Digimon Adventure tri Ketsui | Análise

Digimon Adventure Tri Ketsui trata-se da segunda parte da sequela da franquia Digimon Adventure. Este filme tem o nome de “Ketsui ” (Determination), é o segundo capítulo dos seis que serão lançados desta sequela, e possui 75 minutos de duração divididos em quatro episódios, disponíveis na Crunchyroll.

 

Digimon Adventure Tri Ketsui | Opening:

Kouji Wada – “Butter-Fly”

 

Digimon Adventure Tri Ketsui | Enredo

A história remonta-nos aos acontecimentos 6 anos após o fatídico verão em que os nossos 8 heróis conheceram o Mundo Digital, e 3 anos desde a espetacular batalha entre o grupo de Hikari Yagami e Takeru Takaishi, e o malvado BelialVamdemon.

A introdução exposta no primeiro filme é enquadrada neste segundo, pelo que os acontecimentos da segunda temporada de Digimon Adventure adquirem importância significativa neste segundo filme. O vilão da série Digimon Adventure 02, é uma das particularidades de relevo na franquia Digimon Adventure tri. O novo design suscita alguma confusão, pelo que o reconhecimento nem sempre é fácil, sobretudo para os que assistiram a série há alguns anos.

 

 

Digimon Adventure Tri Ketsui – Um filme de adolescentes

Embrenhados na nostalgia infantil da obra que povoou o nosso dia à dia enquanto crianças, é com estranheza e incrível reluntância com que recebemos esta segunda parte da saga. Muita desta estranheza dever-se-à a uma das melhores qualidades da obra: a caracterização das personagens. Os nossos protagonistas são todos eles adolescentes entre os 14 e os 18 anos, facto que poderia ser indiferente para a estrutura narrativa da obra, caso esta não tomasse as rédeas de uma obra do género slice of life.

No entanto, a crítica é imperiosa nesta mesma conduta juvenil da obra. Imaginar as personagens conhecidas por nós enquanto adolescentes chega a ser divertido, as disputas, as brincadeiras, as discussões tão familiares que chegamos a revirar os olhos em sintonia com a Sora, tudo tão natural que até nos esquecemos que há um elemento a mais…

 

 

Meiko é a grande lacuna de Digimon Adventure Tri Ketsui. A personagem foi literalmente injetada no enredo no primeiro filme, no entanto, pouco foi explorado quer sobre ela quer sobre o seu digimon. Agora com Meiko inserida no grupo, e ainda na mesma turma que a irreverente Mimi, seria expectável uma progressiva ligação à personagem. Esta poderia ser realizada através de uma construção sólida de uma personagem que ambiciona pertencer a um grupo coeso, que dispensa apresentações e desenvolvimentos, ao contrário dela.

E é exatamente aqui que tudo falha. A personagem, já por si pobre em personalidade, é explorada em circunstâncias forçadas, com recurso à ligação emocional das restantes personagens.

 

 

Digimon Adventure Tri Ketsui – Determinação

Como referi na análise a Digimon Adventure tri. Saikai, esta saga pretende demonstrar o crescimento das “crianças escolhidas” e a inserção do mundo digimon no seu dia-à-dia, em plena sociedade humana. Joe, o mais velho das outrora crianças digi-escolhidas, encontra-se neste momento a frequentar o 12º ano, que tal como acontece no nosso país, possui os exames finais para acesso à faculdade. Conciliar a exigência dos estudos japoneses é por si só complicada, agora imaginem com o peso do mundo às costas, o desejo de ser médico, e ainda com Gomamon na sua alçada. Pois é, a vida não está fácil para o nosso caro Joe.

 

 

A “determinação” parecia a chave para resolver todos os problemas, inclusive os narrativos. Mas infelizmente teremos que nos ficar pelo plot inicial, uma vez que a maioria do filme resume-se a pequenas nuances de construção dramática, com uma finalização pobre e cliché.

O drama que se adivinhava intenso entre os dois “protagonistas” deste filme, reduz-se a um mar de conceitos do cerne narrativo de Digimon Adventure, sem nunca atingirem a linha da resolução pessoal. O resultado do proclamado objetivo é assim pobre e incapaz de satisfazer até os espetadores menos exigentes.

 

 

A fórmula de um anime mainstream.

Imaginar que haveria o dia que veria o Leomon como protagonista de uma cena de divertimento fácil e cliché, onde o seu estatuto de um dos Digimons mais dignos e respeitados do mundo digital, é reduzido a corações.

E pior que isto é quando vemos poupanças não justificadas de animação, traduzidas em imagens estagnadas, segundos despendidos em frames de personagens e cenários completamente estáticos. Porquê?

 

 

Uma obra desta envergadura não possui justificação plausível para tamanho desleixo. A franquia Digimon Adventure possui milhões de fãs, é uma marca sem dúvida rentável e com lucros exorbitantes resultantes do primeiro filme, não há justificação plausível para que um dos quesitos mais importantes e exigentes, fique retido pelo limiar do mediano. Tratando-se de um filme, é espectável uma qualidade a cima da média em todos os aspetos técnicos, com uma primazia que ultrapassaria os episódios da série. Em vez disso, a obra parece ainda mais descuidada que o filme antecessor, sendo que todas as características negativas descritas em Saikai, foram potenciadas em Ketsui.

A animação em 3D continua a destacar-se pela positiva, com qualidade ligeiramente acima da média. A existência de um mundo paralelo entre o Mundo Real e o Mundo Digital é realçada pelo recurso desta técnica. As míticas digi-evoluções são novamente executadas neste formato, todas elas readaptadas à sequela e esculpidas em 3D de qualidade.

 

 

Digimon Adventure Tri Ketsui | Juízo Final

As expectativas em torno da sequela são exacerbadas. Enquanto fãs e seguidores afincos da franquia, é-nos intrínseco a sensação de desalento e traição face às progressivas mudanças encontradas nesta série de filmes. Primeiro o design, que se comprovou ser atraente e adequado, agora a narrativa slice of life adolescente e o recurso a comédia cliché, teremos mais surpresas?

Quem iniciou esta jornada nostalgica por entre a penumbra do que outrora fora um marco da animação japonesa, deverá continuar. Apesar de todas as falhas apresentadas, continua a ser um filme com qualidade, e sobretudo com pormenores que nos fazem esquecer alguns dos deslizes da construção narrativa. As expetativas devem ser mais comedidas que nunca, facto assente. A ligação emocional é o motor de toda a obra, pelo que com isto em mente devemos reunir as forças necessárias para sugar todo o sumo possível do que se esperava ser um pináculo de desenvolvimento narrativo.

 

 

Agora, para quem a ligação com Digimon Adventure é ténue, acredito que seja uma obra que continuará a agradar e conquistar. A ligação emocional impingida pela nova personagem não deverá causar transtorno e os efeitos de fanservice e romance juvenil serão um acrescento que irá apimentar a narrativa saudosista.

 

Mais informações – Ficha Técnica Digimon Adventure tri.

 

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