Ao longo das temporadas de Anime de 2012 fui visitando alguns fóruns com o intuito de analisar as reações dos espetadores perante determinada obra. Retiro então que Sword Art Online foi sem dúvida a obra mais amada e ao mesmo tempo mais odiada das quatro temporadas de 2012, tendo sido até eleita a Melhor Obra de 2012 por inúmeros sites. A partir das informações que fui obtendo, acabo por chegar à conclusão que a obra primeiro foi amada, e de seguida odiada, por ter sido tão amada. Odiada por ser amada? Mas isso não faz sentido. Faz!
Quando um vasto público começa a dizer maravilhas de algo, as expetativas das pessoas que não viram essa obra são elevadas juntamente com essas opiniões. As expetativas elevaram-se de tal forma, que quando o restante público começou a ver Sword Art Online, levou uma ideia errada daquilo para o qual estava a olhar. As pessoas pensaram que iam ver algo melhor, e assim chegamos ao ódio. Sem mais demoras, vamos mas é ao que importa: a análise da obra!
Observação: A minha análise reflete-se, apenas, na minha opinião sobre a obra animada e não na forma como foi adaptada dos light novel.
A História
Apesar de ser uma obra não dividida por temporadas, está estruturada em dois arcos. No entanto, existe uma continuidade ao longo dos 25 episódios.

Primeiro Arco ( Episódios 1 – 15 ) – Aincrad
Num futuro próximo, o Virtual Reality Massive Multiplayer Online Role-Playing Game (VRMMORPG) toma o lugar dos conhecidos e convencionais jogos online (MMORPG). Tal torna-se possível após a criação da realidade virtual. Neste futuro, os jogadores deste género não precisam mais de depender do rato, do teclado e do ecrã. Com este nível de tecnologia os jogadores apenas necessitam de um objecto chamado NervGear (tecnologia em forma de capacete) e do jogo para poderem mergulharem na completa e imensa Realidade Virtual. A narrativa inicia-se com o lançamento do primeiro jogo para esta tecnologia, intitulado “Sword Art Online”. Vemos aquela que será a personagem principal a colocar o NervGear e a iniciar o jogo. Somos levados até ao mundo virtual. Entretanto, já no jogo, Kirito é encontrado por Klein. Este último apercebe-se que Kirito jogou a versão Beta, pedindo-lhe ajuda. O rapaz aceita ajudá-lo, para iniciar o jogo de forma mais eficiente. Após Kirito ensinar o básico a Klein, este prepara-se para sair do jogo e voltar ao mundo real, contudo depara-se com o fato do menu do jogo não estar a fornecer o botão que permite desligar. Kirito vai verificar no seu menu, não encontrando também o botão para se desconetar do jogo. Rapidamente tentam informar o administrador do jogo. Logo após a tentativa são teletransportados para a praça principal.
Neste novo local, uma personagem com um tamanho colossal surge. Introduz-se como sendo Akihiko Kayaba, criador do jogo. Começa por informar que o fato de não existir botão de saída não é defeito do jogo, mas sim algo que ele próprio criou com um propósito. A isto ele acrescenta e conclui que se morrerem no jogo, morrerão na vida real, não podendo desconetarem-se do jogo enquanto alguém não o completar. Como devem imaginar, após tais palavras gera-se o pânico no local.
Segundo Arco ( Episódios 16-25 ) – SPOILERS PARA QUEM NÃO VIU A PRIMEIRA PARTE
A narrativa da segunda parte do anime inicia-se em consequência dos acontecimentos passados na primeira parte. Daí eu ter referido que apesar de não existirem duas temporadas, a obra estava divida em duas sagas ligadas pelo final da primeira parte.
Após os acontecimentos em Sword Art Online, os muitos jogadores que por meses ficaram presos no mundo virtual, começam a acordar. Kirito é um deles, e o seu primeiro “instinto” é procurar Asuna. Ao chegar ao quarto do hospital onde ela se encontrava alojada, Kirito depara-se com a dura realidade, a rapariga continua presa no mundo virtual.
Kirito acaba por voltar à sua vida “normal”, visitando e tentando encontrar uma forma de salvar Asuna. Entretanto, recebe uma chamada de um amigo que conheceu no mundo virtual, a pedir que Kirito se dirija ao estabelecimento onde ele trabalha. Ao chegar lá, Agil mostra-lhe uma foto onde aparentemente se encontra um avatar extremamente semelhante a Asuna. Tudo indica que Asuna de alguma forma foi transportada para outro jogo virtual. Sem mais demoras, Kirito mergulha novamente no mundo virtual, desta vez em ALfheim Online, com o objetivo de salvar a sua amada.
Ambiente
O ambiente inerente a esta obra é sem dúvida o ponto mais estável e coeso. Todo o desenho (desde o ambiente às personagens), mostra-se adequado ao género narrativo. O visual é nítido e agradável.
Um mundo virtual fidedigno
O mundo que serve de base para a história estende-se muito além da percepção de um espetador comum. Como já foi referido acima, o enredo baseia-se num MMORPG. Ora, tendo isto em conta, para que a história possa ter credibilidade, elementos deste estilo de jogo terão que ser bem visíveis. Isto leva a duas vertentes possíveis: a primeira, quem nunca jogou este estilo de jogo estará longe de poder compreender o seu enredo (não implica que não possa apreciar a obra); e a segunda, quem conhece bem o género vai ficar bem surpreendido com a quantidade de pormenores introduzidos e não esquecidos que estão presentes ao longo do seu desenvolvimento.
Elementos MMORPG que devem ser referidos:
- Avatar;
- Menu;
- Quests (Principais e Secundárias);
- Items;
- Builds;
- Experiência;
- Níveis;
- Cidades e Vilas dividas por nível;
- Guilds;
- Lista de Amigos;
- Party’s;
- MAP;
- Dungeons;
- NPC’s;
- Mini-Boss’s e Boss’s;
Com certeza que me esqueço de referir um ou até mais elementos aos quais deveria ter dado relevo. Mas quem já viu e se achar que existe um elemento não referido que valha a pena acrescentar, deixe-o na área de comentários.
Muitas personagens, na sua maioria, facilmente esquéciveis
Apesar de ser um anime relativamente curto, são inseridas bastantes personagens com relevo. O que na verdade, não é algo necessariamente bom, visto que não dá tempo suficiente para as desenvolver como deviam ou como mereciam.
Como já disse anteriormente, Kirito é a personagem principal, usa este nome no jogo. O seu nome no mundo real é Kazuto Kirigaya. Esta é uma personagem bastante solitária, sendo esta uma das razões que o levou, desde pequeno, a “fechar-se” no seu mundo. Isto leva-o a desenvolver um interesse por tecnologias, principalmente por jogos online. Tende a mostrar-se duro (uma das caraterísticas de autodefesa), contudo é uma pessoa amável que ajuda até os desconhecidos. É sem dúvida uma personagem demasiado emocional, deixando que as emoções, positivas ou negativas, o controlem sempre, seja em situações de conversa ou de batalha. Esta caraterística faz com que Kirito perca muitas vezes o seu autocontrolo, tomando decisões que mais tarde se arrepende.
Já Klein é uma personagem extrovertida e determinada. Logo no início do jogo, Klein pede ajuda a Kirito, o que faz com que se tornem grandes amigos. Este é o líder de uma das Guilds mais fortes do jogo, e também uma das que ajudou a terminar o mesmo. Na primeira parte da história é relativamente importante, todavia, quando atingimos a segunda parte da mesma, Klein desaparece.
Asuna é a heroína e parceira de Kirito. Amável, gentil, determinada e muito forte tanto emocionalmente como fisicamente, foi até considerada a personagem mais rápida do jogo. Pertence à Guild mais forte de Sword Art Online, como vice-líder. Asuna, além de ter um papel muito importante no jogo, também o tem no desenvolvimento da personagem de Kirito, particularmente no que diz respeito à parte emocional. Em consequências de alguns acontecimentos, Kirito perde a vontade de terminar o jogo e é Asuna quem lhe devolve a vontade de viver.
Yui é uma inteligência artificial, bastante evoluída, que Kirito e Asuna encontram. Com o desenvolvimento dos acontecimentos, Yui acaba por ser adoptada por estes dois. Apesar de aparência fraca e extremamente emocional, revela-se muito útil ao longo da história.
Akihiko Kayaba é a personagem sem a qual nada disto seria possível. É o criador e administrador do jogo. É também o responsável pelo “design” do NerveGear. Possui um inteleto enorme, sendo considerado um génio na indústria. Aparece com uma personalidade muito pacífica, sincera e cautelosa.
Suguha Kirigaya é prima e “irmã” de Kirito. Suguha foi criada ao lado dele desde a infância, como se fossem irmãos, no entanto, mais tarde os dois descobrem que são primos. Esta tem a sua aparição no primeiro episódio sem qualquer tipo de relevo. O mesmo mantêm-se pelos restantes episódios até terminar a primeira temporada. Contudo, Leafa (nickname de Suguha no jogo “ALfheim Online”) torna-se com Kirito uma das personagens principais da segunda temporada.
Apesar do anime ser curto, a quantidade de personagens existentes é bastante vasta. Existem muitas mais que eu poderia referir, e que de certo modo tiveram a sua contribuição para o desenvolvimento narrativo.
Juízo Final
Vamos então ao que interessa. O veredicto final!
A narrativa é preenchida por uma salada de acontecimentos mal organizados. Para quem seguiu semanalmente deve ter sentido o mesmo que eu. Visualizamos o primeiro episódio e até aqui tudo bem, grande premissa, desenrola-se dentro de um jogo, se as personagens morrerem no jogo morrem no mundo real. Até este ponto é mais que observável uma narrativa original e com muito por onde explorar. O problema encontra-se na forma como a narrativa é desenvolvida. Ao assistirmos aos restantes episódios, vamos ficando com a sensação que não estamos a conseguir acompanhar a linha temporal de acontecimentos, devido ao excessivo uso de “timeskips“, algo que acontece de episódio para episódio, e por vezes mesmo dentro do mesmo episódio. Um dia ou até um mês, é algo ao qual estamos habituados, mas chegar a fazer “timeskips” por vezes de um ano, chega a ser muito confuso para os espetadores. A série tem poucos episódios, é compreensível que sejam “obrigados” a fazerem algumas passagens de tempo para poderem desenvolver a história até aos pontos mais importantes, mas se tencionavam acelerar tanto a narrativa, ou faziam uma série mais longa (porque existe material mais que suficiente para tal), ou era gerir as temporadas por sagas ou algo do género.
Continuando na narrativa, vamos saltar para o conteúdo. Como já mencionei antes, a premissa é cativante e de certa forma original para prender até os menos interessados no tema. Ao contrário do que o espetador espera, a história não segue nem perto de 80% o seu início. Perde-se completamente a introduzir, episódio a episódio, personagens do género feminino que por sua vez precisam da ajuda de alguém. E quem está sempre lá para as ajudar? Kirito, claro está. Destas, considero apenas duas delas com algum relevo, porque moldaram emocionalmente e fisicamente Kirito. A historia retoma o seu rumo a 3 ou 4 episódios do final da primeira parte, e culmina com um final fabuloso, o que mostra mais uma vez que se tivessem seguido o que originalmente estabeleceram daria numa narrativa brutal!
O que a primeira parte já tinha de mau, a segunda parte conseguiu de uma forma brilhante colocar ainda pior.
A parte técnica é aquilo que segura e carrega, de uma forma sublime, todas as falhas até aqui apontadas. O desenho/cor dos fundos e ambiente, possui grande qualidade e detalhe. A realização e animação combinadas com uma fenomenal banda sonora orquestrada com vozes, transformam as batalhas do anime numa arte épica, tanto na primeira parte como na segunda. Caso a obra falhasse neste ponto, Sword Art Online passaria de um anime mediano para algo abaixo da média.
Concluindo, não considero um “must see“, mas se procuram uma forma de entretenimento com bons pormenores de um jogo, então esta obra é algo que devem aproveitar para ver.
Análises
Sword Art Online
Os Pros
- Batalhas
- Elementos MMORPG
- Banda Sonora.
Os Contras
- História
- Personagens
- Progressão Narrativa