Estes episódios foram uma montanha russa de breakdowns, dramas e desporto. Conhecemos melhor a aluna modelo Tokiko, as inseguranças de Egashira, e vimos a ponta do ice berg das angústias do Shima e da Mitsumi.
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Skip to Loafer Episódios 4 e 5 – Opinião
Episódio 4
Comédias e Dramas
Narumi, o teather kid, tem que ser hiperativo ou então é só muito chato. Porém, temos que dar graças à sua hiper obsessão, porque assim podémos ver o Shima em criança, e a Mitsumi quase desfaleceu quando viu o quão fofo ele era (e eu também). Metade do episódio é a Mitsumi a ter um dia de cão graças à pressão que Narumi lhe colocou nos ombros. Ela sabe que o Shima tem trauma de criança ator, e sente-se encurralada entre ter que perguntar e saber que o assunto incomoda o bestie.
No final, o assunto vem aleatoriamente à baila e Mitsumi acaba a ter uma conversa muito importante com Shima, sobre expetativas e objetivos. Shima parece ser uma pessoa emocionalmente bloqueada pelo medo das expetativas dos outros. Ser um people pleaser vem com custos, e Shima parece agonizar com as consequências de fazer o que a mãe dele queria e não aquilo que ele queria. Na minha opinião, Shima sente que se “não der o que os outros querem dele as pessoas não têm razão para gostar dele”. Porém, Mitsumi parece estar a candidatar-se a ser a primeira pessoa que não exige nada de Shima para além da sua honestidade.
Por outro lado, Shima parece ter “inveja” da Mitsumi e da sua coragem para enfrentar estas expetativas, colocando a sua vontade e objetivos em primeiro lugar, independentemente do que os outros possam pensar. E é por isso que ele se apresa a validar as suas motivações, tal como ela valida as suas incertezas, tratando-as como algo “normal”.
Para mim, este diálogo é lindíssimo: Shima e Mitsumi mostram as suas vulnerabilidades, quando eles são ambos pessoas que gostam de manter uma certa “reputação” de perfeição: Mitsumi com as suas notas e conduta estudantil impecável, e Shima com a sua aparência e amabilidade para com todos. De certa maneira, cada um deles tem ansiedades diferentes, e falar delas não só alivia o fardo como abre caminho para uma relação honesta, aberta e significativa que às vezes é difícil de encontrar em anime.
Pesadelos da Carris
Se a primeira metade do episódio é muito emocional, é segunda é repleta de momento engraçados porque as situações de ansiedade são demasiado reais para mim. Ao acompanhar a vida da vice presidente da associação de estudantes, Tokiko, Mitsumi acha que não é empenhada o suficiente. E quando duas pessoas demasiado ansiosas se juntam tem tudo para correr mal.
Algo que achei curioso foi o facto de Tokiko conseguir bater a Mitsumi em termos de overthinking. Utilizando uma expressão moderna, a Tokiko é 0% chill e os pesadelos dela consistem em perder autocarros e chegar atrasada aos compromissos irrealistas dela. Sendo também ansiosa, a Mitsumi cai na errada perceção de que tem que ser mais empenhada como a Tokiko.
Porém, tendo em conta que a Mitsumi ainda é um poucos descontraída e tem réstias de sanidade mental, é Tokiko quem se apercebe que tem que ser mais como ela, ou senão vai ter uma coisinha má. Apesar de ser “descontraída” como a Mitsumi não é ser muito descontraída, tudo é melhor do que a vida tenebrosa que Tokiko vivia até ao momento.
Episódio 5
Miséria dos sedentários
Neste episódio mais leve, a Mitsumi dá-nos a chocante informação que ela é uma naba para desporto. Ela quase ia morrendo no primeiro episódio com uma leve corrida, e eu nunca me senti tão bem representada. Tal como ela, também eu fui submetida ao intenso sofrimento de ter que jogar volleyball. Contudo, neste episódio, o training arc de Mitsumi entrelaça-se com o redemption arc de Egashira de forma interessante.
Quanto que Egashira treina Mitsumi só para poder cair nas boas graças de Shima, Mitsumi revela que ela a escolheu como treinadora exatamente por Egashira ser mean o suficiente para ralhar com ela se Mitsumi fizer porcaria. Apesar desta razão da Mitsumi ser pouco realista porque eu honestamente ia ficar mais desmotivada se me estivessem a dar sempre na cabeça, resulta neste contexto. Egashira tem um complexo de inferioridade, porque é claro que todos os bullies têm.
Ela sente que a Mitsumi tem o privilégio de cair nas boas graças dos outros sem ter que se esforçar, sem ter que mudar aspetos da personalidade ou da aparência. Todos os atributos que Egashira finge ter, são as qualidade que Mitsumi genuinamente tem, especialmente uma simpatia e uma consideração não interesseira pelos outros, especialmente pelo Shima. Apesar de eu continuar a não gostar da personalidade da Egashira, não dá para negar que ela é uma personagem complexa com a qual nos podemos identificar bastante bem. Quem nunca tentou se mudar para agradar aos outros? Quem nunca comprometeu aquilo que é para ter uma melhor imagem social?
Sozinho acompanhado
A segunda metade do episódio é o wholesome milésimo festival desportivo que eu já vi em 300 animes diferentes. No entanto, este festival tem o foco voltado para a forma como a fama de Shima interfere na relação dele com Mitsumi. Confrontada em direto em 4K, com a popularidade esmagadora de Shima, Mitsumi vê-se apreensiva para se meter no chaos para falar com ele. Também não ajuda os macaquinhos que as outras raparigas lhe metem na cabeça, como se fosse um crime fatal a Mitsumi dar comida ao Shim simplesmente porque quer.
Aqui, vê-se o quanto a hiper romantização deste gesto afeta a Mitsumi. Ela repreende-se a si mesma por achar que pode simplesmente interagir com ele dessa maneira, mas a verdade é que este desejo da Mitsumi é exatamente o que o Shima gosta mais nela. No final, Mitsumi é fiel a si mesma, e apoia abertamente Shima, não querendo saber o que os outros acham, tratando-o não como uma figura idolatrada, mas como um amigo que ela pode alcançar, pois eles estão num patamar de igualdade. Este é um momento muito importante: é o momento em que Mitsumi reafirma a sua convicção de não se distanciar de Shima, apesar dos obstáculos.
Gostei particularmente deste momento, pois ilustra a solidão de Shima, mesmo estando constantemente rodeado de pessoas. Para mim, este é o tipo de solidão mais devastador. Estás fisicamente perto de pessoas, mas como ninguém de compreende, estás ultimamente só. Para Shima, no meio da multidão de raparigas, a única pessoa com quem ele não se sente só é com Mitsumi, porque ela é a única que o quer conhecer verdadeiramente, e eu acho isso lindíssimo e comovente.
E vocês? O que acharam de Skip to Loafer Episódios 4 e 5? Comentem abaixo a vossa opinião!