guerra em 2019. A cidade onde vivem, Neo-Tóquio, foi devastada e encontra-se mergulhada numa onda de criminalidade, protestos antigovernamentais e autoritarismo militar.

Tudo começa quando um dos membros do grupo, Tetsuo Shima, adquire poderes telecinéticos, após um acidente de mota. Depois do incidente, Tetsuo desaparece, tendo sido levado para instalações secretas. Inicia-se, então, uma busca por parte do seu melhor amigo e líder do grupo, Shotaro Kaneda.

Porém, assim que reaparece, Tetsuo está diferente. A sua capacidade telecinética é tal, que leva o governo a acreditar que ele será o próximo Akira. E o quê ou quem é Akira? Bom, isso não vos vou revelar aqui. Posso apenas adiantar que seria algo bastante mau e, dessa forma, Tetsuo acaba por se tornar numa ameaça enorme para todos, inclusive para os seus amigos.

Pelo meio da história principal – o possível novo Akira -, conhecemos mais telecinéticos como Tetsuo e outros personagens, enquanto vagueamos pelo caos e violência de Neo-Tóquio, ao som das músicas de Shoji Yamashiro, que são, sem dúvida, imensamente bem adequadas ao tipo de filme.

Agora, vamos à crítica?

Não gostei de Akira — Vamos falar mal de Akira!

Antes de começar as críticas menos positivas, devo dizer que não retiro o valor deste filme. Em termos de animação, confesso que fiquei impressionada. Akira foi, sem sombra de dúvida, um filme muito avant-garde para a época. Mesmo sendo tudo desenhado à mão – algo que admiro imenso e acho fascinante – conseguiram fazer cenários realistas, simular de forma espetacular a velocidade e criar explosões como muitas vezes não vemos em filmes de hoje em dia! Mas, há sempre um “mas” e, neste filme, eu posso citar uns quantos

Primeiro: em termos de personagens, a animação foi decaindo ao longo do filme. A animação dos personagens é simples já por si só, porém, ao longo do filme, eram cada vez menos os frames e as feições eram constantemente mal desenhadas. Tanto cuidado com os cenários e descuidam-se assim nos personagens?
Segundo: não há muito contexto no que respeita aos telecinéticos, nem sequer uma explicação, pelo que ficam muitos espaços em branco na história.
Terceiro: taaaaaaanto tempo mortoooooo!!! Como é possível? Segundo vários artigos que li, o filme deixa para trás imensos detalhes do mangá. O filme tem 2 horas e com tanto tempo de absoluto VAZIO, como puderam deixar tanta coisa para trás? Para quem apenas vê o filme, fica imensa coisa por explicar. Não vou fazer spoiler a dizer o quê mas, se virem o filme, penso que vão entender.

Resta-me dizer que gostei imenso do filme em termos de animação, mas não me atrevia a ver novamente. A história é básica, mas podia ser tão melhor trabalhada… Honestamente, acho que podiam fazer um remake.

O que vos parece?