Os visual novels estão cada vez mais na moda e com isso aumentam as adaptações dos românticos jogos para o pequeno ecrã.
Kamigami no Asobi: Ludere deorum é mais um exemplo de uma excelente adaptação. Baseado no jogo da PlayStation Portable com o mesmo nome, foi uma das séries mais desejadas e esperadas da temporada de primavera.
Do mesmo estúdio de Baccano! e Durarara!!, o prognóstico não poderia ser mais positivo. Conhecida pela sua excelência na produção de séries de sucesso, o estúdio Brain’s Base comprometeu-se a explorar o mundo do romance e harem masculino.
A História
Yui Kusanagi é uma jovem calma que vive uma vida simples e pacata com a sua família, num templo.
Responsável pela manutenção do templo da sua cidade, um dia encontra nele uma misteriosa espada que a transporta para um novo mundo: uma pequena ilha flutuante com um enorme edifício no centro. Mais tarde descobre que é tudo criação do Deus grego Zeus para formar os restantes Deuses do mundo sobre os humanos, afim de evitar novas guerrilhas e tragédias futuras.
Yui é eleita para ser simultaneamente aluna e professora de uma escola que pouco tem de comum. Como única humana em toda a ilha cabe-lhe o papel de explicar a natureza humana e conquistar a confiança dos complicados e reticentes Deuses.
Enredo
As diferentes mitologias entrecruzam-se sem nenhuma lógica ou fundamento aparente. Temos desde Deuses gregos como Apolo, Dionysus e Hades, a deuses nórdicos como Loki, Balder e Thor e, claro, os representantes nipónicos Tsukito e Takeru. Dos oito estudantes do colégio dos deuses somente seis entram no círculo de pretendentes diretos a Yui.
Os seus protagonistas em nada fogem ao estereótipo preconcebido dos jogos do género harem. Temos o simpático e prestável Apolo, que em tudo se assemelha a um verdadeiro príncipe de conto de fadas, o depressivo e anti-social Hades, como não poderia deixar de ser, temos o galã e “bad boy” Loki, em contraste com as restante produções do género contamos com uma estranha e peculiar personagem, Balder, que apesar de se assemelhar ao estilo príncipe demonstra ter uma espécie de dupla personalidade com consequências catastróficas.
O destaque dos Deuses japoneses é divido entre os Deuses do mar e da Lua, de uma lado temos o desportista, competitivo e extremamente difícil Tsukito e por outro o passivo, neutro e inadaptado Takeru. Apesar de não fugirem ao género típico da sequela, não deixam de ser das personagens mais significativas. O desenvolvimento e relação com a protagonista é um alo conquistado e progressivo, sem grandes dramas nem passados obscuros são elementos estabilizadores do final da temporada.
A sequela começa com a premonição ou quiçá spoiler de uma batalha épica entre os vários deuses e Yui como apaziguadora dentro de toda a tragédia envolvente. O contraste conseguido entre o cenário obscuro da guerra e a paz e serenidade da aldeia e posterior escola de Zeus é, sem dúvida, um marco nesta produção. Almejando assim uma sensação de falsa-paz com um pronúncio de um final catastrófico.
Após um primeiro episódio introdutório e misterioso, a série decorre como tantas outras do género. A protagonista envolve-se em situações de base escolar e/ou sentimental a fim de se relacionar e estreitar laços entre os vários Deuses.
A premissa não é nova. Bastante explorada no universo nipónico, a dúvida do que é ser-se humano é, com certeza, um tema que suscita pouco interesse. A fraca premissa aliada a uma narrativa pobre remonta-nos a cenários e situações bastante comuns e sem nada a acrescentar ao nosso leque de adaptações de visual novels.
A linha narrativa sofre uma mudança drástica na reta final da obra. Em apenas três episódio vemos a profundidade dramática crescer exponencialmente: de vida quotidiana passamos para assassinatos, promessas ambíguas e a destruição do mundo. Apesar de extremamente envolvente e intrigante, o contraste entre as duas linhas narrativas é demasiado extenso.
Ambiente
Dedicado e especialmente produzido para jovens raparigas, os parâmetros técnicos e visuais são de obrigatória excelência. Amantes do belo, do fanservice masculino, dos corpos belos e torneados, toda a produção é minuciosamente detalhada para ser agradável ao olhar simples e ao mesmo tempo perspicaz do público alvo.
Com cores garridas, cenários deslumbrantes que nos reencaminham para os templos gregos e épocas renascentistas. Os traços simples das personagens contrastam com o perfeccionismo do ambiente em redor, acabamos embrenhados em cenários deslumbrantes, desde céus estrelados, espetáculos de pirotecnia e jardins belíssimos.
Relativamente ao character design das personagens não foge ao típico traço shoujo, com belos homens, altos, musculados, de traços harmoniosos e extremamente belos. As indumentárias caraterísticas e os pormenores diferenciais entre os protagonistas é, com certeza, um factor de destaque na obra: vemos não só as típicas mudanças de cor do cabelo, olhos, mas também traços mais furtivos e visuais, permitindo-nos uma fácil distinção entre as várias personagens.
Em suma, uma produção pensada para agradar visualmente que perde pela falta de pormenor nos figurantes e o desleixo narrativo.
Juízo Final
Uma narrativa elementar, sem elementos significativos ou personagens inovadores, a premissa desenvolve-se de forma linear. O cliché simples não deixa, contudo de ser agradável. Com caraterísticas técnicas e visuais extremamente belas podemos considerar uma bela obra de design e desenho, sem grandes desenvolvimentos, histórias surpreendentes ou resoluções importantes.
Baseada num jogo Otome, o anime apresenta uma premissa aparentemente forte. Contudo, é importante não nos deixarmos enganar por tal. Justificar a essência humana é algo recorrente no universo nipónico, exemplo disso são as numerosas obras primas de animação sobre esta temática, contudo, comparativamente a tais obras, esta não passa de uma piada.
Kamigami no Asobi é uma produção completamente vocacionada para o público alvo. Não recomendo a sua visualização aos apreciadores de uma boa série, com um desenvolvimento vasto, surpreendente e envolvente. Se o objetivo for assistir a algo leve, agradável, com cenários bonitos e interações românticas entre uma rapariga e vários rapazes, esta obra é a ideal.
Análises
Kamigami no Asobi: Ludere deorum
Baseado no jogo da PlayStation Portable com o mesmo nome, trata-se da adaptação de um jogo otome muito dedicado ao seu público alvo...
Os Pros
- Focado no seu público alvo
Os Contras
- Não aconselhável a quem não for fã do género
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