Título: Charlotte
Adaptação: Manga
Estúdio: P.A. Works (Angel Beats!, Canaan)
Géneros: Escolar, Drama, Magia
Ficha Técnica: Disponível
Opening
“Bravely You” – Lia
https://www.youtube.com/watch?v=VlQSWmzcG58
Charlotte | Enredo
A história gira em torno do surgimento, sem razão aparente, de habilidades especiais numa pequena percentagem de rapazes e raparigas na puberdade. Yuu Otosaka é um desses adolescentes, e usa o seu poder sem conhecimento dos outros, para benefício próprio, na sua pacata vida escolar. Um dia, surge subitamente uma rapariga, Nao Tomori, que lhe informa que não é o único que possui habilidades super-humanas. Este encontro, mudará o destino dos especiais portadores de poderes.
Para os amantes de fantasia é difícil conter a maré de expetativas por entre tantos elementos apetecíveis: inúmeros poderes, que só se manifestam durante um período limitado de tempo, um possível romance e um mundo a conspirar contra eles, que mais poderíamos desejar?
Os problemas de Charlotte começam no momento em que esta toma início. Apesar de variados, podemos concentrá-los apenas num ponto: escrita comercial. Acredito que possa ter ferido as susceptibilidades dos fãs mais convictos, pelo que passarei a explicar a razão da minha afirmação.
A premissa é sem dúvida promissora, não há margem para dúvidas! Fiel amante de obras ocidentais como X-men, fui conquistada pelo universo que prometeram construir em Charlotte, e mesmo não sendo original, não perdeu o charme latente nos conceitos que aborda. No entanto, à medida que avançamos na série o número de ideias não pára de aumentar, e para piorar, sobre uma frequência pouco coerente para uma série com apenas 13 episódios. Até que surge a dúvida: como conseguirão eles desenvolver quase uma dezena de personagens, fomentar a ligação entre espetador e protagonistas, e ainda nos imergir num universo rico?
O enredo parecia ambicioso não fosse a fórmula que a obra afirmava possuir a fim de garantir popularidade fácil e lucros garantidos. A popularidade não foi em vão, podemos dizer que foi fruto de uma estratégia muito bem conseguida para cativar o público jovem sedento por mais ação, mais “drama”, mais emoção a ser injetada desajeitadamente pelo ecrã. No entanto, para os amantes de histórias bem construídas sob uma base coerente e trabalhada, os diferentes ritmos de exposição narrativa levantaram uma onde de estupefação e desilusão.
Sem sabermos muito bem para onde Charlotte caminhava, perambulamos por entre um ambiente escolar durante grande parte do anime. Lamentavelmente, mesmo aí a carga dramática foi desastrosa, concentrando-se o sumo da obra em meros episódios frenéticos e com alguma qualidade narrativa.
– A surpresa de Charlotte –
Charlotte consegue-nos surpreender mas não pela positiva, no momento em que deveria finalizar a sua jornada, fechar pontos, terminar com alguma glória, inicia uma corrente de novos acontecimentos, personagens que apesar de estarem genialmente colocados na obra, o pronúncio temporal não joga a favor deles. Ou seja, a história é realmente boa, as pistas foram muito bem colocadas ao longo da primeira metade da obra, mas sem uma base sólida relativa ao desenvolvimento das personagens e com tão poucos episódios restantes, fica impossível desenvolver com a força que deveria.
Ambiente | Charlotte
A animação é coesa e ligeiramente acima da média em alguns pontos, pouco há onde apontar o dedo nesse quesito. Não existe nada de fascinante ou que seja surpreendentemente bom, contudo, dificilmente nos passa despercebido o bom jogo de cores e o fantástico character design de Charlotte. Ainda assim, possui sequências interessantes e bem colocadas, sobretudo no que diz respeito à manifestação dos poderes.
A fotografia é o ex-líbris da obra, conseguindo-nos conquistar com as maravilhosas imagens e movimentos de câmara que transpiram a magia do conceito Charlotte.
A banda sonora apesar de simples, demonstrou-se presente nos momentos certos e com a intensidade adequada. Sem fugir aos sons ora eletrónicos ora mais clássicos, manteve-se discreta mas com alguma qualidade, fomentando as cenas de maior tensão. O destaque vai para os temas originais protagonizado pela banda fictícia Zhiend. A música é realmente fantástica, aliada a imagens deslumbrantes fornece à série alguns dos seus melhores momentos. O opening e o ending são igualmente dois pontos de destaque da obra, podendo afirmar que foram dos melhores da temporada.
Um mar de potencial desperdiçado.
A quantidade de material exposto em Charlotte concede aos criadores um sem número de possibilidades a desenvolver. A qualidade está lá, as ideias são realmente boas, as personagens apesar de cliché, possuem algumas características que poderiam ser bem aproveitadas, no entanto, tudo morre na praia. A bandeja é imensa, tanta que consegue agradar a um leque prodigioso de espetadores sedentos por informação, sedentos por mais injeções muito pouco glamorosas de momentos que deveriam proporcionar uma ligação imensa, ou até tornar a série num must see. Os protagonistas não passam a segunda dimensão, e os grandes acontecimentos não marcam como é devido, tudo se fica pelo mais ou menos, tudo é sugado, mas nada fica guardado na memória.
Para os novatos no universo anime esta será uma obra que vos irá cativar e conquistar, para quem já anda nestas andanças há muito e possui como requesito uma qualidade narrativa acima da média, não vale a pena perderem o vosso tempo.
Análises
Charlotte
Charlotte dividiu opiniões na temporada de verão de 2015. Uma obra sobre adolescentes especiais do mesmo criador que Angel Beats e Clannad.
Os Pros
- Premissa;
- Banda Sonora.
Os Contras
- Escrita;
- Personagens, com a excepção da Tomori.