Foi a 3 de março de 1998 que Hunter x Hunter, manga da autoria de Yoshihiro Togashi, iniciou a sua serialização na revista Shonen Jump. Sensivelmente ano e meio depois, esta obra teve direito a uma primeira série televisiva, que conheceu o seu fim após a transmissão de 62 episódios. Ainda que curta e incapaz de contar toda história, terá este arranque televisivo de Gon e companhia conseguido causar uma boa impressão?
Hunter x Hunter | Sinopse
Ao completar 12 anos de vida, Gon Freecss sai de casa na tentativa de realizar os seus maiores sonhos: tornar-se um hunter licenciado (ver definição mais à frente) e encontrar o pai que o abandonou em pequeno, também para exercer esta profissão que implica muitos outros sacrifícios para além do desleixo pelo plano familiar.
O termo hunter pode assumir várias interpretações, uma vez que depende da maneira como se comportam aqueles que adquirem esta licença bem conceituada dentro do universo da obra. Um hunter pode ser um criminoso de renome, um cozinheiro especialista na área, um fenómeno das Artes Marciais, uma talentosa intérprete musical, enfim, uma panóplia de especializações. Por outras palavras, ser hunter é ser alguém extremamente dotado em qualquer tipo de profissão ou de arte num nível além do imaginável ou não seria o shounen o estilo principal de Hunter x Hunter.
Voltando ao protagonista, a aventura de Gon começa com o exame hunter. Só no caso de ser bem sucedido na prova é que o rapaz poderá aspirar à concretização dos seus sonhos. E porque nem tudo são dificuldades, grandes amizades serão forjadas para a vida durante este trial. Leorio, Kurapika e Killua são os maiores exemplos disso.

Hunter x Hunter | Uma aventura simples e original
Hunter x Hunter é um universo muito semelhante àquele em que vivemos, onde, como já referenciei, a única diferença consiste na extrapolação dos talentos e capacidades que o Ser Humano normal desenvolve. Simplesmente isso! Há uma maior capacidade de se ir mais além naquilo que somos capazes de fazer enquanto espécie, algo que não é de todo inatingível se pensarmos num termo que está sempre presente à nossa volta: evolução.
Posto isto, o típico shounen foca-se naturalmente num herói cujo objetivo de vida passa por ser o melhor de todos em algum aspeto, o maior, o mais famoso, o mais poderoso. Esta é uma linha de pensamento perpendicular à de Togashi, que desde cedo deixa claro que Gon não faz parte desse grupo. O jovem quer apenas crescer enquanto Hunter e encontrar o pai que nunca conheceu verdadeiramente. Simples, mas intenso.
Hunter x Hunter está repleto de personagens atrativas e consistentes
Sem mudar muito o rumo das minhas palavras, continuo então a falar de Gon. Esta personagem consegue facilmente cativar o público pela sua missão. Primeiro porque nos sentimos afeiçoados a ele. Afinal de contas, pai é pai e toda a gente tem o direito de ter o seu perto de si. O reencontro entre ambos não é só vontade do protagonista, mas também do espectador que se sente solidário para com ele. Em segundo, pelo próprio perfil do rapaz que é de uma inocência, de uma objetividade e de uma sinceridade ultra rara. Ao contrário de todo o tipo de pensamentos que muitas vezes cercam a nossa mente, com o Freecss mais novo o discurso é a imagem da mente. Não há motivo para segundas interpretações, é direto, é exemplar!
Caríssimos, não façamos do protagonista a assumpção de que todo o elenco é atrativo e consistente. É preciso comprová-lo com outras pérolas da obra de Yoshihiro Togashi, como é o caso de Killua, Leorio e Kurapika. Este é o trio mais chegado a Gon durante as aventuras vividas nesta primeira adaptação e aqueles que confirmam a veracidade dos meus argumentos.
De um modo geral, todos eles são francamente influenciados pela genuinidade de Gon, é simplesmente impossível não ficar contagiado pelo pequeno herói. No entanto, em momentos de mais esperteza, de mais racionalidade, eles fazem a diferença. No fundo é isto que comprova a qualidade do enredo principal. As personagens são diferentes, complementam-se e têm uma história de vida bastante sólida, personalizada com o desenrolar dos acontecimentos.
Numa breve descrição de cada um, apenas para despertar o vosso interesse, Killua é um adolescente oriundo de uma família de assassinos e que a única coisa que sabe fazer com distinção é isso mesmo, matar! Pelo menos ele pensa assim … Por seu lado, Kurapika procura crescer enquanto lutador para cumprir a missão que ele próprio estabeleceu para si: vingar o seu clã (Kurta) da tragédia que foi alvo há anos atrás. Já Leorio sonha ser um médico de alto nível na tentativa de se libertar de acontecimentos do passado que há muito o perseguem.
Yoshihiro Togashi: uma fonte de conhecimento convertida em genialidade
A par do enredo de alta qualidade, há um outro ponto que a meu ver consegue impressionar o espectador com grande facilidade: o conhecimento de Togashi sobre o mudo, com especial destaque para a área da tecnologia moderna. Os diálogos que as personagens estabelecem sobre estes assuntos quando têm nas mãos equipamentos modernos são absolutamente fabulosos. Esta série tem mais de 10 anos. Ao vê-la recentemente ainda fiquei na dúvida se não seria dos tempos atuais. Com grande facilidade adquirimos conhecimentos. As conversas são muito bem esmiuçadas, o que facilita a nossa compreensão. Não há detalhe que escape. Até dá inveja perceber que este homem sabe tanto sobre tanta coisa. Incrível!
Porém, eis a questão: de que serve tanto conhecimento se a ele não for dado utilidade? O grande valor de Yoshihiro enquanto mangaká está aqui, uma vez que é capaz de fazer render os seus talentos. A forma como partilha os seus conhecimentos através da história é digna de destaque e combina na perfeição com a criatividade implícita às mais diversas aventuras de Gon e companhia. As várias provas do Exame Hunter exibem toda a sua categoria nesta vertente.
Hunter x Hunter | Qualidade gráfica de outros tempos
A série remonta ao ano de 1999 tendo terminado em 2001. Sinceramente, ainda que já tenha mais de uma década, a qualidade gráfica do anime deixa a desejar quando penso em obras anteriores ou da mesma época, como por exemplo Dragon Ball Z ou os primeiros episódios do próprio One Piece. O detalhe do desenho fica-se pelo satisfatório, o que não corresponde às exigências da obra adaptada. Todavia, o mais grave de tudo a meu ver são as cores baças e a falta de brilho nas cenas, fica a ideia de estar ofuscada por qualquer coisa.
Na parte da animação e dos efeitos visuais já não é bem assim. Os movimentos das personagens em momentos mais calmos ou até durante os combates processam-se com uma fluidez bastante aceitável para a época, assim como as pequenas animações que dão vida aos cenários. Podia ser melhor? Podia, mas também não desilude.
Hunter x Hunter | Uma banda sonora bem sintonizada
Em contrapartida, a banda sonora escolhida ajusta-se perfeitamente ao estilo e ao tema de Hunter x Hunter. A interligação entre as cenas e as melodias é quase perfeita. Esta dinâmica criada consegue, em certas alturas, abstrair o espectador dos aspetos gráficos aquém do esperado. Muitas são as melodias que facilmente ficam no ouvido e que podem deixar saudade. Um lote bem considerável ao qual se junta a música do primeiro opening que também é de valor. Em suma, este é um ponto de análise que cumpre claramente com as expetativas.
Hunter x Hunter | Juízo Final
Esta primeira adaptação de Hunter x Hunter é uma produção que cumpre bem com o esperado, mas sobre a qual se pode afirmar (no tempo presente): ainda bem que terminou ao episódio 62.
Parece contraditório, mas não é! O anime tem muita qualidade em todas as suas vertentes como aqui o disse, desiludindo apenas na parte gráfica e por ter um ritmo algo lento nos episódios que fazem a transição das sagas.
No entanto, existe, e também já foi concluída, uma nova série (Hunter x Hunter 2011) que corrigiu claramente a parte gráfica e fez uso da mais moderna. Infelizmente já terminou e, portanto, não contou a história toda, uma vez que a manga continua a decorrer. Um assunto para outras alturas.
Caríssimos, esta produção televisiva é mais do que digna da vossa atenção, pois com ela vão desfrutar de bons momentos. Porém, visto que a última a ser produzida melhora o ambiente gráfico e tem uma outra longevidade histórica, ver esta primeira série de Hunter x Hunter só mesmo por desporto e para aqueles que ficarem verdadeiros fãs da obra. Fica ao vosso critério.
Opening Hunter x Hunter 1999
Análises
Hunter x Hunter
Um anime cheio de qualidade em todas as vertentes, exceção feita à parte gráfica, que prejudica bastante a genialidade presente nesta obra de Yoshihiro Togashi. Felizmente, este aspeto viria a ser corrigido num passado recente (2011) com uma nova adaptação de Hunter x Hunter para anime.
Os Pros
- A história.
- As personagens.
- A banda sonora.
Os Contras
- A produção visual.