A adaptação para anime da grande obra de Eiichiro Oda está a poucas semanas de atingir os 800 episódios. Um número já ultrapassado na manga, que em termos de tempo pode ser traduzido em 20 anos de trabalho árduo. Números ao alcance de pouquíssimas criações. E como logo aqui o filtro fica muito reduzido, nem me atrevo a juntar o grande sucesso e acompanhamento que One Piece tem em todo o mundo.

Apesar destes números raros entre produções, certo é que One Piece continua muito longe do seu final. Subdividida em várias sagas, outro dia dei por mim a refletir sobre aquela que seria a melhor saga de sempre da história. Instantaneamente a resposta surgiu. Water 7, que pode ser divida em vários arcos, no qual se inclui o de Enies Lobby. Eu pelo menos faço a leitura desta forma em relação à disposição da saga em questão.

Os principais motivos que refletem esta minha opinião pessoal são apresentados já de seguida. Note-se que a adaptação anime da obra foi a minha principal fonte de inspiração para este artigo, em lugar da manga. Embora já muito se tenha passado em One Piece depois de Water 7, a saga aguentou-se no patamar mais alto do meu pódio. Dadas as circunstâncias, sou obrigado a questionar-me se esta não poderá mesmo aguentar o estatuto atual até Luffy encontrar o tão desejado One Piece.

 

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A História de Nico Robin

De todas as personagens que Luffy admitiu na sua tripulação, Nico Robin foi claramente a mais enigmática e misteriosa. Conhecida desde pequena como a “Filha do Demónio”, Robin criou inclusive um respeito excessivo e alguma tensão entre si e certos elementos do grupo, numa fase inicial. Não era para menos, pois chegava aos Straw Hats por intermédio da organização que estes tinham acabado de derrubar, Baroque Works. A longa aventura em Skypiea pouco ou nada alterou esta situação.

No entanto, com a chegada a Water 7, tudo mudou. O drama do presente de Robin, aliado ao seu passado negro e perturbador, tornou a história desta personagem numa das mais ricas a nível emocional de One Piece. Não é que a de Nami lhe fique atrás. Contudo, o enredo que rodeia as duas histórias não é comparável.

De volta a Robin, não há como descrever a forma como a sua personalidade fechada sucumbiu perante a postura de Luffy e restantes membros dos Straw Hats. Vê-la a chorar e a pedir para viver? A Robin que sempre mostrou ter o controlo de toda e qualquer situação? Ninguém diria.

 

 

Cipher Pol 9

Uma das organizações mais interessantes a que Oda deu vida até ao momento. Lembram-se de alguma que lhes faça concorrência? Eu não! Gostei da disposição criada para a família Donquixote, mas não o suficiente para se comparar à CP9, que agora ainda mexe comigo, mas por intermédio do termo “CP-0”.

Basicamente, este grupo de antagonistas é constituído por elementos cheios de estilo e classe, apesar das curtas semelhanças a nível físico. Mas claro que este aspeto nunca chegaria para fazer da CP9 uma das principais responsáveis por toda a tensão criada no espectador durante Water 7.

A apresentação detalhada desta estrutura governativa e os poderes super interessantes (conhecidos pelo termo “Rokushiki“) que introduziram em One Piece são as principais razões. Conhecer o passado da CP9 e a sua maneira de trabalhar – na qual se inclui o recrutamento dos seus agentes – trouxe a esta parte da história mais um vasto conjunto de momentos altamente agradáveis. Em relação aos seus poderes, talvez por primarem pela diferença, ainda hoje me lembro dos termos e não me parece que alguma vez os vá esquecer. Desde cedo habituados aos Frutos do Diabo, o que adveio do Rokushiki representou uma grande novidade na obra. TEKKAI! SHIGAN!

 

 

Luffy apresenta o Gear Second

O meu momento favorito da história até ao momento. De ficar de queixo caído! Quando já me questionava se seria realmente possível desmanchar a CP9, ou de que forma isso iria ser possível, eis que Luffy apresenta o seu Gear Second.

De forma a rivalizar com o Rokushiki, esta foi outra técnica igualmente inovadora. E aqui não houve timeskip ou algo do género para sabermos que Luffy tinha isto na manga. Foi inesperado, surpreendente e, a meu ver, continua a ser a melhor técnica do arsenal de Luffy. Eiichiro Oda até nos deu de borla um combate de exibição (vs Blueno). Seguiu-se o Gear Third que foi uma desilusão. O Gear Fourth foi bom, mas longe de ter o impacto que este Gear Second teve por esta altura.

 

 

Design das Personagens

Agora uma pausa na história, que de facto é a principal presença neste artigo. Não podia ser de outra forma, pois está em causa o título de melhor saga.

Water 7 assinalou uma evolução no design das personagens, ambientes e na animação. Uma evolução que já aconteceu por mais do que uma vez ao longo da produção. Normal, tendo em conta a sua longevidade. Ora neste caso em concreto, a mudança foi feita de forma gradual e não de um momento para o outro. As melhorias foram sendo acrescentadas de forma ligeira com o avançar dos episódios.

Porém, o que me cativou e convenceu particularmente foi o aperfeiçoamento dos designs das personagens e dos ambientes com inspiração no mundo real e “normal”. Ficaram excelentes! Em contrapartida, desde aí, especialmente a partir do reencontro em Sabaody, os ambientes e os designs das personagens entraram num completo exagero. Alterações essas que tiveram origem na manga.

Oda pôs fim a um equilíbrio que ele próprio estabelecera entre o real e o ficcional. Deixar a sua paixão pelo desenho de animais tomar conta da trama de forma abusiva foi apenas a primeira das várias tentações em que caiu. Ainda que para mim essa tenha sido uma escolha estratégica. Uma opção que não é razão (nem vai ser!) para eu deixar de ver One Piece. Mas foi uma mudança do qual nunca fui fã e que me custou depois de nesta altura ter roçado a perfeição.

 

 

Despedida do Going Merry

Muitas lágrimas escorreram dos incontáveis pares de olhos que assistiram à destruição do Going Merry. Uma despedida que coincidiu também com a da saga. Um momento que nos conseguiu tocar mesmo lá bem no fundo.

Reflexos que advêm da forte ligação que o autor e a produtora conseguiram criar entre a obra e o espectador desde o seu arranque. E assim como os Straw Hats comprovaram a intensa ligação que tinham com o Going Merry, só um grande envolvimento entre nós e One Piece seria capaz de dar nisto, nesta cena em particular. Como se a cena já não fosse suficientemente dura, ouvir a voz do Going Merry rebenta com qualquer resistência.

 

 

Declaração de Guerra ao World Government

O meu OUTRO momento favorito da história até ao momento. Isso mesmo. Tenho dois e ambos fazem parte de Water 7! Se o Gear Second é mais orientado para a ação, a declaração de guerra ÚNICA E ORIGINAL dos Straw Hats ao World Government é a demonstração mais clara do enredo brilhante a que Eiichiro Oda deu vida naquela altura.

Senão vejamos. Numa só cena, o mangaka conseguiu despoletar várias emoções no espectador. Apelou fortemente ao sentimento através de Robin e da sua vontade de viver. Divertiu e surpreendeu com a introdução OFICIAL da nova faceta de Usopp, Sogeking! E no meio de tudo isto, Oda CHOCOU, PASMOU e ameaçou gravemente a saúde de todos os seus fãs pela maneira como apresentou os Straw Hats diante de Robin, Franky e ao CP9, culminando com a destruição da bandeira do World Government e respetiva declaração de guerra à organização. Tudo acompanhado por uma banda sonora perfeita! Vão rever! Em texto não existe descrição justa possível.

 

 

Conclusão

Pelos motivos aqui apresentados, faço de Water 7 a melhor saga de One Piece de sempre. No entanto, não posso deixar de acrescentar o seguinte Embora as razões aqui apresentadas sejam as peças chaves para esta decisão pessoal, não posso esquecer o mérito que advém do envolvimento criado entre todo o elenco e enredo que dá vida a Water 7.

Os vários acontecimentos despoletados ao longo deste conjunto de episódios são possuidores de uma intensidade tremenda. Algo que também faz muita diferença. Aqui não constam conjuntos de episódios dos quais um se sobressai e nos desperta da monotonia instalada de quando em vez. A verdade é que desde a chegada dos Straw Hats a Water 7 até à despedida em Enies Lobby que a adrenalina toma conta do espectador e fica muito complicado parar de ver.

E para ti? Qual a melhor saga de One Piece até ao momento?

 

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