Após um ano do lançamento de Magi: The Labyrinth of Magic, surge, para felicidade de muitos e para surpresa de outros, a sequela direta intitulada por Magi: The Kingdom of Magic. Num lado encontravam-se os cépticos pessimistas, que afirmaram que a primeira temporada, não tinha força suficiente para que surgisse um financiamento para uma continuação. Num lado oposto, encontram-se os realistas optimistas, que para felicidade dos mesmos, tiveram a oportunidade de ver a sequela de Magi a ser produzida.
Com isto surgem algumas questões: qual o lado que tem razão? Deveria esta obra ficar pela primeira temporada? A continuação foi algo necessário e bem realizado?
Enredo
O desenvolvimento lento de “The Kingdom of Magic”, tem justificação!
A temporada tem génese em algo inesperado: a separação das personagens principais. É bastante incomum num Shounen sobre uma jornada, as personagens separarem-se, e quando isto acontece é necessário uma escrita mais minuciosa para que a fórmula do anime continue com a mesma força. A conjuntura narrativa está habituada a subsistir sobre um determinado carisma, e ao separar as personagens pode levar a uma queda de qualidade substancial. O fato das três personagens principais chegarem a consenso, de que necessitam de se separar para se tornarem mais fortes, numa primeira instância deixa-nos um pouco de pé atrás, mas provaram-nos rapidamente que não era necessário ficarmos tão reticentes, e que pode na verdade tornar-se algo realmente interessante.
Isto deu espaço para alargarem os horizontes da narrativa na medida certa. Possibilitou um desenvolvimento mais focado em cada personagem, o que não seria tão fácil de acontecer quando juntos, ou pelo menos a nossa visão sobre tal seria mais dispersa. Permite que o universo de Magi se mostre a si mesmo, e aproveite ao máximo a introdução que a primeira temporada nos deixou. Isolar os protagonistas criou a possibilidade de exploração, de um modo mais aprofundado, todos os reinos em que estas habitam.
Esta sequela constrói-se a dar a entender as diferentes ramificações existentes naquele mundo, concentra-se nas personagens que foram apenas introduzidas de forma leve, e que agora merecem e necessitam de atenção para que os eventos que se seguem possuam mais substância. E apesar de tudo isto, não se esquece do núcleo narrativo, no que diz respeito às temáticas controversas, que são por norma tratadas com uma máscara metafórica. Vagueiam por temas como racismo e etnia que se encontram enraizados na nossa origem como sociedade dita funcional, nos mais variados formatos (Fanalis, Magnostadt), os confrontos entre nações (Sinbad e Kouen) bem como aqueles que são apanhados por entre estes conflitos (Aladdin , Morgiana e Alibaba).
No departamento das personagens, o desenvolvimento mantém-se inconstante e ao mesmo tempo fiel. Ou seja, as personagens continuam verdadeiras a elas mesmas. E ainda assim, estão constantemente a evoluir e a serem moldadas através do encadeamento de acontecimentos, pelos quais ultrapassam. Este é um dos pontos mais fortes de Magi como um todo. A atenção que dão às personagens, o cuidado e o tempo que levam para as esculpir da melhor maneira, é algo de admirar não só por ser uma obra contemporânea, mas também por ser um Shounen atual, onde é mais que recorrente esquecerem-se de dar a atenção necessária às personagens.
Felizmente possui todas estas maravilhas narrativas, que nos fazem querer absorver cada minuto que nos é fornecido. Porém, existem alguns problemas que não deverão passar despercebidos e alguns são mesmo difíceis de serem ignorados. Alguns eventos são forçados, existem momentos mortos na história que não são realmente necessários, assim como determinados arcs que podem ser descartados. O problema das lutas anti-climáticas continua, embora este tenha sido solucionado na sua maioria. O que mais nos incomoda, e poderá incomodar o futuro público, é a forma como grande parte dos combates do Alladin são solucionados, que caiem numa repetição ligeiramente exaustiva.
Ambiente
O visual, apesar de ter sido um pormenor inconstante em determinados departamentos, sempre foi um dos pontos mais fortes e originais na obra de Magi. A1 Pictures retorna para dar o seu toque mágico ao universo ambiental fantástico de Magi. Foram corrigidas certas irregularidades, os movimentos das personagens estão mais refinados, tornando a série mais apresentável e coesa de início ao fim. Não obstante, mesmo quando alguns episódios levam uma queda na qualidade técnica, rapidamente é retomada quando necessária no seu máximo potencial.
A arte dos chibis cómicos continua a iluminar e subir a atmosfera humorística, aliviando com calma a densidade de alguns momentos mais pesados. A banda sonora mantém o adequado estilo que nos mostrou na prequela, reinventando-se em algumas faixas e mantendo as mais icónicas.
De resto, tudo que foi afirmado na análise do ambiente da primeira temporada, mantém-se nesta, conseguindo muitas vezes aprimorar e superar a sua antecedente.
Juízo Final
Uma coisa é certa, quem se decidiu ficar pela prequela, nunca vai obter uma resposta concreta à esta questão. No entanto, para quem viu, tenha estado de um lado ou do outro do público com certeza que partilha da mesma opinião sobre este fato: Magi necessitava de uma sequela, assim como a sua antecedente necessitava obrigatoriamente de um passo de desenvolvimento mais lento.
“The Labyrinth of Magic” introduziu tudo num ponto tão certo que, “The Kingdom of Magic” teve espaço suficiente para evoluir, progredir e aprofundar todos os aspetos que constroem o enredo. O universo de Magi expande-se a cada momento, de forma calculada. O que por sua vez cria um apetitoso equilíbrio entre a exposição narrativa e a ação. O crescimento e maturação das personagens principais ao longo do tempo, seja a nível psicológico ou a nível físico, continua um dos pontos mais fortes de Magi.
Por fim, enquanto a primeira temporada concentra-se na introdução da aventura, das personagens, de alguns conceitos, politica e outras temáticas, a segunda temporada foca-se mais descobrir e desenvolver as personagens, os seus conflitos internos, bem como todos os reinos e os conflitos entre nações.
Em termos de cotação, a primeira temporada ficou situada algures no meio, esta merece indubitavelmente uns pontos a cima, e se a evolução continuar com este crescendo exponencial, então com certeza que teremos uma terceira temporada com cotação máxima!
Análises
Magi: The Kingdom of Magic
O universo de Magi expande-se a cada momento, de forma calculada.
Os Pros
- Construção do mundo
- Crescimento e maturação das personagens principais ao longo do tempo
- Animação e batalhas
Os Contras
- Nada de relevante a apontar