Sabem aqueles títulos que vocês não dão nada de nada? É que só pelo título, I’m Giving the Disgraced Noble Lady I Rescued a Crash Course in Naughtiness (Konyaku Haki sareta Reijou wo Hirotta Ore ga, Ikenai Koto wo Oshiekomu), a minha vontade de assitir ficou condensada à mera curiosidade de saber do que se tratava.
Vi o primeiro episódio e… ok, percebi do que se tratava esta “Naughtiness“. Se me cativou? Mais ou menos, se continuei a ver?
Sim…
E episódio após episódio vi camadas que não estava à espera. Toda esta Naughtiness levou à criação de ligação com a personagem, conseguiu torná-la mais “real” e no meio de tanta comédia e parvoíce conseguiu, também, tornar os meus dias mais perversamente doces.
Ikenaikyo – A Reabilitação da Cinderela traumatizada
Confusos? Suspeitei. Também eu estava antes de começar a assistir. Vamos começar pelo “início” e explicar-vos o conceito – e uma espécie de sinopse – de Konyaku Haki sareta Reijou wo Hirotta Ore ga, Ikenai Koto wo Oshiekomu ou Ikenaikyo.
Charlotte Evans é uma nobre criminosa, acusada pelo próprio princípe de crimes hediondos que… esta nunca cometeu!
Procurada por todo um reino, Charlotte é encontrada desmaiada numa floresta dominada pelo Rei Demónio, Allen Crawford.
Allen Crawford é um feiticeiro muito poderoso que vive numa mansão afastado de tudo e de todos, a viver uma vida recatada. Contudo, após conhecer Charlotte e perceber tudo o que lhe tinham feito decide ajudá-la.
Como? Corrompendo a alma pura de Charlotte…
Este é o plot inicial (simples e genérico, não vai muito além disso, para já). Esta “naughtiness” não se trata de nada pervertido. Se, tal como eu, pensaram que esta série era mais um harem com muito ecchi à mistura desenganem-se, não poderiam estar mais enganados… O “corromper” da nossa protagonista é, nada mais nada menos que, a obrigar a comer doces, gastar dinheiro em coisas para ela, ficar acordada até tarde, comer apenas do que gosta ou, imaginem vocês, ir a sítios que sempre quis ir!
Parece estranho? Isso é um castigo para Charlotte?
Passo-vos agora a explicar a segunda camada deste anime, e a principal razão por eu ter continuado a assistir.
O derradeiro resgate da Cinderela traumatizada
Charlotte viveu uma espécie de “história da Cinderela”: abusada e maltratada pela madrasta, com a complacência do pai, viveu como empregada doméstica dentro da sua própria mansão, sofrendo bullying até das restantes empregadas. Mais, a adicionar a todo o trabalho ainda tinha aulas de etiqueta e todo o tipo de estudos que eram obrigatórios para uma “futura rainha/princesa”, dado que esta estava prometida ao princípe desde que nasceu.
Com marcas de violência espalhadas pelo corpo, foi fácil para Allen perceber tudo o que se tinha passado e o quão doce/ingénua era Charlotte. Sem nunca acusar a família, Charlotte escondia tudo o que lhe fizeram e ainda procurava desculpabilizar o princípe. A dada altura parecia acreditar que tudo o que viveu era “natural” ou que não era “assim tão mau”.
A submissão e falta de amor próprio eram evidentes até por pequenos gestos. E foi esta parte que mais me atraiu nesta obra: a forma crua como descrevem uma vítima de maus tratos.
Charlotte começou o anime com uma personalidade e maneirismos que, se não fossem os comentários do Allen até nos poderiam irritar, mas o autor faz questão de justificar e explicar que as ações desta são causa-efeito.
Allen, qual princípe encantado, está pronto a salvá-la e não se trata apenas de dar guarida. O obejtivo dele é forçá-la a fazer coisas que gosta, a se impor, a libertar a sua raiva, a se conhecer enquanto pessoa e, mais para o final, inclusive ajudá-la a dar um sentido à sua vida naquele mundo.
É uma verdadeira reabilitação da Cinderela traumatizada!
Recomendo o anime Ikenaikyo?
É um anime destinado a um público específico, não vai agradar a todos os que gostam de romance, e muito menos a todos os amantes de uma boa comédia. Assemelho esta obra às romcom dos anos 2000, qualidades e defeitos incluídas.
As personagens que vão adicionando ao elenco – além de parvas – são na sua maioria esteriotipadas e as interações cómicas repetem-se. Podemos nos rir da primeira piada, mas chega a um ponto que já não tem tanta piada assim. Em suma, a comédia não é das minhas preferidas atualmente mas acredito que poderá agradar a muita gente. É fácil, expectável e admito que tem os twists fora da caixa.
Não há nada de profundo nesta série, salvo a própria situação da Charlotte. No fundo a história da protagonista e como tudo se vai resolver é o que move a narrativa e a curiosidade de quem assiste.
Não faz parte do meu top de romances deste ano mas, com certeza, faz parte do meu top de surpresas deste ano. Não dava mesmo nada por este anime e, neste momento, aguardo uma segunda temporada. A leveza e paz que os personagens tentam criar para o dia a dia da protagonista é transmitida a quem o assiste. Não raras vezes acabava por sorrir e ficar serena só porque o que estavam a fazer a Charlotte era revistido por tanto amor que também eu ficava curada.
Espero ter-vos ajudado em relação a este anime e, se o tiveres assistido deixa nos comentários! Se não, comenta também =P